Pe. Gregório Lutz, CSSp
Os
sacramentos são sinais. Um sinal remete a uma realidade diferente do próprio
sinal. Por exemplo, um sinal numa estrada que diz que até uma determinada
cidade a distância é de tantos quilômetros, remete a esta cidade. Mas o sinal
não é a cidade. Há outros sinais que remetem a uma outra realidade, mas de
alguma maneira esta outra realidade já está presente no sinal mesmo. Por exemplo,
o respirar de um corpo humano ou de um animal é sinal de que este corpo vive. O
sinal do respiro não apenas remete à vida, mas ele mesmo é vida. Tais sinais
que remetem e já contêm em si a realidade significada, normalmente são chamados
de símbolos.
Devemos ainda lembrar que não somente coisas ou objetos
podem ser sinais, mais igualmente gestos e ações. Assim, por exemplo, o sinal
ou símbolo principal do batismo não é bem a água, mas a ação que se realiza com
a água, o mergulho nela ou o derramamento da mesma. No entanto, os sinais dos
nossos sete sacramentos podem ser ambíguos em seu significado. Um mergulho na
água pode levar ao afogamento e a morte, mas pode também refrescar e vitalizar
o organismo, pode dar a sensação de um novo nascimento. Os sinais e símbolos
sacramentais podem ter sua origem em culturas que não são bem conhecidas, como
é o caso da unção. Além de ser curativo e servir para fortalecer o corpo, ela
pode significar, a partir da sua origem em Israel, a bênção de Deus ou a
instituição de um rei ou sacerdote. Por isso que é muito importante a palavra
que acompanha um gesto sacramental, porque determina o que ele significa na
respectiva ação sacramental.
Na
celebração dos sacramentos, além do rito central ou essencial, também outros
elementos rituais tem valor simbólico, igualmente os objetos do culto, a
assembléia e os ministros, sobretudo os ministros próprios do sacramento e até
o espaço no qual se realiza a celebração
Necessariamente
coloca-se, neste contexto, a pergunta: Como tais sinais, ações, pessoas e
objetos que entram no rito do sacramento, podem ter valor salvífico? Isso é
possível porque Deus está agindo nos sacramentos. Ele está presente e agindo na
Igreja, da qual os sacramentos são os momentos mais intensos de vida, desde que
a Igreja com seus sacramentos nasceu na cruz, quando Jesus entregou o Espírito.
Os sacramentos são um prolongamento da presença e ação de Jesus no mundo. A
ação de Deus se mostra e realiza não somente pela ação dos ministros da
celebração, mas também de todos aqueles que na celebração se abrem para a ação
de Deus, em primeiro lugar quem recebe o sacramento. Assim pode-se realizar
aquilo que os sacramentos e toda a liturgia visam: levar a efeito a obra de
salvação realizada por Jesus, sobretudo na sua páscoa.