terça-feira, 30 de junho de 2015

O CUIDADO DA CASA DE TODOS

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)


A nova encíclica do Papa Francisco – “Laudato sí – sobre o cuidado da casa comum” – propõe uma reflexão fundamental para encarar com seriedade e responsabilidade a questão ambiental. Antes de tudo, desvincula o “discurso ecológico” das ideologias de partido, como se isso interessasse apenas a alguns, ou a uma parte da sociedade. Por isso, o Papa não se dirige apenas aos católicos e cristãos: o seu apelo é dirigido a toda a família humana, a quem tem religião e a quem não tem também (cf n. 13-14).



A questão interessa a todos, pois se trata de cuidar da “casa comum”, que é a natureza e, de modo geral, o mundo que nos hospeda, abriga, sustenta e encanta, junto com todos os seres que o habitam. O subtítulo da encíclica – “sobre o cuidado da casa comum” – dá a entender, justamente, aonde o Papa quer chegar: que todos juntos cuidemos desse “bem comum global”, que é a natureza.
A globalização, sobretudo da informação e do mercado, nos permitem hoje perceber, melhor do que em outros tempos, que o mundo, sobretudo nosso planeta Terra, por grande que seja, é uma “aldeia global”; nele, todos estão relacionados e dependentes todos, no que acontece de bom e de mal, mesmo sem o saber. E os estudos científicos também mostram sempre mais que, na natureza, todas as coisas também estão relacionadas ente si e dependem umas das outras.
Isso está plenamente de acordo com o relato da criação, no começo da Bíblia. O ato criador de Deus foi também um ato organizador do “abismo”, sobre o qual o Espírito do Criador já pairava, “no princípio” (cf Gn 1,1). Deus não deu origem ao caos, nem introduziu no mundo um princípio de desordem e confusão, ou uma espécie de princípio de desagregação e destruição. Pelo contrário: organizou todas as coisas com sabedoria e harmonia. E, depois que havia feito todas as coisas, Deus “viu que tudo era bom”. Muito bom! (cf Gn 1,31). Nada estava em desordem na “casa comum”...
E, logo em seguida, vem a questão: quem foi que introduziu novamente o caos e a confusão no mundo? Segue, então, a narração sobre o pecado, lá nas origens da história do homem. E o paraíso deixou de ser um “jardim” para o homem. Mesmo assim. Deus o confiou a terra ao homem e da mulher para que dela cuidassem (cf Gn 3).
No primeiro capítulo da Encíclica, o Papa pergunta: Que está acontecendo com nossa casa? Nada mais natural: se na nossa casa há goteiras, infiltrações, rachaduras nas paredes, curtos-circuitos, insetos pelos cantos ou mofo aparecendo nas paredes, nada mais natural que perguntar: que está acontecendo? Que precisamos fazer para cuidar melhor da nossa casa? A primeira coisa, é uma boa tomada de consciência da situação. É o que o Papa faz, ao tratar da natureza, casa comum da família humana.
As constatações são aquelas que estão sendo faladas, discutidas e divulgadas há tempos por muitos: poluição do ar, das águas e do solo; mudanças climáticas, que começam a mostrar sempre mais claramente as suas consequências; o problema da água potável que, além de escassear em muitas partes do mundo, ainda está sendo desperdiçada, contaminada e empregada mal. E quem mais sofre com isso? Aqui mesmo, em São Paulo, ameaçados pela carestia desse bem indispensável à vida, estamos aprendendo duramente que a água potável é um bem precioso, que precisamos cuidar melhor.
Mas existe mais: a natureza está perdendo rapidamente sua biodiversidade, com muitas espécies em fase de extinção, ou já extintas. E não é somente a natureza que se vai degradando: a qualidade da vida humana vai junto com essa degradação. A vida social e as relações entre os povos são marcadas por novas tensões e conflitos, em consequência de problemas ambientais. A própria paz fica ameaçada. O problema do degrado ambiental já passou até os limites da atmosfera: lá no alto, muito acima de nossas cabeças, já flutua uma infinidade de “lixo” cósmico, produzido pelo homem. Onde as coisas vão parar?!
O Papa Francisco constata que as reações do homem, de suas organizações e seus governantes e responsáveis, ainda são muito fracas. Há discussões infinitas, mas pouco consenso e ação efetiva para cuidar melhor da nossa casa comum. Que fazer? Por onde começar?



Publicado em O Estado de São Paulo

segunda-feira, 29 de junho de 2015

SANTA SÉ E PALESTINA ASSINAM ACORDO

A Santa Sé e o Estado da Palestina firmaram Acordo Global, na sexta-feira, 26, no Palácio Apostólico do Vaticano. O documento, resultado das negociações feitas nos últimos anos por uma comissão bilateral, foi assinado pelo secretário para as Relações com os Estados, arcebispo Paul Richard Gallagher, e pelo ministro das Relações Exteriores do Estado da Palestina, Riad Al-Malki. 
O Acordo Global, constituído de um Preâmbulo e de 32 artigos divididos em 8 capítulos, refere-se aos aspectos essenciais da vida e da atividade da Igreja no Estado da Palestina. O documento reafirma o acordo de paz e o diálogo na região e entrará em vigor após declaração, por escrito, se os requisitos constitucionais ou internos no Acordo forem satisfatórios.
O ato de assinatura contou com presença de membros da Santa Sé, do núncio Apostólico em Jerusalém e Palestina, dom Antonio Franco, e do patriarca de Jerusalém dos Latinos, Sua Beatitude Fouad Twal. A delegação do Estado da Palestina, foi representada pelo vice-chefe do Alto Comitê Presidencial para os Assuntos da Igreja na Palestina, Ramzi Khoury, e o representante do Estado da Palestina junto à Santa Sé, Issa Kassissieh.

Valor religioso
O Acordo Global possui caráter de direito internacional. Ou seja, com assinatura do Documento, afirma-se a autodeterminação do povo palestino, o significado não-simbólico de Jerusalém, o caráter sagrado da cidade para hebreus, cristãos e muçulmanos e o seu valor religioso universal e cultural como tesouro para toda a humanidade e os interesses da Santa Sé na Terra Santa.
No artigo 2 do Acordo, evidencia-se a liberdade reconhecida pela "Igreja católica, pelas pessoas jurídicas e canônicas e por todos os católicos" (art.2 §3), interpretada e regulada com base nos padrões do direito internacional.


