Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Contrariando a concepção popular de que “agosto é o mês do
desgosto”, a Igreja no Brasil propõe o mês de agosto como o mês das vocações. A
sugestão é de que em cada final de semana se celebre uma vocação específica e
de que ao longo do mês se façam orações e reflexões, acompanhadas de ações que
criem um ambiente favorável para acolher o chamado que Deus faz a cada um dos
seus filhos.
O coração do mês é a Semana Nacional da Família, celebrada
nos dias 10 a 16 de agosto. Isso porque, na concepção das lideranças da Igreja
Católica, a família é a base de todas as vocações. Na medida em que as famílias
viverem a fé cristã, a voz de Deus será escutada e encontrará eco. São as
famílias que levam os filhos até a pia batismal e propiciam espaço para o
encontro com Deus, através da oração. É na família que a pessoa compreende a
profundidade do amor a Deus e o significado do amor ao próximo. É aí que se
aprende a servir e partilhar.
Junto com a vocação à vida de família está a vocação aos
diversos ministérios leigos. Muitas das pessoas que abraçam a vocação
matrimonial também são chamadas a exercerem serviços específicos na comunidade.
Entre estes serviços destacamos a catequese, a liturgia e o serviço da
caridade. Animados pela vocação fundamental de todos os cristãos que é o
batismo, os leigos são sal da terra e luz do mundo em meio às organizações da
sociedade e às realidades mundanas, vivendo e testemunhando aí a sua missão de
batizados.
Como cristãos, professamos a convicção de que Deus, em seu
infinito desígnio, não chama a todas as pessoas para a vida familiar. A
algumas, ele reserva outra missão. Por vezes, esta missão é a de serem cristãos
leigos que vivem como solteiros no mundo. Outras vezes, é a de serem pessoas
consagradas que se unem em comunidades para testemunharem os valores do Reino
de Deus a partir da vida religiosa. Outras vezes ainda, é a de serem sacerdotes
para consagrarem suas vidas a Deus e aos irmãos através do anúncio do Evangelho
de Jesus Cristo. E é justamente com a vocação sacerdotal que se iniciam as
celebrações do mês de agosto.
Para subsistir, a Igreja necessita dos sacerdotes que fazem
o papel de Jesus Cristo Bom Pastor, indicando o caminho a ser seguido e
animando os fiéis através da celebração dos sacramentos da Eucaristia e da
Reconciliação. Conforme expressão consagrada por Dom Cláudio Hummes, “a Igreja
caminha com os pés dos sacerdotes”. Porém, é no trabalho conjunto de todos que
a Igreja ganha forma e se firma como a continuadora da obra evangelizadora de
Jesus Cristo. Por isso, enquanto cumprimentamos os padres pelo sim que deram ao
chamado do Mestre, peçamos a Deus a graça de termos muitas pessoas que aceitam
o convite para servi-lo “como apóstolos leigos, como sacerdotes, como
religiosos e religiosas, para o bem do Povo de Deus e de toda a humanidade.
Amém”.