Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunida
em sua 53ª. Assembleia Geral, em Aparecida, acaba de aprovar as Diretrizes
Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja em nosso País para os próximos 4 anos.
A própria Assembleia Geral quis que não fossem Diretrizes inteiramente novas,
mas, uma atualização daquelas que já estavam valendo para os anos 2011 a 2015.
O processo de elaboração das Diretrizes está previsto no
Regimento da CNBB: após a avaliação do quadriênio que se encerra, uma Comissão
encarregada apresenta um projeto de novas Diretrizes; segue a reflexão em
plenário, o trabalho de grupos para apontar eventuais alterações ou
complementações; as sugestões são apresentadas e a Comissão procura integrá-las
no Projeto das novas Diretrizes que, finalmente, é submetido à votação,
parágrafo por parágrafo, dos participantes da Assembleia Geral.
As Diretrizes agora aprovadas mantém suas referências no
grande horizonte das Conclusões da Conferência de Aparecida. Ainda há muito
estímulo e orientação daquela grande Conferência Geral do Episcopado da América
Latina e do Caribe a serem assumidas e levadas à prática, para dinamizar a
evangelização no Brasil. A meu ver, trata-se sobretudo da sólida fundamentação
cristológica da vida e da ação eclesial e da conversão missionária de toda a
Igreja.
Sem estarmos continuamente voltados para Cristo para,
novamente, partir dele para a ação própria da Igreja no mundo, corremos o risco
de desvirtuar o trabalho da Igreja, de perder a força sobrenatural que anima a
vida da Igreja e de contar apenas com projetos humanos, como em qualquer outra
iniciativa humana. A Igreja tem sua razão de ser em Jesus Cristo, em sua missão
e em sua força salvadora.
Por outro lado, a Igreja existe para a missão, para
evangelizar. Por isso mesmo, ela não pode se preocupar apenas pela sua
“sobrevivência” ou preservação: ela precisa colocar-se em estado permanente de
missão e ser “uma Igreja em saía”, como ouvimos do Papa Francisco. Há ainda
muito para se fazer para introduzir esta nova mentalidade em todas as
organizações e iniciativas da vida eclesial: na Igreja, tudo tem um objetivo
missionário, mesmo quando se trata de defender e alimentar a fé daqueles que já
crêem e participam da vida eclesial. A Igreja não pode fechar-se em si mesma,
mas precisa ter sempre diante de si o horizonte missionário.
As novas Diretrizes integraram os mais recentes apelos e
orientações do Papa Francisco à Igreja. Nas Diretrizes anteriores, ainda não
tínhamos o Papa Francisco, nem suas palavras iluminadas e suas orientações
apaixonadas para que a Igreja se volte para as questões mais urgentes da
missão. As novas Diretrizes estão profundamente impregnadas pelas orientações
da Exortação ApostólicaEvangelii Gaudium; mesmo a Bula Apostólica do Ano Santo
extraordinário da Misericórdia –Misericordiae Vultus, de 11 de abril passado,
já é levada em conta nas novas Diretrizes.
As “urgências da ação evangelizadora” são mantidas e ganham
novas motivações: a) a Igreja precisa estar em estado permanente de missão; b)
ser casa de iniciação à vida cristã; c) lugar de animação bíblica da vida e da
pastoral; d) tornar-se mais e mais uma comunidade de comunidades; e) estar a
serviço da vida plena para todos. De fato, essas “urgências” apontam para
dimensões, com freqüência, fragilizadas na vida e na ação da Igreja, as quais
precisam de urgente revitalização. Pode haver outras ainda: compete a cada
diocese verificar quais outras questões precisam de maior atenção
evangelizadora.
As Diretrizes da ação evangelizadora no Brasil, aprovadas
pela Assembleia Geral da CNBB, oferecem linhas-mestras, que as dioceses e as
organizações pastorais poderão seguir no seu próprio planejamento pastoral.
Requerem, portanto, a reflexão e a assimilação para cada realidade eclesial
específica do nosso País. Com a intercessão de Nossa Senhora Aparecida e as
bênçãos de Deus, elas haverão de produzir muitos frutos.