Com informações e foto do News.va


domingo, 28 de junho de 2015

SÃO PEDRO E SÃO PAULO


Hoje a Igreja celebra a santidade de vida de São Pedro e São Paulo apóstolos. Estes santos são considerados “os cabeças dos apóstolos” por terem sido os principais líderes da Igreja Cristã Primitiva, tanto por sua fé e pregação, como pelo ardor e zelo missionários.
Pedro, que tinha como primeiro nome Simão, era natural de Betsaida, irmão do Apóstolo André. Pescador, foi chamado pelo próprio Jesus e, deixando tudo, seguiu ao Mestre, estando presente nos momentos mais importantes da vida do Senhor, que lhe deu o nome de Pedro.
Em princípio, fraco na fé, chegou a negar Jesus durante o processo que culminaria em Sua morte por crucifixão. O próprio Senhor o confirmou na fé após Sua ressurreição (da qual o apóstolo foi testemunha), tornando-o intrépido pregador do Evangelho através da descida do Espírito Santo de Deus, no Dia de Pentecostes, o que o tornou líder da primeira comunidade. Pregou no Dia de Pentecostes e selou seu apostolado com o próprio sangue, pois foi martirizado em uma das perseguições aos cristãos, sendo crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer como seu Senhor, Jesus Cristo. Escreveu duas Epístolas e, provavelmente, foi a fonte de informações para que São Marcos escrevesse seu Evangelho.
Paulo, cujo nome antes da conversão era Saulo ou Saul, era natural de Tarso. Recebeu educação esmerada “aos pés de Gamaliel”, um dos grandes mestres da Lei na época. Tornou-se fariseu zeloso, a ponto de perseguir e aprisionar os cristãos, sendo responsável pela morte de muitos deles.
Converteu-se à fé cristã no caminho de Damasco, quando o próprio Senhor Ressuscitado lhe apareceu e o chamou para o apostolado. Recebeu o batismo do Espírito Santo e preparou-se para o ministério.
Tornou-se um grande missionário e doutrinador, fundando muitas comunidades. De perseguidor passou a perseguido, sofreu muito pela fé e foi coroado com o martírio, sofrendo morte por decapitação. Escreveu treze Epístolas e ficou conhecido como o “Apóstolo dos gentios”.

São Pedro e São Paulo, rogai por nós!

sábado, 27 de junho de 2015

OS SACRAMENTOS COMO SINAIS DA AÇÃO DE DEUS



Pe. Gregório Lutz, CSSp

                Os sacramentos são sinais. Um sinal remete a uma realidade diferente do próprio sinal. Por exemplo, um sinal numa estrada que diz que até uma determinada cidade a distância é de tantos quilômetros, remete a esta cidade. Mas o sinal não é a cidade. Há outros sinais que remetem a uma outra realidade, mas de alguma maneira esta outra realidade já está presente no sinal mesmo. Por exemplo, o respirar de um corpo humano ou de um animal é sinal de que este corpo vive. O sinal do respiro não apenas remete à vida, mas ele mesmo é vida. Tais sinais que remetem e já contêm em si a realidade significada, normalmente são chamados de símbolos.
Devemos ainda lembrar que não somente coisas ou objetos podem ser sinais, mais igualmente gestos e ações. Assim, por exemplo, o sinal ou símbolo principal do batismo não é bem a água, mas a ação que se realiza com a água, o mergulho nela ou o derramamento da mesma. No entanto, os sinais dos nossos sete sacramentos podem ser ambíguos em seu significado. Um mergulho na água pode levar ao afogamento e a morte, mas pode também refrescar e vitalizar o organismo, pode dar a sensação de um novo nascimento. Os sinais e símbolos sacramentais podem ter sua origem em culturas que não são bem conhecidas, como é o caso da unção. Além de ser curativo e servir para fortalecer o corpo, ela pode significar, a partir da sua origem em Israel, a bênção de Deus ou a instituição de um rei ou sacerdote. Por isso que é muito importante a palavra que acompanha um gesto sacramental, porque determina o que ele significa na respectiva ação sacramental.
                Na celebração dos sacramentos, além do rito central ou essencial, também outros elementos rituais tem valor simbólico, igualmente os objetos do culto, a assembléia e os ministros, sobretudo os ministros próprios do sacramento e até o espaço no qual se realiza a celebração

                Necessariamente coloca-se, neste contexto, a pergunta: Como tais sinais, ações, pessoas e objetos que entram no rito do sacramento, podem ter valor salvífico? Isso é possível porque Deus está agindo nos sacramentos. Ele está presente e agindo na Igreja, da qual os sacramentos são os momentos mais intensos de vida, desde que a Igreja com seus sacramentos nasceu na cruz, quando Jesus entregou o Espírito. Os sacramentos são um prolongamento da presença e ação de Jesus no mundo. A ação de Deus se mostra e realiza não somente pela ação dos ministros da celebração, mas também de todos aqueles que na celebração se abrem para a ação de Deus, em primeiro lugar quem recebe o sacramento. Assim pode-se realizar aquilo que os sacramentos e toda a liturgia visam: levar a efeito a obra de salvação realizada por Jesus, sobretudo na sua páscoa.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

PAPA REZA DIANTE DO SANTO SUDÁRIO


Na manhã de domingo, 21, o Papa Francisco chegou a Turim, na sua sexta viagem pastoral em território italiano. Após a chegada ao Aeroporto de Caselle, Francisco encontrou o mundo do trabalho, seu primeiro compromisso oficial. Após, dirigiu-se à Catedral de Turim, onde chegou por volta das 9h15, para um dos momentos mais esperados da viagem, a oração diante do Sudário.
O Santo Padre deteve-se em profunda oração silenciosa diante do Sudário por mais de 5 minutos. Após, aproximou-se da teca exposta atrás do altar, tocando o vidro que protege o manto sagrado.
Em seguida, o Papa parou por alguns instantes diante do túmulo do Beato Piergiorgio Frassati, proclamado por João Paulo II como protetor da Jornada Mundial da Juventude. Na Catedral estavam presentes autoridades religiosas, monjas de clausura e sacerdotes, além de alguns parentes do Beato Frassati.
Ao final da visita, que durou cerca de 20 minutos, o Pontífice dirigiu-se de Papamóvel até a Praça Vitório, para a celebração da missa  e a oração do Angelus com os milhares de fieis que transformaram a cidade piemontesa em uma “grande basílica a céu aberto”. Durante o trajeto, Bergoglio fez várias paradas, saudando doentes e crianças.

