“Será, portanto, um Ano Santo extraordinário para viver, na existência de cada dia, a misericórdia que o Pai, desde sempre, estende sobre nós. Neste Jubileu, deixemo-nos surpreender por Deus. Ele nunca se cansa de escancarar a porta do seu coração, para repetir que nos ama e deseja partilhar conosco a sua vida. A Igreja sente fortemente a urgência de anunciar a misericórdia de Deus; sua vida é autêntica e crível quando faz da misericórdia seu convicto anúncio. Sabe que a sua missão primeira, sobretudo numa época como a nossa, cheia de grandes esperanças e fortes contradições, é a de introduzir a todos no grande mistério da misericórdia de Deus, contemplando o rosto de Cristo. A Igreja é chamada, em primeiro lugar, a ser verdadeira testemunha da misericórdia, professando-a e vivendo-a como o centro da Revelação de Jesus Cristo. Do coração da Trindade, do íntimo do mistério de Deus, brota e flui incessantemente o grande rio da misericórdia. Esta fonte nunca poderá esgotar-se, por maior que seja o número daqueles que dela se aproximam Sempre que alguém tiver necessidade, poderá achegar-se a ela, porque a misericórdia de Deus não tem fim”. Papa Francisco, Misericordiae Vultus, n.25
3 MISERICORDIOSOS COMO O PAI
Aos Bispos Auxiliares de São Paulo, Aos membros do clero, diáconos, religiosos e religiosas, Ao querido Povo de Deus em São Paulo: Queridos irmãos e irmãs: O Papa Francisco proclamou o Ano Santo Extraordinário da Misericórdia no dia 11 de abril passado, com a Bula Misericordiae Vultus (O Rosto da misericórdia do Pai é Jesus Cristo”...). O Ano Santo terá início no dia 8 de dezembro de 2015 e será concluído em 20 de novembro de 2016, festa de Cristo Rei. Recomendo a todos a leitura atenta da Bula Misericordiae Vultus, de proclamação do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia; nesse texto-base do Jubileu da Misericórdia, o Papa apresenta as grandes motivações para a celebração deste Ano Santo extraordinário, além de indicações importantes sobre como celebrar este tempo especial da graça de Deus. Esta minha carta não pretende substituir, nem repetir as palavras do Papa, mas oferecer algumas motivações e orientações para celebrarmos bem este Ano Santo extraordinário em toda a arquidiocese de São Paulo. Anos Santos, ou Jubileus, são celebrados ordinariamente a cada 25 anos; fora dessa sequência, eles são Jubileus extraordinários. O motivo especial para este Jubileu é o cinquentenário do Concílio Vaticano II, encerrado em 8 de dezembro de 1965. Além disso, o Papa Francisco coloca o Jubileu extraordinário da Misericórdia na perspectiva da “nova evangelização”, com o objetivo de anunciar e testemunhar a misericórdia de Deus, que faz parte da essência do Evangelho.
4 O Ano Santo, ou Jubileu, é um tempo propício para nos voltarmos para Deus de todo coração, para louvar e agradecer com alegria (“júbilo”) pelas graças recebidas; mas também é um “tempo favorável” para acolher graças especiais de Deus, através do serviço da Igreja, e para buscar mais intensamente o encontro com Ele e com os irmãos. A conclusão do Ano Jubilar está marcada para a festa solene de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, 20 de novembro de 2016. Toda a nossa vida e toda a história da humanidade está sob o signo da misericórdia de Deus, manifestada a nós por meio de Jesus Cristo. No final de nossa vida terrena, encontraremos Jesus Cristo glorificado, Senhor e Juiz da história e também de cada um de nós. Todos esperamos que Ele seja um juiz clemente e misericordioso. Mas sabemos, desde agora, que “o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia” (cf Tg 2,13). No Ano Santo, somos chamados à conversão de vida, ao arrependimento, à reconciliação com Deus e com o próximo e a renovar-nos espiritualmente mediante o perdão de Deus, que abre “os tesouros de sua misericórdia” (cf Ef 2,4), sendo indulgente para conosco, pecadores.
I. MOTIVOS PARA A PROCLAMAÇÃO DO JUBILEU DA MISERICÓRDIA
O Papa Francisco marcou, não por acaso, o início do Ano Jubilar extraordinário para o dia 8 de dezembro: nesse dia, além de se comemorar a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, também se recorda que há 50 anos era encerrado o Concílio Ecumênico Vaticano II pelo Papa Paulo VI. Francisco lembra-nos que o Concílio foi uma grande bênção para a Igreja e para a humanidade e que ele já produziu muitos frutos ao longo desses 50 anos. Portanto, temos muito a agradecer a Deus.
