Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Por decisão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a
Igreja Católica dedica o ano de 2015 à reflexão sobre a paz. A decisão teve
como inspiração as várias atitudes do Papa Francisco em superar as barreiras
que dividem os povos e construir laços de fraternidade. Entre estas atitudes
destacamos: a realização de uma vigília pela paz na praça São Pedro no dia 7 de
setembro de 2013; a oração conjunta do Papa com o presidente de Israel, a
autoridade palestina e o patriarca de Constantinopla no dia 8 de junho; a
oração na Mesquita de Istambul em sua viagem feita à Turquia nos dias 28 a 30
de novembro. Além dos gestos, temos vários pedidos de paz como foi o apelo
feito na Turquia para que as autoridades tomem atitudes concretas contra os
grupos radicais que promovem a perseguição religiosa.
A violência é uma realidade chocante. Conforme dados do Mapa
da Violência tivemos, em 2012, 56 mil pessoas assassinadas no Brasil. Somando a
estas as pessoas que morrem no trânsito e se suicidam, passamos de 100 mil
pessoas mortas anualmente no Brasil, sem contabilizar as pessoas que são
assassinadas com a prática do aborto. Poucos são os dias onde os noticiários
policiais dos vales Rio Pardo e Taquari não falam de assassinatos, suicídios ou
mortes em acidentes.
Além disso, sabemos que a violência nem sempre provoca a
morte. Ela se manifesta em diversos meios e de diferentes formas. Se
manifesta nas famílias onde casais não dialogam entre si, onde pais abandonam
ou maltratam os filhos, onde filhos abandonam os pais idosos e doentes. Se
manifesta no tráfico de drogas, na exploração do trabalhador, nos abusos
sexuais, na discriminação de pessoas por causa da cor, idade, religião ou
condição social.
Se manifesta no trânsito com a falta de respeito às leis,
falta de cuidado na direção e desrespeito aos outros motoristas. E se
manifesta, sobretudo, no pouco valor dado à vida humana, onde pequenas
desavenças facilmente levam a atitudes radicais, como brigas e assassinatos.
Em base a esta realidade e, impulsionados pelas palavras e
atitudes do nosso Papa, a Igreja no Brasil proclamou 2015 como o Ano da Paz. A
abertura se deu no último dia 30 de novembro do ano passado e a conclusão será no Natal de
2015. Conforme dom Leonardo Steiner, secretário geral da CNBB, “um ano da paz
pode nos ajudar a refletir sobre o porquê da violência e a necessidade da paz.
Mas também busca, junto às nossas comunidades, momentos onde as pessoas possam
expressar que desejam viver em harmonia e em fraternidade”.
Façamos, portanto, deste Ano da Paz, um período de reflexão,
aprofundando as causas da violência e fortalecendo os laços de paz e
fraternidade entre nós. Digamos não à violência e sim à paz!