Anteriormente, o Papa Bento XVI havia visitado o Santo Sudário em 2012, enquanto São João Paulo II o fez em 1998, quando o chamou de “ Espelho do Evangelho”, por ajudar a compreender e meditar a Paixão de Jesus.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

MUNDO REPERCUTE NOVA ENCÍCLICA DO PAPA


Vários presidentes, a ONU e diversas organizações ecologistas e religiosas acolheram com elogios a EncíclicaLaudato si', a primeira escrita inteiramente pelo Papa Francisco, que descreve os riscos das mudanças climáticas e analisa seus efeitos sobre o homem e o meio ambiente, cunhando o termo ‘ecologia integral’.
O Presidente dos EUA, Barack Obama, saudou a mensagem ‘forte e clara’ de  Francisco, que exortou os potentes do mundo a agirem com mais rapidez para salvar o planeta, ameaçado de devastação pelas mudanças climáticas e o consumismo.
“Admiro profundamente a decisão do Papa de convidar à ação contra mudanças climáticas de forma clara, forte e com toda a autoridade moral que sua posição lhe confere”, disse Obama.
“Temos uma profunda responsabilidade de proteger nossos filhos e os filhos de nossos filhos dos efeitos danosos das mudanças climáticas”, sublinhou Obama em um comunicado, observando que os EUA “devem ser um líder neste esforço”.
O Presidente francês François Hollande espera que a “voz especial” do Papa Francisco seja ouvida em todos os continentes, indo além do âmbito dos cristãos.
“Enquanto a França se prepara para receber as negociações climáticas, saúdo este chamado à opinião pública mundial e a seus governantes”, acrescentou Hollande em nota. Para o Presidente francês, “a Encíclica do Papa Francisco volta a colocar o tema ecológico em una perspectiva humanista”.
A Presidente do Chile, Michelle Bachelet, propôs a criação de uma aliança público-privada que afronte de forma conjunta as mudanças climáticas que ameaçam seu país, aonde já se começam a ver as consequências.
Participando da inauguração em Santiago de uma conferência do Fórum Global de Crescimento Verde da América Latina e Caribe, a Presidente assegurou que o compromisso dos poderes públicos “não é suficiente” para deter as alterações do clima. “Não basta o setor público agir: deve haver uma aliança público-privada e com o conjunto da sociedade”, apontou.
Bachelet afirmou que o fenômeno chegou para ficar, no Chile e no planeta: “Nós o vivemos em fins de março, com a inesperada chuva no deserto de Atacama, o mais árido do mundo, que provocou deslizamentos de terra e inundações que deixaram milhares de pessoas desalojadas. Tivemos uma seca que se arrastou anos e grande parte de nosso território está desertificado”.

FAO
A Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, FAO, considerou um ‘marco’ a Encíclica e pediu mudanças globais para enfrentar os efeitos das alterações do clima.
O Diretor da divisão de Clima da FAO, Martin Frick, disse que o documento recém-publicado é “realmente um marco porque nunca um Papa falou tão diretamente sobre o meio ambiente”.
“O modelo de negócios do último século funcionou, tirou muita gente da pobreza e criou processos tecnológicos fantásticos, mas ignorou completamente os limites do planeta”, destacou Frick.
Também o Diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner, agradeceu o chamado do Papa, “que ressoa não apenas entre os católicos, mas em meio a todos os povos da Terra. A ciência e a religião está alinhadas neste campo: agora é o momento de atuar”, disse.
O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) assinalou que a Encíclica é “um chamado à ação de todos, em todos os lugares; e a ong ecologista Greenpeace qualificou como "valiosa" a intervenção do Pontífice “na luta comum da humanidade para prevenir a catástrofe da mudanças climáticas”.



quarta-feira, 24 de junho de 2015

SALVE SÃO JOÃO!

Com muita alegria, a Igreja, solenemente, celebra o nascimento de São João Batista. Santo que, juntamente com a Santíssima Virgem Maria, é o único a ter o aniversário natalício recordado pela liturgia.
São João Batista nasceu seis meses antes de Jesus Cristo, seu primo, e foi um anjo quem revelou o seu nome ao seu pai, Zacarias, que há muitos anos rezava com sua esposa para terem um filho. Estudiosos mostram que possivelmente depois de idade adequada, João teria participado da vida monástica de uma comunidade rigorista, na qual, à beira do Rio Jordão ou Mar Morto, vivia em profunda penitência e oração.
Pode-se chegar a essa conclusão a partir do texto de Mateus: “João usava um traje de pêlo de camelo, com um cinto de couro à volta dos rins; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre”. O que o tornou tão importante para a história do Cristianismo é que, além de ser o último profeta a anunciar o Messias, foi ele quem preparou o caminho do Senhor com pregações conclamando os fiéis à mudança de vida e ao batismo de penitência (por isso “Batista”).
Como nos ensinam as Sagradas Escrituras: “Eu vos batizo na água, em vista da conversão; mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu: eu não sou digno de tirar-lhe as sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo”(Mateus 3,11).
Os Evangelhos nos revelam a inauguração da missão salvífica de Jesus a partir do batismo recebido pelas mãos do precursor João e da manifestação da Trindade Santa. São João, ao reconhecer e apresentar Jesus como o Cristo, continuou sua missão em sentido descendente, a fim de que somente o Messias aparecesse.
Grande anunciador do Reino e denunciador dos pecados, ele foi preso por não concordar com as atitudes pecaminosas de Herodes, acabando decapitado devido ao ódio de Herodíades, que fora esposa do irmão deste [Herodes], com a qual este vivia pecaminosamente.
O grande santo morreu na santidade e reconhecido pelo próprio Cristo: “Em verdade eu vos digo, dentre os que nasceram de mulher, não surgiu ninguém maior que João , o Batista” (Mateus 11,11).