5 Ao mesmo tempo, resta ainda muito por fazer para que as decisões do Concílio sejam postas plenamente em prática. O Concílio representou um grande esforço da Igreja para evangelizar mais e melhor. Todos os documentos do Concílio são marcados pela preocupação de evangelizar de maneira mais adequada ao tempo e às circunstâncias. E o Papa São João XXIII, no discurso de abertura do Concílio, em 1962, dizia que era chegado o tempo em que a Igreja devia usar, mais que o bastão da severidade, o remédio da misericórdia, para chegar a todas as pessoas e levar a todos a Boa Nova da salvação. Pois bem, 50 anos depois do Concílio, continua atual e urgente o desafio, a graça e a grande tarefa da evangelização; a “nova evangelização” deve partir das mesmas preocupações do Concílio: evangelizar de novo e sempre, com coragem e alegria, sem se cansar; e também, de maneira adequada às situações do nosso tempo. Sem esquecer que o Evangelho é, antes de tudo, o “belo anúncio” do amor misericordioso de Deus para todas as pessoas: “tanto Deus amou o mundo, que lhe entregou seu Filho único, para que todo aquele que nele crer, não morra para sempre, mas tenha a vida eterna” (cf Jo 3,16). O Ano Santo, ou Jubileu, é um “tempo forte” na vida da Igreja e somos convidados a viver bem este “tempo de misericórdia”. O Papa Francisco apresenta três grandes metas para o Ano Santo da Misericórdia e nos indica o caminho para viver o Ano Santo.
1. ACOLHER A MISERICÓRDIA DE DEUS. Somos todos filhos da misericórdia de Deus e, sem ela, não seríamos ninguém, nem existiríamos. Deus é amor - “Deus caritas est”! “Amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4, 7-8). 6 O agir de Deus para conosco é, acima de tudo, orientado pelo seu amor misericordioso de Pai, e pela ternura e compaixão, como se fosse uma mãe (cf Is 66,13). Deus volta-se para os pequenos e humildes, para os que sofrem, para os contritos de coração e para os que buscam seguir seus mandamentos. A tomada de consciência do amor misericordioso, gratuito e infinito de Deus faz parte da experiência religiosa mais profunda e autêntica. Tantas e tantas pessoas puderam experimentar isso no encontro com Jesus Cristo: doentes, pobres, sofredores de todo tipo, pessoas discriminadas, rejeitadas e condenadas pela sociedade e até pela religião, pecadores públicos, como a pecadora arrependida, Zaqueu, o bom ladrão... Jesus era constantemente animado pela misericórdia de Deus, que busca o que está perdido e salva (“cura”) o que está ferido ou fragilizado: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os doentes. Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia eu quero, e não o sacrifício. Com efeito, eu não vim chamar justos, mas pecadores” (Mt 9, 12-13). Mas também Pedro e os apóstolos fizeram a experiência da misericórdia de Deus no encontro com Jesus! Paulo ficou marcado para sempre pelo encontro com Jesus, que o chamou e escolheu para ser apóstolo, embora ele ainda odiasse Jesus e os cristãos: “Ele me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). Tantas pessoas comuns e ilustres, como também grandes santos, fizeram essa mesma experiência do amor misericordioso de Deus, que ilumina, cura e reorienta a vida: S.Agostinho, S.Francisco de Assis, S.Inácio de Loyola, S.José de Anchieta, S.Teresinha do Menino Jesus, o Bem-Aventurado Carlos de Foucauld e tantos outros! As parábolas da misericórdia retratam bem o coração misericordioso de Deus para com a humanidade: o “filho pródigo” pode confiar no perdão do pai e lançar-se no seu abraço (cf Lc 15,11-32); a “ovelha perdida” é preciosa ao coração do Bom 7 Pastor da humanidade, que a procura e resgata com toda ternura (cf. Lc 15,1-7). E nem a “moedinha perdida e reencontrada” deixa de ser motivo de festa no céu (cf. Lc 15,8-10). Jesus é o “Bom Samaritano” da humanidade, que se inclina sobre nossas misérias e nos trata com todo o cuidado e carinho (cf. Lc 10,29-37). 1.1 Somos todos carentes da misericórdia de Deus A pessoa soberba, cheia de si, pensa ser melhor que as demais e não precisa dos outros. Pensa bastar-se a si mesma e despreza as fraquezas dos imperfeitos e necessitados de ajuda... Também pode existir certa “religiosidade soberba”, que pretende dar-se a salvação pelos próprios méritos, sem precisar de Deus! Jesus, no Evangelho, denunciou a religiosidade soberba dos que achavam ser perfeitos e desprezavam os pecadores; e também reprovou a oração do fariseu presunçoso, que se vangloriava dos próprios méritos diante de Deus, desprezando o publicano, que também rezava, bem humilde, lá no fundo do templo (cf. Lc 18,9-14). Aos fariseus, que o reprovavam porque foi tomar refeição na casa do publicano Zaqueu, Jesus lembrou o que disse o profeta: “Misericórdia eu quero, e não sacrifícios” (Mt 9,13; cf Os 6,6). Maria, no seu cântico, também proclama que Deus “derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes” (Lc 1,52). Nós, cristãos, como todas as pessoas de fé em Deus, precisamos renovar-nos todos os dias na misericórdia de Deus, sem cair na tentação da religiosidade soberba e auto-suficente. A misericórdia de Deus é infinita: “Os favores do Senhor não terminaram, suas misericórdias não se acabam; elas se renovam todas as manhãs” (Lm 3,22-23). O povo de Deus do Antigo Testamento fez muitas vezes a experiência da ruína, por causa de sua desobediência a Deus e sua “dureza de coração”. O orgulho dos seus chefes e a infidelidade a Deus foram o motivo da experiência da fraqueza, da destruição do país, do exílio, da escravidão e de muito sofrimento. 