sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

ANO DA PAZ

Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)



Por decisão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Igreja Católica dedica o ano de 2015 à reflexão sobre a paz. A decisão teve como inspiração as várias atitudes do Papa Francisco em superar as barreiras que dividem os povos e construir laços de fraternidade. Entre estas atitudes destacamos: a realização de uma vigília pela paz na praça São Pedro no dia 7 de setembro de 2013; a oração conjunta do Papa com o presidente de Israel, a autoridade palestina e o patriarca de Constantinopla no dia 8 de junho; a oração na Mesquita de Istambul em sua viagem feita à Turquia nos dias 28 a 30 de novembro. Além dos gestos, temos vários pedidos de paz como foi o apelo feito na Turquia para que as autoridades tomem atitudes concretas contra os grupos radicais que promovem a perseguição religiosa.

A violência é uma realidade chocante. Conforme dados do Mapa da Violência tivemos, em 2012, 56 mil pessoas assassinadas no Brasil. Somando a estas as pessoas que morrem no trânsito e se suicidam, passamos de 100 mil pessoas mortas anualmente no Brasil, sem contabilizar as pessoas que são assassinadas com a prática do aborto. Poucos são os dias onde os noticiários policiais dos vales Rio Pardo e Taquari não falam de assassinatos, suicídios ou mortes em acidentes.
Além disso, sabemos que a violência nem sempre provoca a morte. Ela se manifesta em diversos meios e de diferentes formas. Se manifesta nas famílias onde casais não dialogam entre si, onde pais abandonam ou maltratam os filhos, onde filhos abandonam os pais idosos e doentes. Se manifesta no tráfico de drogas, na exploração do trabalhador, nos abusos sexuais, na discriminação de pessoas por causa da cor, idade, religião ou condição social.
Se manifesta no trânsito com a falta de respeito às leis, falta de cuidado na direção e desrespeito aos outros motoristas. E se manifesta, sobretudo, no pouco valor dado à vida humana, onde pequenas desavenças facilmente levam a atitudes radicais, como brigas e assassinatos.
Em base a esta realidade e, impulsionados pelas palavras e atitudes do nosso Papa, a Igreja no Brasil proclamou 2015 como o Ano da Paz. A abertura se deu no último dia 30 de novembro do ano passado e a conclusão será no Natal de 2015. Conforme dom Leonardo Steiner, secretário geral da CNBB, “um ano da paz pode nos ajudar a refletir sobre o porquê da violência e a necessidade da paz. Mas também busca, junto às nossas comunidades, momentos onde as pessoas possam expressar que desejam viver em harmonia e em fraternidade”.

Façamos, portanto, deste Ano da Paz, um período de reflexão, aprofundando as causas da violência e fortalecendo os laços de paz e fraternidade entre nós. Digamos não à violência e sim à paz!