São João Batista, rogai por nós!

terça-feira, 23 de junho de 2015

NOVA ENCÍCLICA


A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) concedeu entrevista coletiva à imprensa na tarde de quinta-feira, 18, em sua sede em Brasília, por ocasião do encerramento da primeira reunião do Conselho Permanente da entidade, que teve início na terça-feira, 16. Aos jornalistas, foi apresentada a Encíclica do papa Francisco, "Laudato si' - sobre o cuidado da casa comum”, divulgada pelo Vaticano nesta manhã. Para o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da CNBB, Dom Sergio da Rocha, o tema do documento “é de grande atualidade” e “os problemas são muito urgentes”.
O texto trata da ecologia humana e o clima está no centro das preocupações apresentadas pelo pontífice. Na publicação, são apontadas as problemáticas e desafios de preservação e prevenção, como também aspectos da proteção à criação e questões como a fome no mundo, pobreza, globalização e escassez. Este é o primeiro documento escrito integralmente pelo pontífice, que buscou inspiração nas meditações de São Francisco de Assis, patrono dos animais e do meio ambiente. O título, inclusive, inspirado na invocação “Louvado sejas, meu Senhor”, que no Cântico das Criaturas recorda que a terra pode ser comparada com uma irmã e uma mãe.
Dom Sergio destacou a gratidão, o louvor, a esperança e a responsabilidade como as atitudes diante da apresentação do texto. Para o arcebispo, “louvor e gratidão” são o espírito da Encíclica, que “se completa com a esperança”.
“Nós temos a esperança de uma acolhida atenta da reflexão que é proposta, mas também das iniciativas, das propostas que aqui vamos encontrar. E é claro que essa atitude de gratidão e esperança também se manifesta como atitude de responsabilidade diante daquilo que o papa apresenta. Porque aqui são diversos níveis de atividades, propostas e consequentemente de responsabilidades”, afirmou o Arcebispo.
Ainda teve evidência na fala do presidente da CNBB o quarto capítulo do texto, considerado significativo. “Ecologia Integral” é a proposta de Francisco em um dos seis capítulos da Encíclica. “Eu diria que aí se resume grande parte da maneira, da perspectiva como o papa aborda a temática. Aqui não se fala apenas da ecologia ambiental, mas uma ecologia mais humana, ou de uma visão mais integral da própria ecologia com os vários níveis, ambiental, econômico, social e cultural”, sintetizou.
Ainda sobre a abordagem da temática, dom Sergio analisa a visão de Francisco a respeito das “repercussões sociais” dos problemas ambientais, “sobretudo para os mais pobres, para as regiões mais pobres, mais sofridas”.
Conversão Ecológica
Ao longo do texto, o papa convida a ouvir os "gemidos da criação", exortando todos a uma “conversão ecológica”, a “mudar de rumo”, assumindo a responsabilidade de um compromisso para o “cuidado da casa comum”. Nesse trecho da Encíclica, o papa “pressupõe espiritualidade e mística, iluminada pela Palavra de Deus”, considera dom Sergio, que observa ainda que, embora haja apresentação da temática de forma especializada cientificamente, não faltou a “luz da fé”.
Para o arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente da CNBB, Dom Murilo Krieger, o papa foi realista, proativo e corajoso em sua publicação, pois ela “não fica apenas em uma crítica, mas aponta caminhos na esperança de poder mudar a situação do mundo” e “propõe uma mudança de mentalidade”.
O bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, destacou os momentos de preparação do documento, quando o papa teve a “sensibilidade” de recolher as contribuições das conferências episcopais e até do patriarca ecumênico, a respeito do tema.

Dom Leonardo também comentou a proximidade da reflexão com os temas das próximas duas campanhas da Fraternidade, escolhidos antes da publicação da Encíclica. Em 2016, com a coordenação do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), a CF propõe a temática “Casa comum, nossa responsabilidade”. No ano seguinte, “Vida e Biomas” serão os principais elementos de reflexão.

domingo, 21 de junho de 2015

PALAVRA DE DEUS NO DOMINGO




Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4,35-41


35Naquele dia, ao cair da tarde,
Jesus disse a seus discípulos:
'Vamos para a outra margem!'
36Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo,
assim como estava na barca.
Havia ainda outras barcas com ele.
37Começou a soprar uma ventania muito forte
e as ondas se lançavam dentro da barca,
de modo que a barca já começava a se encher.
38Jesus estava na parte de trás,
dormindo sobre um travesseiro.
Os discípulos o acordaram e disseram:
'Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?'
39Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar:
'Silêncio! Cala-te!'
O ventou cessou e houve uma grande calmaria.
40Então Jesus perguntou aos discípulos:
'Por que sois tão medrosos?
Ainda não tendes fé?'
41Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros:
'Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?'
Palavra da Salvação.


sexta-feira, 19 de junho de 2015

NOTA DO REGIONAL SUL 1 SOBRE IDEOLOGIA DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO

Bispos do regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgaram nota, na quinta-feira, 11, ao final da 78ª Assembleia Episcopal Regional, sobre a inclusão da chamada ideologia de gênero, nos planos municipais de educação. O texto contêm esclarecimentos sobre tema em questão. "Diante dessa grave ameaça aos valores da família, esperamos dos governantes do Legislativo e Executivo uma tomada de posição que garanta para as novas gerações uma escola que promova a família, tal como a entendem a Constituição Federal (artigo 226) e a tradição cristã, que moldou a cultura brasileira", assinam os bispos.
Leiam o texto na íntegra:



NOTA DO REGIONAL SUL 1/CNBB - SOBRE IDEOLOGIA DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO

Aos Srs. Prefeitos, Presidentes e Vereadores dos Municípios, 
educadores e pais no Estado de São Paulo;