8 Mas quando o povo de Deus se arrependia e se voltava a Deus novamente, com toda humildade, logo Deus lhe estendia a mão e o restaurava, cheio de ternura e compaixão. A história do Povo de Deus e da humanidade, de maneira geral, é história de pecado, de misericórdia e de graça de Deus. E não é diferente hoje. A soberba pode estar presente nas atitudes de negação e ofensa a Deus, como também nas práticas religiosas apenas formais e sem conversão sincera da vida. Um mundo que pretende edificar-se, sem Deus, cai na mesma tentação de Adão e Eva, lá no início da humanidade. O tentador os enganou: “sereis como deuses” (Gn 3,5). A soberba dos nossos primeiros pais e da humanidade deu e continua a dar origem a tanta confusão no mundo! O soberbo pensa que não precisa de Deus, nem de religião, nem de perdão, nem de mão estendida... Pensa que a misericórdia é para os fracos e não para o “super-homem”, que se coloca no lugar de Deus. Quanta vontade de ser “super” existe também hoje, sem a aceitação dos próprios limites! Quanto esforço para preencher, com mais vazio, o vazio da vida! A soberba da vida leva à frustração e pode levar à destruição, não apenas de si mesmo, mas também dos outros e do mundo! Todos nós já fomos beneficiados tantas vezes pela misericórdia de Deus, que não tem limites. Ao longo deste Ano Santo, seria bom que cada um fizesse a recordação dos momentos em que experimentou de perto a misericórdia de Deus, quer no Sacramento do Perdão, quer em algum momento de extrema fragilidade e necessidade, quer ainda através de momentos muito felizes, em que sentimos que a misericórdia de Deus foi muito grande para conosco... Recordemos e agradeçamos de todo coração! 9 1.2. A misericórdia restaura e salva A misericórdia de Deus está na essência do Evangelho, como recordou o Papa Francisco na Bula: ninguém pode viver sem ela, se quiser ser livre e ter alegria na vida. E a Igreja não pode deixar de lado o anúncio da “boa notícia” do amor misericordioso de Deus para conosco e o convite insistente para aceitar a misericórdia de Deus. Assim fez S. Paulo, à comunidade dos Coríntios: “É agora o tempo favorável; é agora o dia da salvação” (2Cor 6,2). Não deixemos passar esta hora da graça: “Em nome de Cristo, vos suplicamos: Reconciliai-vos com Deus!” (2Cor 5,20). O Jubileu extraordinário da Misericórdia é um “tempo favorável” para que cada um de nós faça a experiência pessoal do encontro com o Deus misericordioso, que não está longe de nós e se deixa encontrar por todo aquele que o procura com sincero e humilde coração. A soberba enrijece os sentimentos e atitudes e leva ao deserto espiritual, onde é impossível encontrar paz e felicidade. A humanidade está carente de misericórdia e necessita urgentemente ser ajudada a se confrontar com a misericórdia restauradora do Pai, que nos ama e nos faz viver do seu infinito amor. A própria comunidade da Igreja precisa renovar-se constantemente na misericórdia de Deus; a Igreja não salva a si mesma, mas é salva por Aquele que a ama e por ela se entregou inteiramente, com amor sem reserva (cf. Ef 5,25). Por isso mesmo, a pregação da Igreja não pode ser animada por nenhuma atitude soberba, esquecida de que ela também é agraciada pela misericórdia do Pai, que se manifestou no amor do Filho, “até o fim”, e se renova continuamente pela ação do Espírito Santo. Toda razão de ser da Igreja está em ser testemunha e servidora do amor misericordioso de Deus para o mundo. 10
2. SERVIÇO À MISERICÓRDIA DE DEUS
A segunda grande meta deste Ano Santo é colocar-se amplamente a serviço da misericórdia de Deus em favor da humanidade. A Igreja é “embaixadora” da misericórdia de Deus para o mundo (cf. 2Cor 5,20). Não por acaso, uma das primeiras missões que Jesus ressuscitado confiou aos apóstolos foi o serviço da reconciliação e do perdão dos pecados: “Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23). A misericórdia de Deus não é algo distante e ideal, mas torna-se próxima e acessível através do ministério da Igreja, que recebeu de Jesus o poder de perdoar os pecados e de reconciliar com Deus e consigo mesmos todos os pecadores que têm um coração contrito.
