segunda-feira, 25 de maio de 2015

A IMPORTÂNCIA LITÚRGICA DO TEMPO COMUM


 Retomamos o Tempo Comum (TC) após termos celebrado o período pascal: Tríduo e Tempo Pascal, preparado pela Quaresma. No desenvolvimento do Ano Litúrgico, o Tempo Comum encerra uma grande riqueza espiritual e    e pedagógica pelo fato de nos conduzir nos caminhos de Deus. O TC tem características próprias ao longo das trinta e três ou trinta e quatro semanas.  Não se celebram aspectos especiais do mistério pascal de Cristo, mas o mistério é visto e contemplado em sua globalidade, particularmente,  nos domingos[1] .
“O Tempo Comum é um tempo importante, tão importante que, sem ele, a celebração do mistério de Cristo e sua progressiva assimilação pelos cristãos seriam reduzidos a episódios isolados, ao invés de impregnar toda a existência dos fiéis e das comunidades. Somente quando se compreender que o Tempo Comum é um tempo indispensável, que desenvolve o mistério pascal de modo progressivo e profundo, pode-se dizer que se sabe o que seja o ano litúrgico. Dar atenção unicamente aos “tempos fortes” significa esquecer que o ano litúrgico consiste na celebração, com sagrada lembrança no curso de um ano, de todo o mistério de Cristo e da obra da salvação”[2]
O TC é um tempo privilegiado em que a comunidade aprofunda o mistério pascal, assimila e interioriza a Palavra de Deus no contexto da história e cultiva o compromisso batismal,  lembrado e celebrado na vigília pascal. E nesta perspectiva deve ser lembrado e cultivado o domingo como páscoa semanal, dia da assembléia e dia da eucaristia[3].
No TC, fazemos a leitura contínua da Sagrada Escritura pela qual revivemos, nos diversos domingos, os inesgotáveis aspectos do Mistério pascal de Cristo. Esses domingos recebem sua força ou sua espiritualidade de duas fontes: dos tempos fortes e dos próprios domingos. Assim, o Tempo Comum é vivido como prolongamento do respectivo tempo forte[4]. Nesta primeira parte do TC, partimos da vida que nasceu no Natal, se manifestou na Epifania e, para produzir frutos, necessita da ação do Espírito Santo que age no Batismo de Jesus. Batizados com o Espírito Santo, como Igreja, produzimos bons frutos.
No Ano A,  fazemos na liturgia a proclamação do evangelho de Mateus onde aparece a centralidade do Reino de Deus. O evangelista apresenta Jesus como o Mestre da Justiça. Jesus inicia dizendo ao ser batizado por João Batista: Por enquanto deixe como está! Porque devemos cumprir toda justiça(cf. Mt 3,15). No contexto das bem-aventuranças, Jesus vai exigir dos seus seguidores uma prática da justiça superior a burocrática e formal das lideranças judaicas. Se a justiça de vocês não superar a dos doutores da  Lei e dos fariseus, vocês no entrarão no Reino do Céu (cf. Mt 5,20).
Exigirá para essa justiça prioridade absoluta: Em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas (cf Mt 6,33).
O Evangelho de Mateus sugere um discipulado comprometido com a justiça que faz o Reino de Deus acontecer.



[1] . cf CNBB. Guia Litúrgico Pastoral.p. 13.

[2] MARTIN, J. Lopez, L´anno litúrgico, Ed. Paoline, C. Balsamo, 1987, p.200).

[3] cf CNBB. Guia Liturgico Pastoral. p. 11.
[4] BECKHÄUSER, Frei Alberto. Viver o Ano Litúrgico, Vozes, Petrópolis, 2003, p. 163.