Nós, Bispos católicos do Estado de São Paulo (Regional Sul 1 da CNBB), no exercício de nossa missão de Pastores, queremos manifestar nosso apreço ao empenho dos Conselhos Municipais de Educação na elaboração dos Planos Municipais de Educação para o próximo decênio, a serem votados nas Câmaras Municipais. Destacamos nesses projetos, além da universalização do ensino, o empenho em colocar, como eixo orientador da educação, a inclusão social, para que uma geração nova de homens e mulheres possa se tornar construtora de uma sociedade onde todas as pessoas, grupos sociais e etnias sejam respeitados e possam participar e se beneficiar da produção dos bens materiais e culturais, numa nação cada vez mais próspera e justa. Consideramos, entretanto, oportuno e necessário esclarecer o que segue, no que se refere à ideologia de gênero, nos Planos Municipais de Educação:
A discussão dos Planos Municipais de Educação, deveria ser orientada pelo Plano Nacional de Educação (PNE), votado no Congresso Nacional e sancionado em 2014 pela Presidente da República, do qual já foram retiradas as expressões da ideologia de gênero.
Os projetos enviados aos Legislativos Municipais incluíram novamente, em suas propostas, a ideologia de gênero, como norteadora da educação, tanto como matéria de ensino, como em outras práticas destinadas a relativizar a natural diferença sexual.
A ideologia de gênero, com que se procura justificar esta “revolução cultural”, pretende que a identidade sexual seja uma construção exclusivamente cultural e subjetiva e que, consequentemente, haja outras formas igualmente legítimas de manifestação da sexualidade, devendo todas integrar o processo educacional com o objetivo de combater a discriminação das pessoas em razão de sua orientação sexual.
A ideologia de gênero subverte o conceito de família, que tem seu fundamento na união estável entre homem e mulher, ensinando que a união homossexual é igualmente núcleo fundante da instituição familiar.
As consequências da introdução dessa ideologia na prática pedagógica das escolas contradiz frontalmente a configuração antropológica de família, transmitida há milênios em todas as culturas. Isso submeteria as crianças e jovens a um processo de esvaziamento de valores cultivados na família, fundamento insubstituível para a construção da sociedade.
Diante dessa grave ameaça aos valores da família, esperamos dos governantes do Legislativo e Executivo uma tomada de posição que garanta para as novas gerações uma escola que promova a família, tal como a entendem a Constituição Federal (artigo 226) e a tradição cristã, que moldou a cultura brasileira.
Pedimos ainda que seja cumprido o que dispôs o Conselho Nacional de Educação, através da Câmara de Educação Básica, que, dispõe que o ensino religioso integra a base nacional comum da Educação Básica (na resolução número 4, de 13/07/2010, em seu artigo 14, § 1, letra F).
Seja, pois, incluído nos Planos Municipais de Educação o ensino religioso, em sintonia com a confissão religiosa da família, que tem filhos na escola.
Queremos também solidarizar-nos com todos os que sofrem discriminação na sociedade. Que as escolas ofereçam uma educação que valorize a família e a prática das virtudes, acolhendo bem a todos, seja qual for a orientação sexual.
Deus abençoe a todos que trabalham na educação das crianças, adolescentes e jovens.

Aparecida, 11 de junho de 2015.

Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer
Presidente do Conselho Episcopal Regional Sul 1 – CNBB


Dom Moacir Silva
Vice-Presidente do Conselho Episcopal Regional Sul 1 – CNBB



Dom Tarcísio Scaramussa
Secretário do Presidente do Conselho Episcopal Regional Sul 1 – CNBB

quinta-feira, 18 de junho de 2015

OS SACRAMENTOS SÃO SÍMBOLOS?

Por Ione Buyst


Sacramentos: sinais sensíveis...
                Temos o costume de chamar de “sacramentos” os gestos principais que expressam e sustentam nossa fé cristã: batismo, confirmação, eucaristia, reconciliação, unção dos enfermos, ordenação, matrimônio. São sinais sensíveis que realizam aquilo que significam (Cf. SC 7). E o que significam? São chamados a significar, cada qual a seu modo, o mistério da nossa fé, o mistério pascal de Jesus, o Cristo. Pelo batismo, somos mergulhados na morte de Jesus, para ressuscitarmos com ele (Cf. Rm 6, 3-11). Também, ao realizarmos a ação eucarística, realiza-se em nós, sacramentalmente, em mistério, a morte-ressurreição de Jesus, a sua páscoa.
               
Uma nova teoria para explicar os sacramentos...
                Em cada época da história, os cristãos tentaram estudar e explicar, na medida do possível, estas ações sacramentais. Nenhuma explicação será jamais totalmente satisfatória, porque mistério tão grande não cabe em explicações; compreendemos apenas pela fé, instruída pelas Sagradas Escrituras; compreendemos pela experiência celebrativa e pela experiência do seguimento de Jesus no dia-a-dia de nossa vida. Mas, como somos seres racionais, devemos tentar explicar e entender racionalmente, até onde der...
                Atualmente, a maneira de explicar o que acontece quando celebramos um sacramento passa pela “teoria simbólica”. A realidade teológica (sacramento) é analisada do ponto de vista antropológico, enquanto símbolo. Por exemplo, o que acontece no batismo? Num sinal sensível (mergulhar e retirar das águas), aparece e começa a atuar uma realidade escondida, oculta a nossos sentidos. Qual é esta realidade? O mistério pascal de Jesus Cristo. Deixando-nos batizar, optamos por uma vida de seguimento de Jesus, que viveu uma vida de doação, de entrega, de compromisso total com o reino de Deus. E confiamos que, assim, o Pai nos dará a vida em plenitude, numa comunhão de vida, para sempre. Somos identificados com Cristo na sua morte-ressurreição. Sua páscoa acontece em nós.

