Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
A Páscoa da ressurreição de Jesus marca também a nossa
passagem para uma vida nova. São Paulo lembra aos cristãos: todos vós que
fostes batizados em Cristo, é na sua morte que fostes batizados, para também
viverdes com ele para vida nova. Sois agora “nova criatura” (cf Rm 6,1-11; 2Cor
5,17).
O dom do Senhor ressuscitado é, por excelência, o
Espírito Santo, “espírito de santidade”, que nos capacita a viver a novidade da
fé cristã e a transformar nosso viver, para torná-lo semelhante ao de Cristo,
“em justiça e santidade verdadeiras”.
A Páscoa da Páscoa deste ano será lembrada por dois fatos
extraordinários, relacionados com a santidade de vida que desabrochou e
frutificou de maneira abundante em três santos muito queridos: São José de
Anchieta e os papas João XXIII e João Paulo II.
Dia 24 de abril, o papa Francisco celebra em Roma a ação de
graças pela canonização de Anchieta, na Igreja de Santo Inácio, com os jesuítas
e os brasileiros que lá estiverem.
Anchieta já foi, recentemente, reconhecido e proclamado como
“santo” pela Igreja, não por algum milagre que tenha operado, mas pela sua vida
santa; ele é um religioso e sacerdote santo, um missionário e evangelizador
dedicado e ardoroso, um homem de Deus entre os homens, um
pacificador, uma testemunha da caridade de Deus.
A canonização dos dois Pontífices pelo papa Francisco, no
dia 27 de abril, é um fato extraordinário; não se tem notícia na história da
Igreja da canonização simultânea de dois papas. João XXIII, reconhecido como “o
Papa do Concílio”, por ter convocado e iniciado o Concílio Ecumênico Vaticano
II, caracterizou-se como um corajoso visionário, que soube perceber e discernir
os “sinais dos tempos” e tomar as decisões oportunas para a renovação da vida
eclesial. Posto à frente da Igreja, foi um pastor bom e sábio, e assim foi
reconhecido amplamente pelo povo de Deus.
João Paulo II, de quem recordamos ainda muito bem, pois
faleceu há menos de 10 anos, foi um pastor e missionário de extraordinárias
qualidades. Durante seus quase 27 anos de pontificado, ele foi ao encontro dos
povos e da Igreja inserida no contexto das mais variadas culturas, encorajando
os cristãos e confirmando-os na fé.
É enorme a sua contribuição para a vida da Igreja; seu
Magistério envolve praticamente todas as áreas do ensino da Igreja. Teve também
um peso moral muito significativo para a comunidade dos povos e nações; um
claro reconhecimento disso apareceu no seu funeral, ao qual compareceram
numerosos chefes de Estado e de Governo, das mais diversas culturas e
orientações ideológicas, bem como líderes religiosos muito diversos entre si.
Ele teve o papel de pai e autoridade moral da grande família humana.
Os santos Papas e Pastores João XXIII e João Paulo II, deram
a vida pela Igreja e se entregaram sem reservas pelo bem do rebanho de Cristo,
pelas ovelhas próximas, como aquelas que ainda andam distantes ou dispersas por
muitos caminhos. Foram fieis servidores de Jesus Cristo, Supremo Pastor da
Igreja. Esta é a marca principal da sua santidade. Eles figurarão entre os
grandes santos Pastores da Igreja; e nós temos a graça de ter vivido no seu
tempo e sob o seu pastoreio.
Na Vigília Pascal, transcorridos os dias da Quaresma e da
celebração da Paixão do Senhor, também nós renovamos as promessas do Batismo e
nossa disposição para viver unidos e sintonizados com Deus e seguindo os passos
de Cristo, nosso Salvador e Mestre. A vida cristã é chamado à santidade e
proposta de vida santa.