2.1. O Sacramento da Confissão O Sacramento da Reconciliação deve ser parte importante do Ano Santo e precisa ser oferecido e proporcionado amplamente ao povo. É serviço à misericórdia de Deus e de misericórdia para os irmãos. A nova evangelização passa necessariamente pela recuperação desse serviço à humanidade por parte da Igreja, através de uma eficaz pastoral do Sacramento da Reconciliação e do Perdão. O Papa São João Paulo II já ensinava que a vida da Igreja é autêntica quando ela “professa e proclama a misericórdia, o mais admirável atributo do Criador e do Redentor, e quando aproxima os homens das fontes da misericórdia do Salvador, das quais ela é depositária e dispensadora”1 . Nós temos a missão de anunciar a misericórdia de Deus, como “coração pulsante do Evangelho”, que deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa , por meio da Igreja.
Portanto, peço que durante o Ano Santo, as paróquias e todas as igrejas abertas para celebrações com o povo em nossa Arquidiocese ofereçam ocasiões e horários abundantes para a celebração do Sacramento da Penitência e para a confissão sacramental individual, conforme prescrição da Igreja no Ritual da Penitência. Além dos tempos litúrgicos fortes, como o Advento, a Quaresma e as festas dos Padroeiros das paróquias e igrejas, também as peregrinações sejam momentos privilegiados para oferecer esse serviço ao povo de Deus. De toda maneira, como pede a Igreja, haja horários regulares e conhecidos para as confissões em cada igreja. Os sacerdotes, que atendem o povo em confissão, realizam uma grande obra de misericórdia . Mas a Igreja também se coloca ao serviço da misericórdia de Deus na medida em que ela orienta e estimula as pessoas à prática da misericórdia e organiza as ações e serviços da misericórdia na comunidade. O Papa pede que se preparem e enviem “missionários da misericórdia” a todos os lugares e situações de sofrimento e tristeza, para levarem a “boa notícia” do amor misericordioso de Deus aos doentes, pobres, enlutados, esquecidos, prisioneiros, machucados no corpo e na alma... Seria bom que em cada paróquia fossem organizadas as “visitas da misericórdia”, para que todas as pessoas impossibilitadas de se deslocarem à igreja sejam visitadas e confortadas com a oração, a leitura da palavra de Deus e também a ajuda solidária concreta, onde isso se fizer necessário. Muitos voluntários poderão se empenhar no “serviço de misericórdia”, que poderá estender-se, depois, para bem além deste Ano Santo!