A graça supõe e assume a natureza...
                O sinal sensível do batismo é um elemento da natureza (água), uma ação de nossa experiência cotidiana ou social com seu sentido evidente (mergulhar na água, correr o perigo de afogar-se numa enchente, ser retirado(a) das águas por outra pessoa, que às vezes até arrisca sua vida para nos salvar...). Este primeiro sentido recebe um complemento das Sagradas Escrituras, principalmente do Novo Testamento, onde este gesto se refere a Jesus e àqueles que se tornam seus seguidores: seu batismo no Jordão, seu batismo na morte, sua ressurreição, como salvamento por parte do Pai, e nossa participação em sua morte-ressurreição.
A força vital, a energia psíquica gerada pela simbolização é como que potencializada pelo Espírito Santo. O dinamismo do Espírito Santo se manifesta e trabalha no gesto humano simbólico. O Sopro Divino assume a água e a transforma, a transfigura, fazendo aparecer a vida divina na realidade humana. A realidade teologal se encarna e se manifesta e atua na realidade humana, antropológica, seguindo a lei da criação, a lei da encarnação e da epifania, a lei da ressurreição e da escatologia. A atuação do Espírito Santo passa pela ação simbólica; atinge-nos pela simbolização.

Seguindo a lei da criação...
                Afinal, Deus nos fez assim, como seres corpóreos/espirituais. Ou como diz o relato bíblico da criação, somos feitos(as) de “barro e brisa”: o Senhor modelou um boneco de barro, soprou sobre ele com sua divina brisa, seu divino sopro, e assim nasceu o ser humano, como ser vivente. Por isso, a comunicação com os seres humanos, mesmo a mais espiritual, passa necessariamente pelo “barro”, pelo corpo, pelos sentidos, pela “matéria”. E os sacramentos seguem esta lógica, esta teo-lógica da criação. Nos sacramentos se unem a “matéria” e o Espírito.

Seguindo a lei da encarnação e da epifania (manifestação)...
                São João, o evangelista, diz que em Jesus “o Verbo se fez carne”; a Palavra de Deus se fez gente com a gente; ergueu seu barraco no meio de nós. Deus se fez “barro”, “matéria”, corpo, possível de ser ouvido, visto, apalpado... por nós, seres humanos, para que pudéssemos entrar em comunhão com ele e encontrar assim nossa felicidade. Assim o expressa o mesmo São João no início de sua primeira carta: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam o Verbo da vida - porque a Vida manifestou-se (...) - o que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo. E isto vos escrevemos para que a vossa alegria seja completa” (1Jo 1,1-4).
                Por isso, os sacramentos seguem esta lógica, esta teologia da encarnação e da manifestação de Deus em nossa humanidade: a realidade divina se manifesta a nossos sentidos, em coisas para ver, ouvir, sentir, cheirar, saborear..., e desta maneira entra em comunhão conosco.

Seguindo a lei da ressurreição e da escatologia...
                Pela ressurreição, o corpo torturado, mutilado, crucificado de Jesus transformou-se em um corpo espiritual, pneumático. Nele nos tornamos gente nova, não mais escravos da natureza humana, mas gente que se deixa guiar pelo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos. Com ele iniciam os novos céus e a nova terra, já presente em germe entre nós. E os sacramentos seguem esta lógica, esta teologia da ressurreição e de escatologia: nos sinais sacramentais já está espiritualmente presente a realidade futura, o reino dos céus, a vida que não termina com a morte.

Sacramento é mistério...
                É bom lembrar ainda que, a partir do Concílio Vaticano II, a palavra “sacramento” (que vem do latim) está sendo de novo entendida como “mistério” (palavra grega que, nos primeiros séculos do cristianismo, foi traduzida por “sacramento”).  Falamos da Igreja como mistério. “Mistérios” são também a eucaristia e o batismo..., porque neles transparece para nós e nos atinge o mistério de Deus, a vida de Deus; Deus enquanto realidade que sustenta e abrange tudo quanto existe. No sacramento vivido como ação simbólica, o mistério aparece e atua: tocando os sinais sensíveis, tocamos o mistério e somos transformados(as) por ele.
                Isto nos ajuda a não restringir o sacramento ao momento da celebração: a ação sacramental faz aparecer o sentido de toda a nossa vida, vivida em comunhão com Jesus Cristo, como experiência do mistério de Deus no mistério da vida humana. Ajuda-nos ainda a não entender o sacramento como um gesto quase mágico (batizou, salvou): é o mistério que atua em nós, é Deus, é o Espírito Santo do Cristo ressuscitado, que vai, ao longo de toda a nossa vida e com a nossa participação, nos transformando, nos revitalizando.

Os sacramentos são ações simbólico-sacramentais

                Para deixar claro esta realidade humano-divina, gosto de dizer que o batismo (assim como os outros sacramentos) é uma ação simbólico-sacramental. “Simbólica”, enquanto realidade humana: “sacramental”, enquanto realidade divina; “simbólico-sacramental”, enquanto realidade humano-divina, na qual o divino e o humano estão aliados, entrelaçados, inseparáveis. E espero que, assim, vocês tenham se recuperado do primeiro susto com a pergunta que está como título desde artigo! Sim, sacramentos são símbolos, ações simbólicas. Mas para entender isso, você deve superar o sentido muito limitado que às vezes se dá no linguajar cotidiano, quando se diz: “É apenas simbólico”, como se fosse uma coisa que não deva ser levada muito a sério ou que não seja real!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

REGIONAL DOS BISPOS DE SÃO PAULO DIVULGAM NOTA SOBRE OS ACONTECIMENTOS DA "PARADA GAY"

Os bispos do regional Sul 1 da CNBB, reunidos por ocasião da 78ª Assembleia Anual, em Aparecida (SP), dias 10 e 11 de junho, emitiram mensagem aos católicos e a todos os cidadãos, diante dos acontecimentos da recente “parada gay”, no domingo, 7, em São Paulo. No texto, os bispos consideram que houve “desrespeito à consciência religiosa” do povo e “ao símbolo da maior fé cristã, Jesus crucificado”. O episcopado, afirmou, ainda, que “todo ato de desrespeito a símbolos, orações e liturgias das religiões constituiu crime previsto pelo Código Penal”. Confira a íntegra da mensagem:

  


