quarta-feira, 20 de julho de 2016

INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ



Dom Severino Clasen
Bispo de Caçador


Grandes mudanças na sociedade alteraram relações, sustentabilidade, tecnologia, comunicações, religiões, comportamento humano, instituição familiar e outros nos últimos anos.

Muitos cristãos estão enfraquecidos na fé e na obediência à fidelidade do Evangelho. O individualismo pregado nos tempos atuais, está substituindo as verdades do Evangelho pelas convicções pessoais, causando um relaxamento na observância dos mandamentos do Senhor. O aceleramento do mundo tecnológico, avançou mais do que as exigências das normas e ensinamentos de Deus. Com rapidez troca-se de religião, fruto da falta do conhecimento das verdades fundamentais da fé cristã pelo relativismo religioso e busca das facilidades e vida sem compromisso.

Estamos desenvolvendo uma nova forma de apresentar os conhecimentos e vivência da fé cristã que tem suas raízes na Iniciação à Vida Cristã. A catequese deve ter outra dinâmica para que as crianças, adolescentes, jovens e adultos compreendam a importância da fé cristã e suas consequências para vida pessoal, familiar e comunitária.

A novidade sobre a formação da fé cristã o Concílio Vaticano II valorizou a partir da fundamentação sacramental da Igreja, especialmente pelos sacramentos da iniciação cristã. O documentos 105 da CNBB, sobre os cristãos leigos e leigas, alerta sobre a importância dos sacramentos da Iniciação à Vida Cristã. Esses sacramentos fundam a igual dignidade de todos os membros de Cristo. Eles nos inserem na mesma comunhão, tornando-nos todos iguais na ordem da graça divina e do ser cristão. De fato, o Batismo nos incorpora a Cristo, pois “fomos batizados num só Espírito, para formarmos um só corpo” (1Cor 12,13) e vivermos “uma só fé” (Ef 4,5). Ao sair das águas do Batismo, “todo o cristão ouve de novo aquela voz que um dia se fez ouvir nas águas do Jordão: ‘Tu és o meu Filho muito amado’ (Lc 3,22), e compreende ter sido associado ao Filho, tornando-se filho de adoção e irmão de Cristo”. A Crisma nos unge com o óleo do mesmo Espírito de Cristo, para sermos defensores e difusores da fé. A Eucaristia une a todos na mesma fração do pão (1Cor 10,17). (104).

Na medida em que os batizados observarem e conhecerem a beleza e riqueza do seguimento a Jesus Cristo, diminuiremos a violência, a corrupção, o ódio, a vingança em todos os setores da vida social. Todos os batizados, deixando-se conduzir pelos sentimentos que brotam e suscitam a partir dos sacramentos a iniciação a vida cristã, as relações tomam outro rumo. Na iniciação à vida cristã temos a fonte e a origem do discipulado e da missão. Por isso, entre todos os membros da Igreja “reina verdadeira igualdade quanto à dignidade e ação comum a todos os fiéis na edificação do Corpo de Cristo”. O Documento Ecclesia in America afirma: “Na Igreja, povo de Deus, é comum a dignidade dos filhos de Deus batizados, no seguimento de Jesus, na comunhão reciproca, no mandamento missionário”. É nessa igual e comum dignidade que se funda a “diversidade de membros e funções” na Igreja. Por isso, antes de sermos diferentes somos todos iguais. Compreender e viver a Igreja como diversidade na unidade é fundamental para entender e valorizar a vocação, a identidade, a espiritualidade e a missão dos cristãos leigos e leigas. (105). 

É preciso ser coerente na vida. Não podemos fazer distinção entre os batizados. Os serviços, as aptidões, as profissões que os batizados exercem, pois devem estar revestidos dos sentimentos de Jesus Cristo. A Igreja tem a missão, como mãe, acolher, incentivar e recolher os afastados para viverem a mensagem de amor e fraternidade ensinadas por Jesus Cristo. Não deve ser os cargos, a profissão, o mundo do trabalho que motivam o enfraquecimento da fé cristã. Cabe a cada cristão tomar consciência de sua missão, independente de onde estiverem. O fato de se desligar do seguimento de Jesus Cristo e abandonar a Igreja, é com certeza, uma porta que se abre para a corrupção, roubos, violência e desvios de conduta. Eis a razão porque é necessário mudar a rotina da catequese e as celebrações litúrgicas. Urge uma ação que envolva toda a família e devolver para a família a responsabilidade de celebrar a fé e seguir os caminhos ensinados por Jesus Cristo. Conhecer a vida de Jesus e celebrar os mistérios de sua vida, morte e ressurreição, fomenta a esperança de nossa salvação. 

Que o Espirito Santo, ilumine a todos os cristãos para o seguimento de Cristo com mais amor a partir da catequese, que nos coloca nas trilhas da Iniciação à Vida Cristã.