A PRÁTICA DA MISERICÓRDIA
A terceira grande meta do Ano Santo da Misericórdia é recuperar a prática sistemática das obras de misericórdia, como parte da vivência cristã. “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). A prática da misericórdia deve ser uma das marcas da vida cristã; sem ela, não seremos reconhecidos como “filhos do Pai celeste”, nem alcançaremos misericórdia junto de Deus (cf. Mt 18,33); nunca devemos esquecer que, antes de todos, nós mesmos precisamos da misericórdia do Pai. Nossa resposta de fé ao Evangelho, traduzida na prática da vida cristã, precisa assimilar e expressar mais e mais o amor misericordioso de Deus. Nada na nossa vida pessoal e na vida pastoral da Igreja deveria ser contrário à misericórdia; o Papa Francisco lembra que “a credibilidade da Igreja passa pela via do amor misericordioso e compassivo”. E pergunta, se não esquecemos de indicar esse caminho, ficando, em vez disso, apenas na exigência da justiça? A justiça é necessária mas, para o cristão, ela representa apenas o primeiro passo, pois a misericórdia vai ainda além da justiça. Em nossa cultura, vai sendo perdida a experiência do perdão e da reconciliação . Quanta coisa acaba nos tribunais civis, desnecessariamente! O Ano Santo da Misericórdia nos indica novamente que o caminho da vida cristã passa pelo perdão e pela reconciliação; que somos chamados a ser como o Bom Samaritano e a nos encarregar dos feridos, dos caídos, dos enfraquecidos e dos irmãos, mesmo desconhecidos, que passam por mil dificuldades ou vivem em situação de risco: o cristão deve ir além da mera justiça e praticar a misericórdia. Jesus nos ensina como deve ser a atitude misericordiosa: não julgar, não condenar, ser generosos, sem medida, fazer o bem até a quem nos faz o mal... Pois, assim, também Deus não nos julgará, nem condenará e usará uma generosa medida de bondade para conosco (cf Lc 6,37-38). 3.1 As obras de misericórdia O Papa Francisco convida com insistência a refletir sobre as obras de misericórdia corporais e espirituais , que traduzem concretamente as exigências e as possibilidades que temos para a prática cotidiana da misericórdia. As obras de misericórdia corporais são: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, visitar os encarcerados, assistir os doentes, vestir quem está sem roupa, abrigar quem está sem casa, sepultar os mortos. Naturalmente, a “fantasia da caridade” nos indicará muitas maneiras sobre como praticar essas obras de misericórdia. E as obras de misericórdia espirituais são: consolar os aflitos, orientar os desorientados, ensinar os que ignoram, admoestar os que erram, perdoar as ofensas, suportar com paciência as injustiças, rezar a Deus pelos vivos e os falecidos. Se o ensino e o estímulo à prática das obras de misericórdia foram deixados indevidamente de lado; o Ano Santo pode ser uma boa ocasião para reintroduzir essas boas práticas cristãs na pregação e na vida diária. O Evangelho foi anunciado por Jesus como um “tempo de misericórdia”, marcado pelas obras concretas praticadas por ele mesmo, conforme lemos no Evangelho: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu, para anunciar a Boa Nova aos pobres, para proclamar a libertação aos presos, a recuperação da vista aos cegos...” (cf Lc 4,16-20). Se nós somos de Cristo (“cristãos”), devemos continuar a testemunhar, pelo nosso agir, que esse “tempo de graça e de misericórdia” chegou e continua no mundo: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Concretamente as obras de misericórdia são exigências da caridade e do amor misericordioso; não deveríamos passar nenhum dia sem praticar algumas delas. Seremos julgados pelas obras de misericórdia praticadas, ou deixadas de praticar: “Todas as vezes que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25,31-46). Portanto, sabemos desde agora que Jesus considera como feito a si o que fazermos de bom e de mal ao próximo. Vale a pena exercitar-se cada dia em “fazer o bem a Jesus”, sendo bons e misericordiosos para com as pessoas. O Papa convida a dar atenção especial a todos os que vivem nas mais variadas “periferias existenciais” do mundo contemporâneo6 . Procuremos olhar com atenção ao nosso redor: quantas situações de precariedade, solidão, dor, luto e angústia! Quantas feridas para serem lavadas e enfaixadas! Quanta indiferença a ser vencida! Como seria bom se, ao longo deste Jubileu da Misericórdia, nos exercitássemos todos os dias na prática das obras de misericórdia espirituais! E que isso continuasse, depois, ao longo de toda a vida! A prática diária da misericórdia nos deixará mais humildes e respeitosos em relação aos outros; e nos deixará mais confiantes em Deus, certos de que também nós mesmos precisamos contar com a misericórdia de Deus: “Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes” (1Pd 5,5). Que seria de nós, se Deus fosse tão severo conosco, como nós, por vezes, somos com os outros, em pensamentos, julgamentos, palavras e ações? Se Deus deixasse de lado a misericórdia e usasse apenas a justiça em relação a nós, estaríamos mal. A misericórdia de Deus nos restaura, cura as feridas e devolve a paz. Assim podemos fazer nós também em relação às outras pessoas.
II. PRÁTICAS PARA O ANO DA MISERICÓRDIA
Algumas práticas fazem parte da vivência dos Anos Jubilares: Abertura e passagem pela Porta Santa, peregrinações, pregações especiais e chamados à conversão, confissão, concessão de indulgências, caridade e outros exercícios ligados ao tema do Ano Santo... O Papa deseja que as celebrações e iniciativas do Ano Santo não aconteçam apenas em alguns “lugares santos”, mas nas dioceses de todo o mundo; por isso, pediu aos bispos diocesanos que deem orientações locais ao povo nesse sentido.