 MENSAGEM AOS CATÓLICOS E A TODOS OS CIDADÃOS
Nós, Bispos Católicos das Dioceses do Estado de São Paulo, reunidos na 78ª Assembleia do Regional Sul I da CNBB, diante dos acontecimentos da recente “parada gay 2015”, ocorrida na cidade de São Paulo, com claras manifestações de desrespeito à consciência religiosa de nosso povo e ao símbolo maior da fé cristã, Jesus crucificado, em nome da verdade que cremos, vimos através desta, como pastores do Povo de Deus:
Afirmar que a fé cristã e católica, e outras expressões de fé encontram defesa e guarida na Constituição Federal: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias” (artigo 5º, inciso VI).
Lembrar que todo ato de desrespeito a símbolos, orações, pessoas e liturgias das religiões constitui crime previsto no Código Penal: “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso” (Art. 208 do Código Penal).
Apelar aos responsáveis pelo Poder Público, guardiães da Constituição e responsáveis pela ordem social e pelo estado democrático de direito, que defendam o direito agredido.
Expressar nosso repúdio diante dos lamentáveis atos de desrespeito ocorridos; queremos contribuir com o bem-estar da sociedade, pois somos, por força do Evangelho, construtores e promotores da liberdade e da paz.
Manifestar nossa estranheza ao constatar um evento, como citado seja autorizado e patrocinado pelo poder público, e utilizado para promover atos que afrontam claramente o estado de direito que a Constituição garante.
Lembrar a todos as atitudes firmes do Papa Francisco quanto ao respeito pelo ser humano, aos mais pobres, aos mais simples, à religiosidade popular.
Recordar aos católicos que a profanação de símbolos religiosos pede de nós um ato de desagravo e de satisfação religiosa, pela oração e pela penitência, pedindo ao Senhor Deus perdão pelos pecados cometidos e a conversão dos corações.
Reafirmar, iluminados pelo Evangelho e conduzidos pelo Espírito Santo, nosso respeito a todas as pessoas, também a quem pensa diferente de nós. E convidamos os católicos e pessoas de boa vontade a contribuírem, em tudo, para a edificação da justiça e da paz, do respeito a Deus e ao próximo.
Por fim, confirmamos nosso seguimento a Jesus Cristo e damos testemunho da beleza de nossa fé católica, na certeza de que, assim, contribuímos para o bem da sociedade, anunciando o que de melhor recebemos: Jesus Cristo crucificado, “força e sabedoria de Deus” (1Cor 1,23s), fonte de toda misericórdia.

Aparecida, 11 de junho de 2015.
Memória Litúrgica do Apóstolo São Barnabé


Dom Odilo Pedro Scherer
Presidente do Regional Sul 1 – CNBB


Dom Moacir Silva
Vice-Presidente do Regional Sul 1 – CNBB



Dom Tarcísio Scaramussa
Secretário do Regional Sul 1 – CNBB

domingo, 14 de junho de 2015

PALAVRA DE DEUS NO DOMINGO



Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4,26-34

Naquele tempo:
26 Jesus disse à multidão:
'O Reino de Deus
é como quando alguém espalha a semente na terra.
27 Ele vai dormir e acorda, noite e dia,
e a semente vai germinando e crescendo,
mas ele não sabe como isso acontece.
28 A terra, por si mesma, produz o fruto:
primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga
e, por fim, os grãos que enchem a espiga.
29 Quando as espigas estão maduras,
o homem mete logo a foice,
porque o tempo da colheita chegou'.
30 E Jesus continuou:
'Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus?
Que parábola usaremos para representá-lo?
31 O Reino de Deus é como um grão de mostarda
que, ao ser semeado na terra,
é a menor de todas as sementes da terra.
32 Quando é semeado, cresce
e se torna maior do que todas as hortaliças,
e estende ramos tão grandes,
que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra'.
33 Jesus anunciava a Palavra
usando muitas parábolas como estas,
conforme eles podiam compreender.
34E só lhes falava por meio de parábolas,
mas, quando estava sozinho com os discípulos,
explicava tudo.
Palavra da Salvação.

sábado, 13 de junho de 2015

IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

Depois de termos celebrado a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebramos a memória do Imaculado Coração de Maria. Esta memória ao Imaculado Coração de Maria não é nova na Igreja; tem as suas profundas raízes no Evangelho que repetidamente chama a nossa atenção para o Coração da Mãe de Deus. Por isto na Tradição Viva da Igreja encontramos confirmada pelos Santos Padres, Místicos da Idade Média, Santos, Teólogos e Papas como o nosso João Paulo II.

“Depois ele desceu com eles para Nazaré; era-lhes submisso; e a sua mãe guardava todos esses acontecimentos em seu coração”. Estes relato bíblico que se encontra no Evangelho segundo São Lucas, une-se ao do canto de Louvor – Magnificat – a compaixão e intercessão diante do vinho que havia acabado e a presença de Maria de pé junto a Cruz, para assim nos revelar a sintonia do Imaculado Coração de Maria para com o Sagrado Coração de Jesus. Dentre os santos se destacou como apóstolo desta devoção São João Eudes, e dentre os Papas que propagaram esta devoção de se destaca Pio XII que em 1942 consagrou o mundo inteiro ao Coração Imaculado de Maria.
As aparições de Nossa Senhora em Fátima – Portugal- no ano de 1917, de tal forma espalhou a devoção ao Coração de Maria que o Cardeal local disse: “Qual é precisamente a mensagem de Fátima? Creio que poderá resumir-se nestes termos: a manifestação do Coração Imaculado de Maria ao mundo atual, para o salvar”. Desta forma pudemos conhecer do Céu que o Pai e Jesus querem estabelecer no mundo inteiro a devoção do Imaculado Coração que encontra fundamentada na Consagração e Reparação a este Coração que no final Triunfará.

Imaculado Coração de Maria …sede a nossa salvação!




SANTO ANTÔNIO, ROGAI POR NÓS.

