A devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem a sua origem na
própria Sagrada Escritura. O coração é uma das maneiras para falar do infinito
amor de Deus por nós. Este amor encontra seu ápice com a vinda de Jesus.
Nosso querido São João Paulo II sempre cultivou esta
devoção, e incentivou a todos que desejavam crescer na amizade com Jesus.
Em 1980, no dia do Sagrado Coração, afirmou: “Na solenidade do Sagrado Coração
de Jesus, a liturgia da Igreja concentra-se, com adoração e amor especial, em
torno do mistério do Coração de Cristo. Quero hoje dirigir juntamente convosco
o olhar dos nossos corações para o ministério desse Coração. Ele falou-me desde
a minha juventude. Cada ano volto a este mistério no ritmo litúrgico do
tempo da Igreja.”
O que Ele nos pede é a consequência lógica do que se dignou
nos revelar. Quer dizer, seu amoroso Coração ferido pelas nossas infidelidades,
fere por sua vez os nossos. Destes, tão duros e frios, Ele espera contrição,
arrependimento e firmes propósitos de honrá-Lo em toda a medida que nos seja
possível.
Ele deseja, portanto:
* Uma solene retratação de nossa parte, pedindo-Lhe perdão
por cada um de nós e por todo o mundo;
* A Comunhão reparadora, na qual nos esforçamos em confortar
o Coração do Mestre, tão desprezado;
* A Comunhão especialmente reparadora das primeiras
sexta-feiras de cada mês;
* A instituição de uma festa especial em honra de seu
Coração, para agradecer-Lhe por seu amor e Lhe pedir perdão por nossas
ingratidões e tibiezas;
* A prática da Hora Santa, quando nos unimos às dores de sua
agonia no Horto das Oliveiras;
* A veneração à imagem de seu Coração Sagrado;
* A consagração pessoal a Ele, maduramente refletida e de
plena vontade, como sinal de aliança definitiva;
* E, finalmente, a propagação do culto ao Sagrado Coração e
de seu Reino.
É muito necessário ressaltar o espírito de desagravo
inerente aos pedidos do Divino Salvador. A chaga aberta em seu Coração adorável
não cessa de sangrar, sempre renovada pela maldade humana. E só poderemos
corresponder ao seu infinito amor por nós se procurarmos estancar esse sangue,
se nos esforçarmos em aliviar suas dores, tributando-Lhe amor, respeito e,
sobretudo, reparação. É através desta que a devoção ao Coração de Jesus adquire
todo o seu sentido e alcança seu pleno florescimento.
Se, porém, de um lado Nosso Senhor anseia pela
correspondência dos homens aos apelos de seu amor, de outro tem para eles
reservadas as mais preciosas dádivas de sua inexaurível misericórdia. As promessas divinas refulgem como jóias
celestiais, feitas de consolação e esperança. Jesus assegura:
* Que todos os seus devotos e a Ele consagrados não se
condenarão jamais;
* Que seus apóstolos possuirão o dom de tocar os corações
mais empedernidos;
* Que as almas tíbias tornar-se-ão fervorosas, e as
fervorosas, perfeitas;
* Que Ele espalhará com abundância suas bênçãos em todos os
lugares onde seja exposta e venerada a imagem de seu divino Coração;
* Que Ele reunirá as famílias divididas, protegerá e
socorrerá aquelas que se encontrem em dificuldades e para Ele se voltem com
confiança;
* Que difundirá a suave unção de sua ardente caridade sobre
todas as Comunidades que O honrem e se coloquem sob a sua especial proteção.
* E, por fim, o dom em que mais reluz a generosidade divina:
"Prometo-te - afirma Jesus a Santa Margarida-Maria -, na excessiva
misericórdia de meu Coração, que meu amor onipotente concederá a todos os que
comungarem na primeira sexta-feira de nove meses seguidos, a graça da
penitência final; não morrerão de modo algum na minha desgraça e sem receber os
Sacramentos, tornando-se meu divino Coração o seu asilo seguro nesse último
momento".
Temos, assim, uma idéia da mensagem no seu conjunto, com a
tocante revelação do insondável amor do Coração de Jesus e de sua ferida
íntima, seus paternais pedidos, e suas consoladoras promessas para aqueles que,
humilde e fervorosamente, corresponderem a seus divinos apelos.
É ao coração de cada um de nós que Nosso Senhor nos fala, do
fundo de seu próprio Coração Sagrado. Por conseguinte, não é apenas de nossos
lábios ou de nossas atitudes exteriores que Ele deseja uma resposta, e sim do
mais recôndito de nossas almas. Esforcemo-nos em atendê-Lo, em desagravá-Lo de
tantas chagas que Lhe causam os pecados do mundo, para sermos dignos de suas
celestiais misericórdias, de seu incomensurável amor que "repousa
perdoando".
FONTE: ("Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e
Amor", Mons. João Clá Dias, EP)