terça-feira, 14 de junho de 2016

HOJE CELEBRAMOS A BEATA NHÁ CHICA



A espiritualidade, da humilde ex-escrava, ultrapassou as fronteiras da pequena cidade mineira em que viveu, Baependi (MG), e chama a atenção do postulador da causa de beatificação, que chegou a compará-la com a espiritualidade do Santuário Mariano de Fátima, em Portugal. “Eu fui em Baependi e fiquei impressionado com a espiritualidade do lugar, a mesma coisa provei no Santuário de Fátima, muito espiritual, sempre tinha uma pessoa a rezar, ou um menino, uma família,” conta Paollo Villotta.

Essa espiritualidade deu a Nhá Chica, ainda em vida, fama de santidade. Fama que se espalhou, de maneira que, pessoas de lugares distantes começaram a visitar Baependi para conhecê-la. Para Paollo Villotta isso se deu porque sua vida foi toda cristã. “Foi uma pessoa para todos. Acolhia a pessoa pobre, o rico, o doente. Ela falava com o governador do Rio de Janeiro na época, com todo mundo, jornalistas”.

O postulador considera a historicidade um ponto importante no processo que a levou à beatificação. Ele explica que os estudiosos que analisaram a vida de Nhá Chica destacam a tradição oral, ou seja, a maneira como uma pessoa passava para a outra a história e o testemunho da futura beata. “Essa tradição, era a fama de santidade, que foi transmitida da morte até hoje, todo mundo sempre falava sobre a história de Nhá Chica”.

Para Villotta duas atitudes a tornaram santa: a dedicação da sua vida ao amor a Deus e ao próximo e sua humildade. “Uma mulher negra que fez um voto interior, não um voto religioso. Dedicou toda vida para o amor de Deus, e seu amor a Deus foi transmitido para os outros. Depois, na sua simplicidade e humildade, ela foi heroica extraordinária, pode dar um contributo de esperança de ensinamento para todo mundo, do maior ao menor.”

O postulador defende que essa experiência de santidade é atual e pode ser vivida por todo mundo. “Essa santidade é para cada pessoa que queira amar a Deus. Quando se ama a Deus, pode se fazer uma vida como fez Nhá Chica, de renúncia e ajuda ao próximo”.

A cura aceita pela Comissão de Médicos do Vaticano, que tornou possível a Beatificação de Nhá Chica, aconteceu em 1995. Uma professora aposentada de Caxambu (MG), tinha um problema congênito no coração e foi curada sem necessitar de cirurgia. “Para a canonização precisa de outro milagre”, explica o postulador.

Ao recordar as inúmeras etapas pelas quais um processo de beatificação deve passar, Paollo Villotta fez questão de destacar a etapa jurídica do processo que teve como responsáveis, Frei Paolo Lombardo e Irmã Célia Cadorin, a mesma postuladora da canonização de Frei Galvão. “Eles fizeram um ótimo trabalho.”