A imagem de Paulo VI sorridente com as mãos voltadas ao alto
ilustrava a fachada da Basílica São Pedro, num domingo de céu azul e
temperatura agradável. O rito de beatificação deu-se no início da celebração. O
Bispo de Bréscia e Postulador da Causa, agradeceu ao Santo Padre pelo dom da
Beatificação de Montini.
Francisco iniciou a homilia refletindo sobre a célebre frase pronunciada por
Jesus "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", uma
"resposta irônica" - observou Francisco - às provocações dos
fariseus, e "uma resposta útil que o Senhor dá a todos aqueles que sentem
problemas de consciência, sobretudo quando estão em jogo as
suas conveniências, as suas riquezas, o seu prestígio, o seu poder e a sua
fama".
“Dar a Deus o que é de Deus” significa, por sua vez,
“reconhecer e professar, mesmo diante de qualquer tipo de poder, que só Deus é
o Senhor do homem e não há outro” - explicou o Papa - e “abrir-se à sua vontade
e dedicar-Lhe a nossa vida, cooperando para o seu Reino de misericórdia, amor e
paz”. E ressaltou, que devemos descobrir a cada dia esta novidade para vencer
“o temor que muitas vezes sentimos perante as surpresas de Deus”:
“Ele não tem medo das novidades! Por isso nos surpreende continuamente,
abrindo-nos e levando-nos para caminhos inesperados. Ele renova-nos, isto é, faz-nos
«novos» continuamente. Um cristão que vive o Evangelho é «a novidade de Deus»
na Igreja e no mundo. E Deus ama tanto esta «novidade»!”
Nisto – disse o Pontífice – “está a nossa verdadeira força, o fermento que faz
levedar e o sal que dá sabor a todo o esforço humano contra o pessimismo
predominante que o mundo nos propõe”, e nisto reside a nossa esperança, “que
não é UMA FUGA da realidade”, mas
leva o cristão a fixar o olhar “na realidade futura, a realidade de Deus, para
viver plenamente a existência – com os pés bem fincados na terra – e responder,
com coragem, aos inúmeros desafios novos”.
Após o Pontífice falou sobre o Sínodo Extraordinário dos Bispos, dizendo que
pastores e leigos de todo o mundo trouxeram a Roma a voz de suas Igrejas
particulares para ajudar as famílias de hoje a caminhar na estrada do
Evangelho, com o olhar fixo em Jesus:
“Foi uma grande experiência, na qual vivemos a sinodalidade e a colegialidade e
sentimos a força do Espírito Santo que sempre guia e renova a Igreja, chamada
sem demora a cuidar das feridas que sangram e a reacender a esperança para
tantas pessoas sem esperança”.
O Papa pediu que o Espírito Santo que lhes permitiu “nestes dias laboriosos,
trabalhar generosamente com verdadeira liberdade e humilde criatividade,
continue a acompanhar o caminho que nos prepara, nas Igrejas de toda a terra,
para o Sínodo Ordinário dos Bispos no próximo Outubro de 2015”.
Voltando seu olhar a seguir para Paulo VI, recordou as palavras com que ele
instituiu o Sínodo dos Bispos: “Ao perscrutar atentamente os sinais dos tempos,
procuramos adaptar os métodos (...) às múltiplas necessidades dos nossos dias e
às novas características da sociedade”, para então afirmar:
“Sobre este grande Papa, este cristão corajoso, este apóstolo incansável,
diante de Deus hoje só podemos dizer uma palavra tão simples como sincera e
importante: Obrigado! Obrigado, nosso querido e amado Papa Paulo VI! Obrigado
pelo teu humilde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja!”.
Ao recordar trechos do diário do Papa Montini, após o
encerramento do Concílio Vaticano, Francisco sublinhou que ele soube, “quando
se perfilava uma sociedade secularizada e hostil, reger com CLARIVIDENTE sabedoria – e às
vezes em solidão – o timão da barca de Pedro, sem nunca perder a alegria e a
confiança no Senhor”. (JE)