Postuladores da Causa dos Santos se reuniram no Sumaré na manhã do dia 1º de junho para o 4º encontro em nível nacional, com o tema "A importância da figura dos santos, beatos, veneráveis e servos de Deus em geral e em particular para o Brasil". O evento contou com palestras, momento para troca de experiências entres os postuladores e atualização do novo regulamento da Congregação para as Causas dos Santos, aprovado pelo Papa Francisco em março deste ano. O documento está em fase experimental pelos próximos três anos e anulou as normas precedentes aprovadas por São João Paulo II, em 1983.
Mais de 50 postuladores de dioceses com processos de beatificação e canonização foram recebidos pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, e pelo vigário episcopal para a Vida Consagrada e delegado para a Causa dos Santos, Dom Roberto Lopes. Entre eles, estava o historiador italiano Paolo Vilotta, representante do Vaticano que defende 45 candidatos, dentre os quais 25 são brasileiros. Irmã Dulce e Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, são alguns dos candidatos à santidade que o historiador defende.
Os postuladores são leigos ou religiosos, peritos em teologia, direito canônico e história, que trabalham nos processos de beatificação e canonização junto às dioceses ou congregações onde os candidatos viveram e à Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano. Eles são responsáveis pela investigação e coleta de documentos sobre a vida do Servo de Deus, para conhecer a sua fama de santidade e a importância eclesial da causa. Hoje no Brasil há cerca de 90 recursos de pessoas nascidas no país ou estrangeiros que trabalharam aqui.
"A crescente quantidade de processos de brasileiros candidatos aos altares nos enche de alegria e de esperança. São pessoas comuns como nós, que se destacaram pela amizade com Deus e pelo cumprimento amoroso da Sua vontade, atuando nos conventos e na vida sacerdotal, mas também na família, no meio profissional, nas obras assistenciais, na prática esportiva e até nas atividades infantis", afirmou Dom Orani.
O arcebispo disse que os fiéis devem tratar os santos como "irmãos mais velhos", que viveram angústias e fraquezas comuns, mas perseveraram no caminho da fé. Também alertou para algumas personalidades "canonizadas" por iniciativa do povo, sem acompanhamento da Igreja. "São erros, superstições e sincretismos que muitas vezes contaminam a devoção popular".
"Mais do que nunca, precisamos conhecer tais experiências concretas de santidade, para nos lembrarmos de que ainda são possíveis e sempre o serão", incentivou o arcebispo.
Cenário brasileiro
Dom Roberto destacou o número alto de sacerdotes postulantes no encontro: "As dioceses estão se atentando para a necessidade de trabalharem a santidade. É o que São João Paulo II disse, quando visitou o país: 'o Brasil precisa de santos'".
O vigário episcopal para a Vida Consagrada e delegado para a Causa dos Santos lamentou a falta de conhecimento por parte dos católicos dos Servos de Deus, beatos e santos brasileiros e cariocas. Reconheceu que há processos que levam muitos anos para serem concluídos, e afirmou que a Arquidiocese do Rio de Janeiro, conta com o entusiasmo e apoio de Dom Orani.
"Na Arquidiocese de Mariana, em Minas Gerais, há o processo do Servo de Deus Dom Luciano Mendes, que é carioca. Em breve, teremos a abertura do processo de Dom Othon Motta, na Diocese de Campana, também em Minas Gerais. Ele nasceu no Rio de Janeiro e foi bispo auxiliar aqui. Há também os processos dos cariocas Guido Schaffer, Odette Vidal de Oliveira, conhecida como Odetinha, Jerônimo de Castro Abreu Magalhães e sua esposa, Zélia Pedreira Abreu, e irmã Maria José de Jesus. Os processos da irmã Maria José e da Odetinha já estão em Roma; o do Guido, estamos finalizando os procedimentos em nível arquidiocesano", explicou.