1.PORTA SANTA E IGREJAS DE PEREGRINAÇÃO
A Porta Santa tem um valor simbólico muito especial na fé cristã. Jesus mesmo é a porta dos pastores e das ovelhas (cf. Jo 10,7). Quem quiser chegar a Deus, precisa passar por esta porta: “Ninguém vai ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14,6). Ele é a “porta da misericórdia” de Deus para o mundo e todos podemos bater a essa porta, sempre que quisermos; ela nunca deixará de se abrir para nós. Passar pela Porta Santa é uma ação simbólica e deve significar nossa atitude de fé em Deus misericordioso e em Jesus Cristo Salvador, bem como nosso desejo de obter misericórdia e indulgência da parte de Deus. A passagem pela Porta Santa deve ser preparada com fé e oração, para levar-nos ao encontro profundo com o Deus da misericórdia através da escuta da Palavra, da Confissão e da Eucaristia. 16 A Porta Santa aberta é um convite a entrar, a não ficar fechados e indiferentes diante da graça especial que Deus nos oferece. Uma das obras de misericórdia espirituais, ao longo do Ano Santo, pode ser justamente esta: visitar pessoas afastadas da Igreja e da prática da vida cristã e convidá-las com carinho a passarem pela Porta Santa, que é Cristo, e a retomarem a participação na vida da Igreja. Em cada diocese, o bispo determina qual, ou quais serão as IGREJAS DESTINADAS À PEREGRINAÇÃO, onde haverá especial atendimento de confissões, celebrações e pregações durante o Ano Santo e a concessão das indulgências previstas. O Papa Francisco faz a abertura do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia para toda a Igreja no dia 8 de dezembro, com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Não é necessário abrir novamente o Ano Santo nas dioceses, pois o Papa o fará para a Igreja de todo o mundo. No domingo seguinte, dia 13 de dezembro, as dioceses de todo o mundo poderão abrir as respectivas Portas Santas.
2. PORTAS SANTAS NA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
Na Arquidiocese de São Paulo haverá Portas Santas nas 6 igrejas destinadas às peregrinações durante todo o Ano Santo. As Portas Santas serão abertas no domingo, dia 13 de dezembro de 2015:
a. Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo Apóstolo, para toda a Arquidiocese e, em especial, para a Região Episcopal Sé, às 11h00;
b. Igreja de Sant’Anna, para a Região Santana, às 15h00;
c. Igreja de Nossa Senhora da Expectação (Freguesia do Ó), para a Região Brasilândia, às 15h00;
d. Igreja de Nossa Senhora da Lapa, para a Região Lapa, às 15h00;
e. Igreja-Santuário de São Judas Tadeu, para a Região Ipiranga, às 15h00;
f. Igreja de Nossa Senhora do Sagrado Coração (Vila Formosa), para a Região Belém, às 15h00.
O Arcebispo metropolitano presidirá a abertura da Porta Santa da Catedral Nossa Senhora da Assunção e São Paulo no dia 13 de dezembro. No mesmo dia, os Bispos Auxiliares presidirão a abertura da Porta Santa em cada uma das outras 5 igrejas de peregrinação acima indicadas. Recomendo a especial participação nessas celebrações de abertura da Porta Santa, nas quais também se poderá fazer um “envio” a todos os encarregados de promover a celebração do Ano Santo na Arquidiocese e nas respectivas Regiões Episcopais. Todas as paróquias, comunidades e organizações religiosas e pastorais de cada Região Episcopal poderão organizar suas peregrinações para a igreja destinada para esse fim em sua Região, ou também para a Catedral Metropolitana. Todas as organizações eclesiais, religiosas e pastorais de âmbito arquidiocesano organizem suas peregrinações para a Catedral Metropolitana.
