Cidade do Vaticano (RV) - A vida cristã é uma “luta” contra
o demônio, o mundo e as
paixões da carne. Foi o que afirmou o Papa na Missa
presidida esta manhã na Casa Santa Marta.
Na homilia do dia 30 de outubro, Francisco comentou as palavras de São Paulo que, dirigindo-se aos
Efésios, “fala da vida cristã numa linguagem militar”. O Pontífice destacou que
“a vida de Deus deve ser defendida, se deve lutar para levá-la avante”.
Portanto, são necessários força e coragem “para resistir e para anunciar”. Para
prosseguir na vida espiritual – reafirmou – é preciso lutar. Não se trata de um
simples confronto, mas de uma luta contínua. Francisco identificou três
inimigos da vida cristã: “o demônio, o mundo e a carne”, ou seja, as nossas
paixões, “que são as feridas do pecado original”. Certamente, observou, “a
salvação que Jesus nos dá é gratuita”, mas somos chamados a defendê-la:
“Do que me devo defender? Que devo fazer? ‘Revestir-nos da armadura de Deus’,
nos diz Paulo, ou seja, aquilo que é de Deus nos defende para resistir às
insídias do diabo. Não se pode pensar numa vida espiritual, numa vida cristã,
sem resistir às tentações, sem lutar contra o diabo, sem vestir esta armadura
de Deus que nos dá força e nos protege.”
São Paulo, prosseguiu o Papa, destaca que “a nossa batalha” não é contra
pequenas coisas, “mas contra os principados e as potências, isto é, contra o
diabo e seus aliados”.
“Mas, esta geração – e tantas outras – nos fez acreditar que o diabo fosse um
mito, uma figura, uma ideia, a ideia do mal. Mas o diabo existe e nós devemos
lutar contra ele. É o que diz Paulo, não eu! É a Palavra de Deus. Mas nós não
estamos muito convencidos. E depois Paulo nos diz como é esta armadura de Deus,
quais são os diversos tipos de armaduras, que formam esta grande armadura de
Deus. E ele diz: ‘Sejais firmes e cingi os vossos rins com a verdade’. Esta é a
armadura de Deus: a verdade.”
“O diabo – disse - é o mentiroso, é o pai dos mentirosos, o pai da mentira.” E
com São Paulo, reiterou que é preciso cingir os nossos rins com a verdade,
revestir-nos da couraça da justiça. “Não se pode ser cristãos sem trabalhar
continuamente para ser justos. Não se pode”. Uma coisa que nos ajudaria muito,
disse, seria nos perguntar se ‘acredito ou não?’. Ou acredito mais ou menos? E
evidenciou que “sem fé não se pode prosseguir, não se pode defender a salvação
de Jesus”. Precisamos “deste escudo da fé”, porque “o diabo não nos lança
flores”, mas “flechas em chamas” para nos matar. Francisco então exortou a
tomar o capacete da salvação e a espada do Espírito e a vigiar “com orações e
súplicas”:
“A vida é uma milícia. A vida cristã é uma luta, uma luta belíssima, porque
quando o Senhor vence em cada passo da nossa vida, nos dá uma alegria, uma felicidade
grande: aquela alegria que o Senhor venceu em nós, com a sua gratuidade de
salvação. Mas sim, somos um pouco preguiçosos na luta e nos deixamos levar
avante pelas paixões, por algumas tentações. Isso porque somos todos pecadores.
Mas não devemos nos desencorajar. Coragem e força, porque o Senhor está
conosco”.