Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Jesus pergunta aos discípulos sobre o que pensam a
respeito de sua identidade. Pedro manifesta sua profissão de fé no Mestre como
sendo o Messias (Cf. Mateus 16, 13-17). Em contrapartida Jesus coloca a
identidade de Simão como pedra de sua Igreja: “Por isso eu te digo que tu
és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e o poder do
inferno nunca poderá vencê-la” (Mateus 16,18).
O ser humano só encontra razão de ser na vida
quando conhece a identidade de Deus, numa relação de confiança nele,
a ponto de realizar a missão por Ele recebida. Usa, então, a vida para
cuidar do convívio com o semelhante e com a natureza de modo amoroso e
construtivo. De fato, Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Como Ele mostra
sua identidade no ato de amar as criaturas, cuidando de tudo para o bem de cada
ser, também nos dá a incumbência de cuidar de tudo o que está sob nossa
responsabilidade da melhor maneira, afinada com os critérios dele.
Jesus veio nos indicar a maneira de realizar o projeto do
Pai. Uma nova ordem pessoal e social deve acontecer. Somente o ser
humano é feliz quando dá de si pelo bem do semelhante, mesmo tendo que se
sacrificar pela promoção da justiça e do bem comum. Até o uso dos bens
materiais, da cultura, dodesenvolvimento da ciência, da técnica e da economia
devem ser colocados a serviço da dignidadehumana. Tudo é de Deus. O ser humano
é apenas administrador provisório. Paulo lembra que o proprietário é Deus:
“Tudo é dele, por ele e para ele. A ele é a glória para sempre” (Romanos
11,36).
Deus quer o bem de toda criatura. Colocou-nos na terra
porque nos ama e quer nosso bem. Mas nos dá a alegria de termos a honra e a
felicidade de colocar nossa parte de esforço e boa vontade para nos
recompensar de toda a responsabilidade em administrar bem as possibilidades da
vida presente. Esta é boa quando a fazemos beneficiadora a todos. Nosso empenho
para isso depende de colocarmos nossos talentos e oportunidades para
construirmos uma sociedade fraterna e promotora da vida digna para todos.
Nessa direção somos responsáveis por construirmos famílias dóceis ao projeto do
Criador, bem como política de real serviço à causa comum. Nossa inteligência
usada bem nos facilita escolhermos pessoas de bem para o exercício das diversas
lideranças na sociedade, seja na política, seja na religião e em todo tipo de
organização humana. Quando se tratam de eleições a cargos de serviço à
coletividade, a consciência bem formada nos deve levar a superar interesses
mesquinhos de grupos e corporações. Assim escolhemos pessoas de bom
caráter e com capacidade para o bom exercício dos cargos eletivos.
Quando identificamos bem as pessoas aptas para os serviços à
comunidade, damos todo nosso apoio e acompanhamos suas ações para que
realmente sejam identificadas com o bem da coletividade. Com a força da
profissão de nossa fé, como fez Pedro, somos capazes de assumir nossa missão,
conhecida e acionada por Deus, para realizarmos seu projeto de benefício a nós
e a todos de nosso convívio. Nossa vocação de resposta a Deus tem a ver
diretamente com a identidade da tarefa que Ele nos dá na vida.