Vários presidentes, a ONU e diversas organizações
ecologistas e religiosas acolheram com elogios a EncíclicaLaudato si', a
primeira escrita inteiramente pelo Papa Francisco, que descreve os riscos das
mudanças climáticas e analisa seus efeitos sobre o homem e o meio ambiente,
cunhando o termo ‘ecologia integral’.
O Presidente dos EUA, Barack Obama, saudou a mensagem ‘forte
e clara’ de Francisco, que exortou os potentes do mundo a agirem com mais
rapidez para salvar o planeta, ameaçado de devastação pelas mudanças climáticas
e o consumismo.
“Admiro profundamente a decisão do Papa de convidar à ação
contra mudanças climáticas de forma clara, forte e com toda a autoridade moral
que sua posição lhe confere”, disse Obama.
“Temos uma profunda responsabilidade de proteger nossos
filhos e os filhos de nossos filhos dos efeitos danosos das mudanças
climáticas”, sublinhou Obama em um comunicado, observando que os EUA “devem ser
um líder neste esforço”.
O Presidente francês François Hollande espera que a “voz
especial” do Papa Francisco seja ouvida em todos os continentes, indo além do
âmbito dos cristãos.
“Enquanto a França se prepara para receber as negociações
climáticas, saúdo este chamado à opinião pública mundial e a seus governantes”,
acrescentou Hollande em nota. Para o Presidente francês, “a Encíclica do Papa
Francisco volta a colocar o tema ecológico em una perspectiva humanista”.
A Presidente do Chile, Michelle Bachelet, propôs a criação
de uma aliança público-privada que afronte de forma conjunta as mudanças
climáticas que ameaçam seu país, aonde já se começam a ver as consequências.
Participando da inauguração em Santiago de uma conferência
do Fórum Global de Crescimento Verde da América Latina e Caribe, a Presidente
assegurou que o compromisso dos poderes públicos “não é suficiente” para deter
as alterações do clima. “Não basta o setor público agir: deve haver uma aliança
público-privada e com o conjunto da sociedade”, apontou.
Bachelet afirmou que o fenômeno chegou para ficar, no Chile
e no planeta: “Nós o vivemos em fins de março, com a inesperada chuva no
deserto de Atacama, o mais árido do mundo, que provocou deslizamentos de terra
e inundações que deixaram milhares de pessoas desalojadas. Tivemos uma seca que
se arrastou anos e grande parte de nosso território está desertificado”.
FAO
A Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, FAO,
considerou um ‘marco’ a Encíclica e pediu mudanças globais para enfrentar os
efeitos das alterações do clima.
O Diretor da divisão de Clima da FAO, Martin Frick, disse
que o documento recém-publicado é “realmente um marco porque nunca um Papa
falou tão diretamente sobre o meio ambiente”.
“O modelo de negócios do último século funcionou, tirou
muita gente da pobreza e criou processos tecnológicos fantásticos, mas ignorou
completamente os limites do planeta”, destacou Frick.
Também o Diretor executivo do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner, agradeceu o chamado do Papa, “que
ressoa não apenas entre os católicos, mas em meio a todos os povos da Terra. A
ciência e a religião está alinhadas neste campo: agora é o momento de atuar”,
disse.
O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) assinalou que a
Encíclica é “um chamado à ação de todos, em todos os lugares; e a ong
ecologista Greenpeace qualificou como "valiosa" a intervenção do
Pontífice “na luta comum da humanidade para prevenir a catástrofe da mudanças
climáticas”.