“O Tempo Comum é um tempo importante, tão importante que,
sem ele, a celebração do mistério de Cristo e sua progressiva assimilação pelos
cristãos seriam reduzidos a episódios isolados, ao invés de impregnar toda a
existência dos fiéis e das comunidades. Somente quando se compreender que o
Tempo Comum é um tempo indispensável, que desenvolve o mistério pascal de modo
progressivo e profundo, pode-se dizer que se sabe o que seja o ano litúrgico.
Dar atenção unicamente aos “tempos fortes” significa esquecer que o ano
litúrgico consiste na celebração, com sagrada lembrança no curso de um ano, de
todo o mistério de Cristo e da obra da salvação”[2]
O TC é um tempo privilegiado em que a comunidade aprofunda o
mistério pascal, assimila e interioriza a Palavra de Deus no contexto da
história e cultiva o compromisso batismal,
lembrado e celebrado na vigília pascal. E nesta perspectiva deve ser
lembrado e cultivado o domingo como páscoa semanal, dia da assembléia e dia da
eucaristia[3].
No TC, fazemos a leitura contínua da Sagrada Escritura pela
qual revivemos, nos diversos domingos, os inesgotáveis aspectos do Mistério
pascal de Cristo. Esses domingos recebem sua força ou sua espiritualidade de
duas fontes: dos tempos fortes e dos próprios domingos. Assim, o Tempo Comum é
vivido como prolongamento do respectivo tempo forte[4].
Nesta primeira parte do TC, partimos da vida que nasceu no Natal, se manifestou
na Epifania e, para produzir frutos, necessita da ação do Espírito Santo que
age no Batismo de Jesus. Batizados com o Espírito Santo, como Igreja,
produzimos bons frutos.
No Ano A, fazemos na
liturgia a proclamação do evangelho de Mateus onde aparece a centralidade do
Reino de Deus. O evangelista apresenta Jesus como o Mestre da Justiça. Jesus
inicia dizendo ao ser batizado por João Batista: Por enquanto deixe como está!
Porque devemos cumprir toda justiça(cf. Mt 3,15). No contexto das
bem-aventuranças, Jesus vai exigir dos seus seguidores uma prática da justiça
superior a burocrática e formal das lideranças judaicas. Se a justiça de vocês
não superar a dos doutores da Lei e dos
fariseus, vocês no entrarão no Reino do Céu (cf. Mt 5,20).
Exigirá para essa justiça prioridade absoluta: Em primeiro
lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em
acréscimo, todas essas coisas (cf Mt 6,33).
O Evangelho de Mateus sugere um discipulado comprometido com
a justiça que faz o Reino de Deus acontecer.