3. PEREGRINAÇÕES
Peregrinações fazem parte de quase todas as tradições religiosas do mundo. Na Bíblia, conhecemos as peregrinações anuais para o templo de Jerusalém, que também Jesus fazia. No Cristianismo, os lugares relacionados com as origens da nossa fé e ligados a Jesus Cristo e aos apóstolos tornaram-se metas de peregrinação bem cedo e continuam sendo até hoje. Muitos outros “lugares santos” e santuários, especialmente significativos para a fé, como os lugares das aparições de Nossa Senhora ou o túmulo dos santos e dos mártires, passaram a fazer parte da piedade popular e metas 18 de peregrinação. A Igreja põe grande valor nas peregrinações e estimula a pastoral dos santuários e lugares santos. As peregrinações também têm forte valor simbólico e lembram o peregrinar do homem pelo mundo, sem que tenha aqui “pátria definitiva” (cf. Fl 3,20): estamos à procura da “cidade que há de vir”, a “Jerusalém celeste” (cf. Ap 21,1-2). Somos peregrinos neste mundo e buscamos a “casa do Pai” (cf. Jo 14,2). Quando o homem se põem a peregrinar, ele procura matar um pouco daquela saudade misteriosa do encontro com Deus, que todos trazem no coração. Ao fazê-lo, os cristãos procuram seguir os passos de Jesus Cristo Salvador, “caminho, verdade e vida”, que vai à frente da humanidade peregrinante, para que ela não perca o rumo nem desfaleça no caminho (cf. Jo 14, 5-6). As peregrinações do Ano Santo precisam ser preparadas com antecedência, mediante a pregação sobre a misericórdia de Deus, as práticas de penitência e as obras de misericórdia; não deve faltar a celebração penitencial e a confissão em preparação à peregrinação, que deverá ter um sentido religioso e de júbilo: “Que alegria, quando me disseram: “Vamos à casa do Senhor!” (Sl 122,1). Nas Missas celebradas nas peregrinações, será dada também a bênção com a indulgência plenária do Ano Santo para aqueles que estiverem bem dispostos a recebê-la. Cada Paróquia, organização eclesial e pastoral, deverá organizar a sua peregrinação e reservar a data no calendário da programação do Ano Santo na igreja onde a peregrinação será feita. Geralmente, as peregrinações sejam feitas no sábado à tarde e no domingo, ou em dias feriados, para dar maior possibilidade de participação ao povo. As datas das peregrinações das comunidades sejam amplamente divulgadas, com o convite à participação. Nas peregrinações, é aconselhado fazer um gesto concreto 19 comunitário de caridade e misericórdia, mediante uma coleta em dinheiro ou em gêneros não perecíveis, a serem destinados conforme decisão da comunidade peregrinante. A Mitra da Arquidiocese terá uma conta para a qual poderão também ser versadas as doações em dinheiro, a serem, depois, encaminhadas pela Arquidiocese às devidas destinações.
4. PREGAÇÃO E CATEQUESE
O Papa Francisco promulgou o Jubileu extraordinário da Misericórdia e quer que ele seja celebrado na perspectiva da nova evangelização. Bem por isso, este tempo de graça também deve ser marcado por abundante e extraordinária pregação da Palavra de Deus e por uma renovada catequese. Os tempos fortes do Ano Litúrgico, como o Advento, a Quaresma e a Páscoa, poderão oferecer indicações abundantes para essa pregação, sempre destacando a misericórdia de Deus, a acolhida e a prática da misericórdia. Mas também as festas dos padroeiros das paróquias, comunidades e organizações religiosas devem ser momentos de pregação intensa. Os santos, de maneira geral, foram grandes testemunhas e praticantes da misericórdia e seria bom destacar esses exemplos vivos para o povo, de maneira especial, para as crianças e jovens. O estudo da Bula Misericordiae Vultus, com grupos diversos, bem como o estudo e a leitura orante dos salmos e das parábolas da misericórdia pode ser de grande utilidade. Mas o Ano Santo poderá ser a ocasião propícia para uma renovada pregação sobre os Mandamentos da Lei de Deus, os Sacramentos da Igreja, as Virtudes cristãs e as Obras de Misericórdia. A renovação e o revigoramento da fé do povo fiel também são obras de misericórdia de inestimável valor. A Palavra de Deus e o Catecismo da Igreja Católica devem ser companhia constante durante o Ano Santo. 20
5. INDULGÊNCIAS
O Jubileu inclui também a concessão especial da indulgência, que se relaciona sempre com o perdão de Deus para os nossos pecados. “O Senhor é misericordioso e compassivo, lento para a cólera e rico em bondade” (Sl 103,8). A indulgência está ligada ao poder de perdoar os pecados, que Jesus confiou aos apóstolos e à Igreja: “Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados” (Jo 20,23). Pela confissão, os pecados são perdoados; e pela indulgência, ficam curadas as consequências do pecado em nós; a misericórdia de Deus nos restaura para a prática do bem7 . A recepção válida da indulgência plenária, conforme prescrição da Igreja, deve obedecer a algumas condições: arrependimento sincero dos pecados e desejo firme de conversão; confissão sacramental, ou ter confessado há pouco tempo; participação da Santa Missa e comunhão eucarística; renovação da profissão da fé da católica; oração pelo Papa e as suas intenções pela Igreja de todo o mundo; alguma ação concreta de caridade. Os fiéis e peregrinos deverão ser avisados sobre essas normas no início de cada Missa, na qual é concedida a indulgência. O Papa Francisco observa que, no Ano Santo da Misericórdia, a indulgência ganha uma relevância ainda maior8 . Não tenhamos medo, nem falso respeito humano ao falar das indulgências: se houve abusos no passado, com a “venda de indulgências” por parte de alguns, isso foi errado e deve estar superado. Mas isso não nos deve impedir de realizar hoje, com propriedade, algo aprovado pela fé católica e pela prática legítima da Igreja. O povo de Deus tem o direito de receber a indulgência ligada às práticas do Ano Santo.Também os doentes, idosos e pessoas impedidas de participar das peregrinações podem ganhar a indulgência, bem como os encarcerados. Recomendo a leitura da Carta do Papa Francisco, de 1º de Setembro de 2015, sobre a concessão das indulgências no Ano Santo da Misericórdia (cf. www.arquisp.org.br).