Hoje, celebraremos a memória do popular santo – doutor da Igreja – que nasceu em Lisboa, em 1195, e morreu nas vizinhanças da cidade de Pádua, na Itália, em 1231, por isso é conhecido como Santo Antônio de Lisboa ou de Pádua. O nome de batismo dele era Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo.
Ainda jovem pertenceu à Ordem dos Cônegos Regulares, tanto que pôde estudar Filosofia e Teologia, em Coimbra, até ser ordenado sacerdote. Não encontrou dificuldade nos estudos, porque era de inteligência e memória formidáveis, acompanhadas por grande zelo apostólico e santidade. Aconteceu que em Portugal, onde estava, Antônio conheceu a família dos Franciscanos, que não só o encantou pelo testemunho dos mártires em Marrocos, como também o arrastou para a vida itinerante na santa pobreza, uma vez que também queria testemunhar Jesus com todas as forças.
Ao ir para Marrocos, Antônio ficou tão doente que teve de voltar, mas providencialmente foi ao encontro do “Pobre de Assis”, o qual lhe autorizou a ensinar aos frades as ciências que não atrapalhassem os irmãos de viverem o Santo Evangelho. Neste sentido, Santo Antônio não fez muito, pois seu maior destaque foi na vivência e pregação do Evangelho, o que era confirmado por muitos milagres, além de auxiliar no combate à Seita dos Cátaros e Albigenses, os quais isoladamente viviam uma falsa doutrina e pobreza. Santo Antônio serviu sua família franciscana através da ocupação de altos cargos de serviço na Ordem, isto até morrer com 36 anos para esta vida e entrar para a Vida Eterna.

Santo Antônio, rogai por nós!


sexta-feira, 12 de junho de 2015

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem a sua origem na própria Sagrada Escritura. O coração é uma das maneiras para falar do infinito amor de Deus por nós. Este amor encontra seu ápice com a vinda de Jesus.
Nosso querido São João Paulo II sempre cultivou esta devoção, e incentivou a todos que desejavam crescer  na amizade com Jesus. Em 1980, no dia do Sagrado Coração, afirmou: “Na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a liturgia da Igreja concentra-se, com adoração e amor especial, em torno do mistério do Coração de Cristo. Quero hoje dirigir juntamente convosco o olhar dos nossos corações para o ministério desse Coração. Ele falou-me desde a minha juventude. Cada ano volto a este mistério no ritmo litúrgico do
tempo da Igreja.”

O que Ele nos pede é a consequência lógica do que se dignou nos revelar. Quer dizer, seu amoroso Coração ferido pelas nossas infidelidades, fere por sua vez os nossos. Destes, tão duros e frios, Ele espera contrição, arrependimento e firmes propósitos de honrá-Lo em toda a medida que nos seja possível.
Ele deseja, portanto:
* Uma solene retratação de nossa parte, pedindo-Lhe perdão por cada um de nós e por todo o mundo;
* A Comunhão reparadora, na qual nos esforçamos em confortar o Coração do Mestre, tão desprezado;
* A Comunhão especialmente reparadora das primeiras sexta-feiras de cada mês;
* A instituição de uma festa especial em honra de seu Coração, para agradecer-Lhe por seu amor e Lhe pedir perdão por nossas ingratidões e tibiezas;
* A prática da Hora Santa, quando nos unimos às dores de sua agonia no Horto das Oliveiras;
* A veneração à imagem de seu Coração Sagrado;
* A consagração pessoal a Ele, maduramente refletida e de plena vontade, como sinal de aliança definitiva;
* E, finalmente, a propagação do culto ao Sagrado Coração e de seu Reino.
É muito necessário ressaltar o espírito de desagravo inerente aos pedidos do Divino Salvador. A chaga aberta em seu Coração adorável não cessa de sangrar, sempre renovada pela maldade humana. E só poderemos corresponder ao seu infinito amor por nós se procurarmos estancar esse sangue, se nos esforçarmos em aliviar suas dores, tributando-Lhe amor, respeito e, sobretudo, reparação. É através desta que a devoção ao Coração de Jesus adquire todo o seu sentido e alcança seu pleno florescimento.
Se, porém, de um lado Nosso Senhor anseia pela correspondência dos homens aos apelos de seu amor, de outro tem para eles reservadas as mais preciosas dádivas de sua inexaurível misericórdia. As promessas divinas refulgem como jóias celestiais, feitas de consolação e esperança. Jesus assegura:
* Que todos os seus devotos e a Ele consagrados não se condenarão jamais;
* Que seus apóstolos possuirão o dom de tocar os corações mais empedernidos;
* Que as almas tíbias tornar-se-ão fervorosas, e as fervorosas, perfeitas;
* Que Ele espalhará com abundância suas bênçãos em todos os lugares onde seja exposta e venerada a imagem de seu divino Coração;
* Que Ele reunirá as famílias divididas, protegerá e socorrerá aquelas que se encontrem em dificuldades e para Ele se voltem com confiança;
* Que difundirá a suave unção de sua ardente caridade sobre todas as Comunidades que O honrem e se coloquem sob a sua especial proteção.
* E, por fim, o dom em que mais reluz a generosidade divina: "Prometo-te - afirma Jesus a Santa Margarida-Maria -, na excessiva misericórdia de meu Coração, que meu amor onipotente concederá a todos os que comungarem na primeira sexta-feira de nove meses seguidos, a graça da penitência final; não morrerão de modo algum na minha desgraça e sem receber os Sacramentos, tornando-se meu divino Coração o seu asilo seguro nesse último momento".
Temos, assim, uma idéia da mensagem no seu conjunto, com a tocante revelação do insondável amor do Coração de Jesus e de sua ferida íntima, seus paternais pedidos, e suas consoladoras promessas para aqueles que, humilde e fervorosamente, corresponderem a seus divinos apelos.
É ao coração de cada um de nós que Nosso Senhor nos fala, do fundo de seu próprio Coração Sagrado. Por conseguinte, não é apenas de nossos lábios ou de nossas atitudes exteriores que Ele deseja uma resposta, e sim do mais recôndito de nossas almas. Esforcemo-nos em atendê-Lo, em desagravá-Lo de tantas chagas que Lhe causam os pecados do mundo, para sermos dignos de suas celestiais misericórdias, de seu incomensurável amor que "repousa perdoando".

FONTE: ("Sagrado Coração de Jesus, Tesouro de Bondade e Amor", Mons. João Clá Dias, EP)