O Papa desenvolveu sua homilia, na missa de 1º de abril, na Casa Santa Marta, comentando o trecho evangélico que narra o
encontro entre Jesus e o paralítico, o qual, aos 38 anos, estava sob os
pórticos perto da piscina esperando
a cura.
Este homem se lamentava porque não conseguia se imergir, era
sempre antecipado por alguém. Mas Jesus o cura. Um milagre que provoca críticas
dos fariseus porque era sábado e, naquele dia, diziam que não se faziam
milagres. Nesta narração, encontramos duas doenças fortes, espirituais: a
resignação e a preguiça.
Eu penso em muitos cristãos, muitos católicos: sim, são
católicos, mas sem entusiasmo, inclusive amargurados! Cada um em sua casa,
tranquilos… E se alguém ousa, é reprovado. É a doença da preguiça, da preguiça
dos cristãos. Esta atitude que é paralisante do zelo apostólico, que faz dos
cristãos pessoas estagnadas, tranquilas, mas não no bom sentido da palavra: que
não se preocupam em sair para anunciar o Evangelho! Pessoas anestesiadas.
E a anestesia, acrescentou o Papa, “é uma experiência
negativa”. “A preguiça é uma tristeza (...) e esta é uma doença nossa, dos
cristãos. Vamos à Missa aos domingos, mas sem incomodar. Esses cristãos sem
zelo apostólico não servem, não fazem bem à Igreja. E quantos cristãos são
assim, egoístas por si mesmos. Este é o pecado da preguiça, contra a vontade de
doar a novidade de Jesus aos outros, aquela novidade que me foi dada
gratuitamente”, disse o Papa. Mas neste trecho do Evangelho, afirmou ainda o
Pontífice, encontramos também outro pecado, quando vemos que Jesus é criticado
porque curou o doente no sábado. O pecado do formalismo. “Estes cristãos não
deixam lugar à graça de Deus. Sua vida cristã é ter os documentos e certidões
em ordem”.
“Cristãos hipócritas a quem interessam somente as
formalidades. Fecham as portas à graça de Deus. Temos muitos assim na Igreja, e
isto é outro pecado! Os que pecaram de preguiça não são capazes de ir adiante
com zelo apostólico porque decidiram parar em si mesmos, em suas tristezas e
ressentimentos. Estes não conseguem chegar à salvação porque fecham as portas a
ela!”.
“Preguiça e hipocrisia são tentações que devemos conhecer
para nos defender”, advertiu o Papa. “Diante destas duas tentações, diante
daquele hospital de campo, que era o símbolo da Igreja, com tanta gente
ferida”, Jesus pergunta: “Queres ficar curado?" e lhe dá a graça. Quando,
depois, encontra de novo o paralítico, lhe diz: “não peque mais”.
“As duas palavras cristãs: 'queres ficar curado?' e 'não
peque mais', são palavras ditas com ternura, com amor. É este o caminho
cristão: aproximar-se das pessoas feridas, neste hospital de campo... muitas
vezes pessoas feridas por homens e mulheres da Igreja... As duas palavras de
Jesus são mais bonitas do que a preguiça e a hipocrisia”.