Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)
O perdão de nossos pecados,é uma necessidade espiritual. Mas
também psicológica. Nada melhor do que o pecador se sentir perdoado. “Feliz
aquele cuja iniquidade foi perdoada” (Sl 31, 1). Isso é benéfico para nós.
Restaura nossa autoestima. Sentir-se perdoado significa ter a sensação segura
de ser amado.
Trata-se de uma grande experiência interior, portadora da
paz e do equilíbrio psicológico. Faz levantar a cabeça. Mas como se pode obter
a misericórdia divina em nosso favor? Que possibilidades de perdão o Pai Justo
(Jo 17, 25) nos oferece para a purificação de nossas consciências? Cito alguns
caminhos, uns mais largos e outros mais estreitos. Entre eles lembro o amor
profundo e total para com Deus. “A caridade é o vínculo da perfeição” (Col 3,
14). É bem difícil, mas muitos alcançam essa graça. Cito, sobretudo, a prática
da caridade para com o próximo. “A caridade apaga uma multidão de pecados” (1
Pd 4, 8). Esse é um caminho bastante seguro, ao alcance de nossas mãos. Também,
vinculadas ao poder legítimo da Igreja, estão as indulgências, cujo poder de
perdão provem dos tesouros de santidade dos filhos da esposa de Cristo.
Mas um caminho proposto por Jesus, e aberto pela bondade do
Salvador, é o Sacramento da Penitência, também chamado de Confissão. É um
caminho seguro para a misericórdia divina, contanto que nos arrependamos e nos
ponhamos na senda da mudança interior. Nós acreditamos no poder que Jesus deu à
sua Igreja de perdoar, em nome de Deus, os pecados do povo. “Somos embaixadores
da reconciliação...Em nome de Cristo vos pedimos: deixai-vos reconciliar com
Deus” (2 Cor 5, 19-20). Esse sacramento não só perdoa os pecados, - por mais
graves que sejam, - mas nos dá forças para praticar o bem. O Papa Francisco
sugere que todas as Paróquias do mundo facilitem, nesta quaresma, a aproximação
dos Fiéis, a este sacramento. O sacramento é tão humano, que até a Psicologia
adotou a “confissão” como um método de terapia. Só existe uma diferença: após o
relato diante de psicólogo, este pode orientar o paciente e mostrar o caminho
da recuperação. Mas o Sacerdote pode perdoar, em nome de Deus. E isso é uma
segurança para nós. “Se o mau renunciar à sua malícia e praticar o bem, ele
viverá” (Ez 33, 19).