No próximo dia 30 de julho, por ocasião do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, peregrinaremos até a Paróquia Nossa Senhora da Lapa - Lapa.
Nos encontraremos às 14h30 em frente à Porta Santa, atravessaremos a porta, teremos um momento de oração e a Santa Missa às 15 horas.
COMO ATRAVESSAR A PORTA SANTA?
Depois que estivermos preparados, por meio da reconciliação com Deus e os irmãos, podemos partir para a peregrinação física, isto é, fazer o caminho até a Igreja onde está aberta a Porta Santa, mas esse deve ser um itinerário realizado com o propósito de irmos ao encontro de Jesus, pois Ele é a Porta, como diz o Papa Francisco: “A Porta indica o próprio Jesus quando disse: ‘Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem’. Atravessar a Porta Santa é o sinal da nossa confiança no Senhor Jesus que não veio para julgar, mas para salvar. É sinal de uma verdadeira conversão do nosso coração, a salvação não se paga, não se compra, é grátis, advertindo para quem eventualmente quiser cobrar de algum fiel esta experiência. A Porta é Jesus, e Jesus é gratuito! Ao atravessar a Porta, devemos manter escancarada também a porta do nosso coração, para não excluir ninguém”. Dessa forma, para atravessar a Porta Santa é necessário estar disposto a assumir o compromisso com o perdão e a misericórdia. Perdoar a si mesmo em primeiro lugar, pois quem não se perdoa não consegue perdoar o outro. E perdoar aos irmãos.
Em outro trecho da Bula Misericordiae Vultus, o Papa Francisco diz: “Neste Ano Santo, poderemos fazer a experiência de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática. Quantas situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo atual! Quantas feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos. Neste Jubileu, a Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com a solidariedade e a atenção devidas. Não nos deixemos cair na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói. Abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda. As nossas mãos apertem as suas mãos e estreitemo-los a nós para que sintam o calor da nossa presença, da amizade e da fraternidade. Que o seu grito se torne o nosso e, juntos, possamos romper a barreira de indiferença que frequentemente reina soberana para esconder a hipocrisia e o egoísmo. É meu vivo desejo que o povo cristão reflita, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. A pregação de Jesus apresenta-nos estas obras de misericórdia, para podermos perceber se vivemos ou não como seus discípulos. Redescubramos as obras de misericórdia corporal: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos. E não esqueçamos as obras de misericórdia espiritual: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos” (MV 15) Essas são as exigências para quem deseja entrar pela Porta da Misericórdia e receber as graças e bênção de Deus com esse gesto, e receber também a Indulgência concedida àqueles que cruzarem a Porta Santa da Misericórdia com esses propósitos no coração.
Na Bula Misericordiae Vultus, diz o Papa Francisco sobre a indulgência: “O Jubileu inclui também o referimento à indulgência. Esta, no Ano Santo da Misericórdia, adquire uma relevância particular. O perdão de Deus para os nossos pecados não conhece limites. Na morte e ressurreição de Jesus Cristo, Deus torna evidente este seu amor que chega ao ponto de destruir o pecado dos homens. É possível deixar-se reconciliar com Deus através do mistério pascal e da mediação da Igreja. Por isso, Deus está sempre disponível para o perdão, não Se cansando de o oferecer de maneira sempre nova e inesperada. No entanto todos nós fazemos experiência do pecado. Sabemos que somos chamados à perfeição (cf. Mt 5, 48), mas sentimos fortemente o peso do pecado. Ao mesmo tempo que notamos o poder da graça que nos transforma, experimentamos também a força do pecado que nos condiciona. Apesar do perdão, carregamos na nossa vida as contradições que são consequência dos nossos pecados. No sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos nossos comportamentos e pensamentos permanece. A misericórdia de Deus, porém, é mais forte também do que isso. Ela torna-se indulgência do Pai que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a agir com caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado”. Diante de tudo isso, o peregrino poderá passar pela Porta Santa, apenas fazendo uma oração silenciosa, abrindo seu coração à misericórdia do Pai.
No dia da Abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco disse na homilia: “Este Ano Extraordinário é dom de graça. Entrar por aquela Porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que a todos acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada um. É Ele que nos procura, é Ele que nos vem ao encontro. Neste Ano, deveremos crescer na convicção da misericórdia. Que grande injustiça fazemos a Deus e à sua graça, quando afirmamos, em primeiro lugar, que os pecados são punidos pelo seu julgamento, sem antepor, diversamente, que são perdoados pela sua misericórdia (cf. Santo Agostinho, De praedestinatione sanctorum 12, 24)! E assim é verdadeiramente. Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia. Por isso, oxalá o cruzamento da Porta Santa nos faça sentir participantes deste mistério de amor, de ternura. Ponhamos de lado qualquer forma de medo e temor, porque não se coaduna em quem é amado; vivamos, antes, a alegria do encontro com a graça que tudo transforma”. Depois que o peregrino cruzar esse limiar de esperança e misericórdia, a peregrinação deverá prosseguir na participação da Celebração Eucarística, da Ceia Santa que Jesus prepara para aqueles que aceitam o seu convite. Essa peregrinação não terminará nesse dia, mas se estenderá por todo o ano, no dia a dia da nossa vida.
O Ano Santo da Misericórdia é um caminho de peregrinação ao encontro da misericórdia que deverá transforma a nossa vida e a vida de todos os que estiverem à nossa volta, contaminados pelo agir misericordioso de cada cristão católico. Desejamos a todos uma santa peregrinação.