6. MISSIONÁRIOS DA MISERICÓRDIA Cada Paróquia e organização eclesial também pense na organização do “voluntariado da misericórdia”, organizando grupos e iniciativas concretas para o anúncio e o testemunho da misericórdia e para o exercício concreto das “obras de misericórdia”: Cuidar dos pobres, visitar os doentes nos hospitais e nas casas, interessar-se pelos moradores de rua (“estive sem casa...”), pelos prisioneiros, pelos drogados, os idosos, os enlutados, os analfabetos, desempregados, etc. A vivência do Ano Santo deve ser dinamizada durante o ano inteiro para que deixe marcas profundas na evangelização e na formação cristã das pessoas. Não esqueçamos que a própria evangelização e a formação cristã são obras de misericórdia muito necessárias e benéficas. Cada paróquia tenha uma comissão, formada por diversas pessoas, para ajudar na organização e dinamização das iniciativas do Ano Santo. 22
CONCLUSÃO Ao encerrar esta carta, recordo mais uma vez que a misericórdia não é para nós algo opcional ou secundário. Ser “misericordiosos como o Pai é misericordioso” (Lc 6,36) foi a firme recomendação de Jesus. Sabemos bem que “as misericórdias de Deus” são infinitas e nunca chegaremos a ser tão misericordiosos “como” Deus é misericordioso; mas a meta está dada e, seguramente, o contrário dessa meta nos afasta para longe de Deus e da vida eterna. Entremos nos exercícios do Ano Santo desde o seu início. Alegremo-nos: é tempo de júbilo por causa das graças que Deus nos concede: “Cantarei para sempre as misericórdias do Senhor” (Sl 89,2). Acolhamos com humildade a misericórdia de Deus, manifestada de tantas maneiras. Procuremos exercitar-nos todos os dias na prática das obras de misericórdia. Em São Paulo, temos um motivo especial para agradecer a Deus: celebramos o 270º aniversário de criação da “diocese” de São Paulo, criada em 6 de dezembro de 1745. Quanto Deus foi misericordioso para conosco ao longo deste tempo! Quantas graças concedidas! Quanto perdão restaurador! Aproveitemos este Ano Santo Extraordinário para dar graças a Deus por tudo, juntamente com os santos e bem aventurados que viveram nesta cidade: São José de Anchieta, S.Antônio de Santana Galvão e Santa Paulina, os beatos Mariano de la Mata e Assunta Marchetti... Louvemos a Deus por suas misericórdias junto com os santos Padroeiros de nossas paróquias e comunidades, de nossas comunidades religiosas... Além disso, a partir da peregrinação anual de nossa Arquidiocese para o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no dia 1º de maio de 2016, teremos a visita da “imagem peregrina” de Nossa 23 Senhora Aparecida em todas as paróquias e comunidades da Arquidiocese de São Paulo. Assim também pediremos à “Mãe de Misericórdia”, que nos ajude a alcançar misericórdia e perdão de Deus e que nos mostre seu Filho, Jesus. Faço votos que este Ano Santo extraordinário da Misericórdia, com a graça do Espírito Santo, deixe abundantes frutos em todos. Nosso Patrono, São Paulo, que acolheu a misericórdia de Deus e correspondeu com ela (cf. 1Cor 15,9-10), interceda por nós. Nossa Senhora da Assunção, Mãe da misericórdia, nos alcance de Deus a graça de uma fé grande e de um coração humilde, que reconheça as misericórdias que Deus nos faz e nos ajude a “ser misericordiosos como o Pai”. Deus, na sua infinita misericórdia, vele com amor de Pai pela nossa Arquidiocese e nos abençoe!
São Paulo, na festa de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, Homem de misericórdia e Santo de São Paulo, 25 de outubro de 2015.
Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo Metropolitano de São Paulo 24
INDICAÇÕES PARA A LEITURA E PESQUISA
Papa Francisco, Misericordiae Vultus (O rosto da misericórdia...). Bula de proclamação do jubileu Extraordinário da Misericórdia.
Papa São João Paulo II, Encíclica Dives in misericórdia (Deus, rico em misericórdia, 1980).
Iniciativas do Jubileu: ver Portal oficial do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, da Santa Sé: www.im.va; e Portal da arquidiocese de São Paulo: www.arquisp.org.br