Vamos iniciar no próximo domingo um novo ano litúrgico e um novo tempo litúrgico: O Advento.
A palavra “advento” tem origem latina e significa “chegada”,
“aproximação”, “vinda”. No Ano Litúrgico, o Advento é um tempo de preparação
para a segunda maior festa cristã: o Natal do Senhor. Neste tempo, celebramos
duas verdades de nossa fé: a primeira vinda (o nascimento de Jesus em Belém) e
a segunda vinda de Jesus (a Parusia). Assim, a Igreja comemora a vinda do Filho
de Deus entre os homens (aspecto histórico) e vive aalegre expectativa da
segunda vinda d’Ele, em poder e glória, em dia e hora desconhecidos (aspecto
escatológico).
Como se estrutura o Tempo do Advento
O tempo do Advento não tem um número fixo de dias e depende
sempre da solenidade do Natal. Ele começa na tarde (1ª Vésperas) do primeiro
domingo após a Solenidade de Cristo Rei e se desenvolve até o momento anterior
à tarde (1ª Vésperas) do Natal. Ele possui quatro semanas e, por isso, quatro
domingos celebrativos. O terceiro domingo do Advento é chamado de domingo da
alegria (gaudete, em latim) por causa da antífona de entrada da missa
(Alegrai-vos sempre no Senhor), mostrando a alegria da proximidade da
celebração do Natal. O tempo do Advento se divide em duas partes. A primeira,
que vai até o dia 16 de dezembro, é marcada pela espera alegre da segunda vinda
de Jesus. A segunda, os dias que antecedem o Natal, se destaca pela recordação
sobre o nascimento de Jesus em Belém.
As figuras Bíblicas principais do Advento
Dois personagens bíblicos ganham destaque na celebração do
Advento: Maria e João Batista. Ela porque foi escolhida por Deus para ser a mãe
do Salvador, e ele porque foi vocacionado a ser o precursor do Messias. Ela se
torna modelo do coração que sabe acolher a Palavra e gerar Jesus. Ele se torna
modelo de uma vida que sabe esperar nas promessas de Deus e agir anunciando e
preparando a chegada da salvação. Em ambos se manifesta a realização da
esperança messiânica judaica e o anúncio da plenitude dos tempos.
“Atentos e vigilantes”
A espiritualidade do Advento é marcada por algumas atitudes
básicas: a preparação para receber o Cristo; a oração e a vivência da esperança
cristã. A preparação para receber o Senhor se dá na vivência da conversão e da
ascese. Precisamos ter um olhar atento sobre nós e a realidade que nos cerca e
nos empenharmos para correspondermos com a ação do Espírito de Deus que quer
restaurar todas as coisas. O nosso relacionamento com o nosso corpo e os nossos
afetos, com nossos familiares e pessoas íntimas, nossa participação na vida
eclesial e social devem estar no foco de nossa atenção. A preparação para
celebrar o Natal demanda uma confissão sacramental bem feita e um propósito
firme de renovação interior.
“Orai a todo momento”
Este tempo é marcado por uma vivência mais profunda da vida
de oração. A leitura orante deste período nos coloca em contato com as
profecias de salvação do Antigo Testamento, com a expectativa que os cristãos
da Igreja primitiva tinham da Parusia e com os eventos principais que antecederam
o nascimento de Jesus. A recordação dos eventos que antecederam a primeira
vinda de Cristo se torna a base da preparação da Igreja para o novo Advento do
Senhor. A Santa Missa e a Liturgia das Horas são os principais momentos
celebrativos. Os exercícios de piedade, como a oração e a meditação dos
mistérios gozosos do Rosário, a oração do Angelus Domini e a Novena de Natal
podem ser um caminho feliz para a vivência da oração comunitária neste tempo.
“Para ficardes em pé diante do Filho do Homem”
Cada um de nós, apesar do pecado e do mal que nos cerca,
deve desejar sempre mais a felicidade, aceitando que, em última análise, ela é
o Reino dos Céus, a vivência em comunhão plena e eterna com Deus. Para isto é
necessário vivermos dirigindo nossa vida para esta meta, colocando nossas
forças no socorro da graça do Espírito Santo. Deus já nos criou desejando a
felicidade. Contudo, por causa do pecado, vamos procurando nas criaturas aquela
completude que só pode ser vivida na comunhão com o Criador. O Advento nos propõe
entendermos todas as coisas na sua relação com Deus e usarmos elas como meios
de estarmos com Ele, colocando nossa esperança nas realidades que não passam.
Para aprofundar...
Para saber mais sobre o assunto, indicamos CIC, nos 1168 até
1171; no Compêndio do Catecismo, perguntas de 241 e 242; no Youcat, perguntas
de 184 até 186; e, Sacrosanctum Concilium, parágrafos 102 e 105.