Parte I
A escuta: o contexto e os desafios sobre a família
Contexto sóciocultural
Individualismo e crise de fé
“É preciso considerar o crescente perigo representado por um individualismo exasperado que desvirtua as relações familiares e termina por considerar cada componente da família como uma ilha, fazendo prevalecer, em certos casos, a ideia de um sujeito que se constrói segundo os próprios desejos assumidos como um absoluto. A esse fator, junta-se a crise de fé que afetou tantos católicos e que, frequentemente, está na raiz da crise dos matrimônios e da família” (N.5)
Solidão, falta de emprego e impostos altos
“Uma das maiores pobrezas da cultura atual é solidão, fruto da ausência de Deus na vida das pessoas e das fragilidades das relações” (N.6)
“Existe uma sensação geral de impotência em relação à realidade socioeconômica que, muitas vezes, termina por esmagar as famílias. Assim é com a crescente pobreza e precariedade trabalhista, vividos como um pesadelo, ou por razão de impostos muito pesados que certamente não encorajam os jovens ao Matrimônio” (N.6)
“Existe uma sensação geral de impotência em relação à realidade socioeconômica que, muitas vezes, termina por esmagar as famílias. Assim é com a crescente pobreza e precariedade trabalhista, vividos como um pesadelo, ou por razão de impostos muito pesados que certamente não encorajam os jovens ao Matrimônio” (N.6)
“Frequentemente, as famílias se sentem abandonadas pelo desinteresse ou pouca atenção por parte das instituições. As consequências negativas do ponto de vista da organização social são evidentes: da crise demográfica às dificuldades educativas, do desânimo em acolher a vida nascente à sentir a presença de idosos como um fardo, até a propagação de uma deságio afetivo que termina em violência”. (N.6) “É responsabilidade do Estado criar as condições legislativas e de trabalho para garantir o futuro dos jovens e ajudá-los a realizar o seu projeto de fundar uma família”. (N. 6)
Poligamia, matrimônios combinados, matrimônios mistos e de disparidade de culto
“Existem contextos culturais e religiosos que impõem desafios particulares. Em algumas sociedades, existem ainda a prática da poligamia e em alguns contextos, tradicionais o costume do ‘matrimônio por etapas’. Em outros contextos permanece a prática dos matrimônios combinados. Nos países em que a presença da Igreja Católica é minoritária, são numerosos os matrimônios mistos e de disparidade de culto com todas as dificuldades que comportam no que diz respeito à ordem jurídica, ao Batismo, à educação dos filhos e ao respeito recíproco do ponto de vista da diversidade da fé. Nesses matrimônios, pode existir o perigo do relativismo ou da indiferença, mas pode haver também a possibilidade de favorecer o espírito ecumênico e o diálogo inter-religioso”. (N.7)
Crianças em novos contextos familiares
“Muitas são as crianças que nascem fora do Matrimônio (...) e muitas são aquelas que crescem com apenas um dos pais ou em um contexto familiar alargado ou reconstituído. O número de divórcios é crescente e não é raro o caso de escolhas determinadas unicamente por fatores de ordem econômica. As crianças, muitas vezes, são objetos de disputa entre os pais e os filhos são as verdadeiras vítimas das dilacerações familiares”. (N.8)
A dignidade da mulher
“A dignidade da mulher tem ainda necessidade de ser defendida e promovida. Hoje, de fato, em muitos contextos, o ser mulher é objeto de discriminação e o dom da maternidade é mais penalizado do que apresentado como um valor. Não se pode esquecer os crescentes fenômenos de violência das quais as mulheres são vítimas, infelizmente mesmo ao interno da família e a grave e difundida mutilação genital da mulher em algumas culturas”. (N.8)
Exploração sexual infantil
“A exploração sexual da infância constitui, pois, uma das realidades mais escandalosas e perversas da sociedade atual”. (N.8)
“A exploração sexual da infância constitui, pois, uma das realidades mais escandalosas e perversas da sociedade atual”. (N.8)
Violência: guerras, terrorismo e crime organizado
“Também nas sociedades afligidas pela violência, a causa da guerra, do terrorismo ou da presença do crime organizado vem de situações familiares deterioradas, sobretudo nas grandes metrópoles e em suas periferias crescem o fenômeno das crianças de rua”(N.8)
A Relevância da vida afetiva
Maturidade emocional e desenvolvimento afetivo
“O perigo individualista e o risco de viver em chave egoísta são relevantes. O desafio da Igreja é de ajudar os casais na maturação da dimensão emocional e no desenvolvimento afetivo através da promoção do diálogo, das virtudes e da confiança no amor misericordioso de Deus. O compromisso pleno exigido no Matrimônio cristão pode ser um forte antídoto à tentação de um individualismo egoísta” (N.9)
Afetividade narcisista, instável e volúvel
“No mundo atual, não faltam tendências culturais que parecem impor uma afetividade sem limites da qual se deseja explorar todas as vertentes, até mesmo aquelas mais complexas. De fato, a questão da fragilidade afetiva é de grande atualidade: uma afetividade narcisista, instável e mutável que não ajuda as pessoas a atingir uma maior maturidade”. (N.10)
Pornografia e internet
“Preocupa uma certa difusão da pornografia e da comercialização do corpo, favorecida pelo uso distorcido da internet e seja denunciada a situação daquelas pessoas que são obrigadas a praticar a prostituição. Nesse contexto, os casais são inseguros, existentes e custam a encontrar modos para crescer. Muitos são os que tendem a permanecer nos estágios primários da vida emocional e sexual.” (N.10)
O desafio pastoral
Repropor os valores do Matrimônio
“A Igreja percebe a necessidade de dizer uma palavra de verdade e de esperança. É necessário mover-se a partir da convicção de que o homem vem de Deus e que, portanto, uma reflexão capaz de repropor as grandes questões sobre o significado de ser humano, possa encontrar um terreno fértil nas esperanças mais profundas da humanidade. Os grandes valores do Matrimônio e da família cristã correspondem à busca que perpassa a existência humana mesmo em um tempo marcado pelo individualismo e pelo hedonismo.” (N.11)