Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Em tudo aquilo que conduz para a real liberdade das pessoas
e à plenitude de dignidade humana, dizemos que aí está acontecendo a conquista
de vida nova. O “novo” se refere à plenitude da vida, que não depende de idade,
de condição social ou econômica. Depende da pessoa, criada como imagem e
semelhança do Criador.
Para o cristão, a vida nova está centrada na fé em Jesus
Cristo ressuscitado, que é sempre uma novidade, suscitando e animando a pessoa
para enfrentar as dificuldades que a acompanha. É importante a consciência de
que, na fé, a vida supera a morte, porque ela é dom de Deus, que não quer a
morte do pecador, mas que ele viva.
Neste período quaresmal, preparamo-nos para a Páscoa, quando
o Espírito do Senhor nos faz novas criaturas, por que: transforma, reanima,
fortalece, ressuscita etc. Deve ser o surgimento de novos tempos, quando a vida
toma formas mais autênticas e reconquista sua grandeza diante de Deus e da
sociedade. Isto significa ser ressuscitado.
Muitos de nossos atos nos impedem de ser felizes, que é uma
aberração diante do projeto do Reino de Deus. Fomos todos criados para a
felicidade. Por isto a vida tem que ser sempre nova, deixando para traz os
vícios, as maldades, os relacionamentos sem responsabilidade, os desentendimentos
etc.
É fundamental nosso comportamento diante das pessoas e da
sociedade, deixando transparecer vida nova e ressuscitada, sinal da novidade
dos que fazem o caminho do ressuscitado, de Jesus Cristo. Isto é também
revelador de quem dá sentido para a vida e a reconhece como valor e presente em
todas as pessoas.
Quem tem vida nova é capaz de superar o medo, a acomodação,
o egoísmo, a tristeza, e consegue sair das amarras dos sistemas que oprimem e
matam. É feliz porque consegue ter liberdade autêntica. Não é possível viver na
liberdade e na escravidão ao mesmo tempo. Aí está o lema da Campanha da
fraternidade deste ano: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).