Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta (RS)
O mês de agosto, dedicado às vocações, se inicia com o dia do padre. Isto porque no dia 04 de agosto recordamos S. João Maria Vianney, ardoroso pároco de Ars, na França, no século XIX. É o padroeiro dos padres, pela exemplaridade de sua vida doada no seu ministério pastoral. Durante 40 anos doou sua vida pelo seu rebanho. Permanecia até 18 horas diárias no confessionário atendendo os fiéis, vivendo no despojamento.
Conhecido por vários nomes
Os vários modos como o padre é conhecido e chamado indicam as diferentes missões que lhe são confiadas: o padre, porque é o pai espiritual; o presbítero, porque é o mestre, guia e sinal de comunhão nas comunidades; sacerdote, porque participa do sacerdócio de Cristo e preside as celebrações litúrgicas; homem de oração, porque místico e especialista nas coisas de Deus; o servo, porque, como Jesus, busca fazer de sua vida uma entrega, por amor; o profeta, porque é o mensageiro da Palavra viva de Jesus; o pastor, porque procura espelhar em seu agir as atitudes do Bom Pastor, no cuidado, na misericórdia e no amor, sobretudo pelos mais sofridos.
Uma bela forma de vida
“Um homem tirado por Deus do meio do povo e colocado a serviço desse mesmo povo nas coisas de Deus!” (Hb 5,1). Sim, o padre é um homem do nosso tempo, com suas alegrias e seus dramas. Por isso, também os padres encontram dificuldades, desafios e incompreensões. Sentem em si as fraquezas, pecados e, infelizmente, até escândalos. Às vezes, bate-lhes à porta o cansaço e o desânimo. Não deixam nunca de serem humanos. Mas tudo isso não tira sua beleza. É bela a vida do padre! Isto nos disse o Papa Francisco, ao afirmar que a missão do padre “são compromissos nos quais o nosso coração estremece e se comove. Alegramo-nos com os noivos que vão casar; rimos com a criança que trazem para batizar; acompanhamos os jovens que se preparam para o matrimônio e para ser família; entristecemo-nos com quem recebe a unção dos enfermos no leito do hospital; choramos com os que enterram uma pessoa querida...” E quando a missão traz o cansaço, diz o Papa, “este cansaço é bom, é saudável. É o cansaço do sacerdote com o cheiro das ovelhas, mas com o sorriso de um pai que contempla os seus filhos ou os seus netinhos.” (Homilia da Missa do Crisma – 02/04/15).
Uma vida que se faz serviço
É bela a vida do padre porque ela é um chamado, uma vocação que brota do amor de Deus e encontra acolhida e resposta generosa. É consagrada a Deus pela unção sacerdotal. Sabe que o ministério que lhe é depositado nas mãos não lhe pertence. Bela é a vida que não é projetada somente a partir de algum interesse humano ou pela busca da autorrealização, mas para servir, por isso, fonte de felicidade. Belo é o ministério do padre, porque é um sinal sacramental do Bom Pastor, “que dá sua vida pelas ovelhas” (Jo 10,11). Bela, ainda, porque acredita na ação da graça de Deus, no poder da misericórdia, do perdão, da paz e olha para os pobres com a compaixão que Jesus teve por eles. Enfim, é bela porque é “total”, de “todo o coração, de todo o entendimento, e com todas as forças” (Dt 6,5).
Abraço e saúdo os padres pelo seu dia. Deus os abençoe.