terça-feira, 26 de abril de 2016

PAPA SE ENCONTRA COM REFUGIADOS


Vim aqui com meus irmãos, o Patriarca Bartolomeu I e o Arcebispo Hieronymos II, para estar com vocês e ouvir seus dramas. Viemos para chamar a atenção do mundo para esta grave crise humanitária e solicitar uma resolução”, disse Francisco. “Como pessoas de fé, queremos unir nossas vozes para falar abertamente em nome de vocês, esperando que o mundo preste atenção a estas situações trágicas e as resolva de modo digno”, continuou.




O Papa Francisco chegou na manhã de sábado, 16, à Ilha de Lesbos, na Grécia. O Santo Padre foi recebido na pista do aeroporto pelo Primeiro Ministro Alexis Tsipiras e, em seguida, foi saudado pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu e pelo Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, Sua Beatitude Hieronymos.

“O senhor chega em um momento crítico para o nosso povo: a questão econômica, mas estes são problemas que afligem não só a Grécia, aqui devemos enfrentar também a questão dos refugiados e isto é maior do que podemos resistir. O Sínodo da Igreja da Grécia enviou uma carta a todos os líderes da Europa e, sobretudo, aos chefes das Igrejas Cristãs, para que saibam deste problema, para que estejam juntos espiritualmente. Obrigado por aceitar este convite para vir aqui. Seja bem-vindo!”, disse o Arcebispo de Atenas ao Papa.

O primeiro compromisso de Francisco em Lesbos foi a visita ao campo de refugiados de Mòria, onde cumprimentou 150 menores e 250 pessoas que pedem asilo político. O encontro foi marcado pelas súplicas de alguns refugiados ao encontrarem os líderes religiosos.

Em seu discurso aos migrantes, o Papa expressou sua alegria por estar ali e reafirmou sua solidariedade para com os migrantes. “Hoje quis estar aqui com vocês. Quero dizer-lhes que não estão sozinhos. Ao longo destes meses e semanas, vocês sofreram inúmeras tribulações à busca de uma vida melhor. Muitos se sentiram obrigados a fugir de situações de conflito e perseguição, sobretudo por amor aos seus filhos pequeninos. Suportaram grandes sacrifícios por amor das suas famílias; sentiram a amargura de deixar todos os seus bens, sem saber qual o destino que lhes aguarda”, disse o Pontífice.


Muitos, afirmou o Pontífice, aproveitam de tais tribulações, mas outros tentam ajudar com generosidade. E deixou a seguinte mensagem aos refugiados: “Não percam a esperança! O maior dom que podemos dar uns aos outros é o amor; um olhar misericordioso; a solicitude de ouvirmos e compreendermos; uma palavra de encorajamento; uma oração. Oxalá possam partilhar este dom uns com os outros”.

O Santo Padre recordou o episódio do Bom Samaritano, uma parábola alusiva à misericórdia de Deus, destinada a todos. Ele é Misericordioso! E concluiu:“Que todos os nossos irmãos e irmãs, neste continente, possam – à semelhança do Bom Samaritano – ir ao seu auxílio, animados por aquele espírito de fraternidade, solidariedade e respeito pela dignidade humana, que caracterizou a sua longa história. Queridos amigos, que Deus os abençoe, especialmente as crianças, os idosos e os que sofrem no corpo e no espírito. Sobre vocês e quem os acompanha, invoco os dons divinos da fortaleza e da paz”.

Após o discurso, foi assinada uma Declaração Conjunta entre Francisco, o Patriarca Bartolomeu I e o Arcebispo Hieronymos II.
O Papa Francisco também se encontrou com a comunidade católica e autoridades locais.

"Vós, habitantes de Lesbos, dais provas de que nestas terras, berço de civilização, ainda pulsa o coração duma humanidade que sabe reconhecer, antes de tudo, o irmão e a irmã, uma humanidade que quer construir pontes e evita a ilusão de levantar cercas para se sentir mais segura. Na verdade, em vez de ajudar o verdadeiro progresso dos povos, as barreiras criam divisões e, mais cedo ou mais tarde, as divisões provocam confrontos", disse o Pontífice no seu discurso.
A bordo do voo do Papa de volta à Roma, 3 famílias de refugiados sírios acompanharam, 12 pessoas no total, dentre as quais 6 menores, todos muçulmanos.

As negociações foram intermediadas pela Secretaria de Estado junto às autoridades gregas e italianas. Duas das famílias são originárias de Damasco e a outra de Deir Azzor – região ocupada pelos extremistas do auto-proclamado Estado Islâmico: as três famílias tiveram as casas bombardeadas.

"A acolhida e ajuda às famílias ficarão a cargo do Vaticano. A hospitalidade inicial será garantida pela Comunidade de Santo Egídio”, informou o diretor da Sala de imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi.

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