sexta-feira, 2 de agosto de 2013

DOM JULIO FALA SOBRE A JORNADA

Dom Julio falando sobre a JMJ e o Papa, afirmou: 
"O Papa Francisco conquistou a simpatia de todos, até de quem não é católico. Mas, repare bem, ele não beija as crianças e abraça as multidões como uma estratégia imposta por um marqueteiro carregado a tira-colo. Onde é que você já viu 3,7 milhões de pessoas silenciosas durante 5 minutos, só porque ele pediu um tempo de oração? Um demagogo não faz isso. Pelo contrário, o demagogo não quer que as pessoas pensem por si mesmas, por isso quanto mais grito e mais exaltação mais ele pode hipnotizar as massas e melhor pode manipular as consciências.

 O Papa Francisco quer que você pense, que você medite sobre esse tesouro inesgotável e admirável que é a tradição cristã. Ele quer que os jovens rezem e que depois saiam para a rua para renovar a política: ele mesmo disse que não gosta de jovem acomodado. O Papa Francisco mostra que o catolicismo não é uma religião de portas fechadas, sectária. É uma religião aberta para o mundo, que busca o diálogo e que extrai do encontro com Cristo a sua identidade. O Papa Francisco nos ajudou a tomar consciência do tesouro que carregamos em vasos de barro.

 Esse tesouro nos supera, mas está dentro de nós. Esse tesouro não é para nosso consumo privado, porque é para todos. 

Mesmo que o bem realizado não seja reconhecido, retribuído, louvado e incensado pelo mundo, o nosso tesouro é o de fazer o bem (não o de lucrar com ele). Por isso vale recordar o que o Papa Francisco disse: “Ide, sem medo, para servir.”



Entrevista com Dom Júlio Endi Akamine - Bispo Auxiliar de São Paulo - para a Paroquia Santissima Trindade da Arquidiocese de Curitiba

 1- Dom Júlio dia 28-07 encerrou o JMJ RIO 2013, o senhor acha que as expectativas foram alcançadas? Esperavam-se mais três milhões de jovens? 

Depois do anúncio do Papa Bento XVI de que a próxima JMJ seria no Rio, a expectativa era o de receber de 2 a 3 milhões de jovens. No início deste ano, houve um certo temor de que a JMJ não alcançaria essa previsão. Depois dos protestos da população, vimos a expectativa abaixar ainda mais. A previsão não era tão positiva. Hoje li no jornal que a Coordenação da JMJ estimou uma participação de 3,7 milhões de pessoas. Por isso podemos dizer que a JMJ Rio 2013 superou todas as expectativas, mesmos as mais otimistas. 

2- Quais os benefícios para os jovens católicos e para a igreja de uma jornada mundial da juventude? E para os católicos do Brasil? 

Os jovens que participaram da JMJ mostrararm que a esperança cristã não é somente uma utopia ou um sonho indefinido. A esperança cristã é muito concreta e atual. Vi massas de jovens enfrentando sacrifícios e desconfortos que tirariam a paciência de qualquer um, se não fosse por algo maior do que o próprio conforto e bem estar. Assisti (dias a fio) grupos numerosíssimos de jovens atravessando a rua na faixa de segurança e respeitando os sinal de trânsito. Conversei com os garis encarregados de varrer as ruas pelas quais passavam os peregrinos e percebi a admiração deles com a educação dos peregrinos. Eles cantavam e gritavam sem parar, mas ninguém se sentia amedrontado. Li no jornal da cidade de que os 300 funcionários da SuperVia (que transportou 2,8 milhões de passagerios, número 5 vezes maior do que o normal) quase não tiveram o que recolher durante a JMJ. Os trens chegavam e saíam das estações sem sujeira no chão nem nas lixeiras. Os peregrinos deram também um impressionante testemunho de fé e de oração: durante a missa, além da alegria contagiante, a multidão rezou em silêncio (silêncio mais eloquente do muitos gritos). O único som que se ouvia nesses momentos de silêncio era o das ondas quebrando na praia. Os benefícios são muitos, mas destoco somente esse: a esperança cristã nunca foi tão concreta, visível e atual do que nesses dias da JMJ. Os benefícios são muitos, mas outros virão. Depende de nós aproveitarmos essa hora da graça que nos foi concedida. 


3- O Papa Francisco pediu para os Bispos e Arcebispos fossem as regiões mais pobres de suas dioceses. O senhor acha que falta uma relação mais próxima dos bispos com as comunidades? 

Sempre falta. Proximidade, misericórdia, compaixão, companhia são urgência pastoral para a qual o Papa Francisco chama a atenção dos católicos (bispos em primeiro lugar). 

4- Hoje muitas paróquias têm dificuldades em criar um grupo de jovens. Tanto por falta de apoio da paróquia ou por não conseguir despertar o interesse dos jovens. Quais são os pontos que o senhor acha necessário para ter um grupo de jovens participativo não só na paroquia, mas também na comunidade? Os grupos mudaram muito comparados aos grupos de 15, 20 anos atrás? 

Houve muitas mudanças e elas continuam. Mas a JMJ mostrou que há muitos jovens que participam da Igreja e dos grupos juvenis. Muitas vezes a dificuldade de formar grupos de jovens provém mais de nós mesmos do que dos jovens. 


5- Qual mensagem a JMJ RIO 2013 e o Papa Francisco deixa para todos os católicos do Brasil. 

Não há como apontar uma mensagem só. A mensagem é rica, profunda e com muitas consequências para a vida da Igreja e dos jovens. Depois de passados esses dias de JMJ, é oportuno reler os discursos e as homilias do Papa. Mas gostaria de destacar algo que chamou minha atenção. O Papa Francisco disse que estava na JMJ para se entusiasmar com o os jovens. Muitas são as tristezas que um bispo deve afrontar e sempre há a tentação do desânimo. Os jovens ajudaram os bispos e o Papa a recuperar o entusiasmo e alegria da fé. Deus seja bendito pelos nossos jovens.