sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

11 PLANO DE PASTORAL

Em entrevista ao jornal O São Paulo, semanário da Arquidiocese de São Paulo, Padre Tarcísio Marques, coordenador do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, falou sobre as marcas na ação pastoral da Arquidiocese deixadas pelo 11º Plano de Pastoral.



Leia a íntegra da entrevista abaixo:

O São Paulo - No dia 25 de janeiro, completou um ano o lançamento do 11º Plano de Pastoral. Que avaliação o senhor faz da aplicabilidade do plano até agora? O que ainda pode avançar?
Pe. Tarcísio - Por primeiro, a mobilização para torná-lo conhecido em toda a Arquidiocese e fora dela. Houve uma grande mobilização pelas regiões episcopais, pastorais e movimentos promovendo um aprofundamento sobre seu conteúdo de forma geral e particularmente sobre a sua primeira urgência, Igreja em Estado Permanente de Missão, pois estava relacionada ao primeiro ano da vigência do próprio Plano. Para dar corpo ao que o Plano propõe, foi-se subsidiando as lideranças em nível paroquial, setorial e regional, bem como os agentes de pastoral e animadores de movimentos e novas comunidades, na elaboração de seus projetos pastorais com consistência. Houve, desta forma, treinamento sobre como se elabora um projeto pastoral em todas as instâncias, o que permitiu que o Plano fizesse ressoar em toda a Arquidiocese o que cada comunidade e pastoral pode dar de si em vista da presença da Igreja na cidade como um todo. Neste ano, a segunda urgência - Igreja, Casa da Iniciação Cristã – já foi se delineando por meio das assembléias que se efetivaram em todas as instâncias das regiões episcopais, cujo material comum foi levado à Assembleia Arquidiocesana, que, por fim, definiu suas metas pastorais deste ano.

O São Paulo - Nas assembleias preparatórias ao 11º Plano , dom Odilo, especialmente, alertou que o Plano precisaria ser revertido em projetos de ação das pastorais, comunidades e movimentos e demais organismos da Arquidiocese. Isso concretamente tem acontecido (há dados sobre projetos já sistematizados)?
Pe. Tarcísio - Como afirmei, foi exatamente desta maneira que o Plano foi se fazendo conhecido e efetivado na Arquidiocese. Cada região episcopal, antes de realizar sua assembléia no ano passado, mobilizou os setores que, por sua vez, mobilizaram as paróquias e demais comunidades a elaborarem seus projetos de pastoral. É de nosso conhecimento que um grande número de paróquias e comunidades realizou esses projetos. Com essa participação mais significativa, os setores pastorais realizaram suas assembléias e, por fim, com a riqueza que os setores trouxeram, realizaram-se as assembléias regionais, que, noutro momento planejado, trouxeram suas contribuições para a efetivação da Assembléia Arquidiocesana.

O São Paulo - Como o Secretariado de Pastoral tem se estruturado para trabalhar as prioridades do 11º Plano em 2014: “A fé que rezamos”, do Catecismo da Igreja Católica, o documento conciliar Sacrossanctum Concilium e as urgências “Igreja Casa da Iniciação Cristã” e “Igreja em Estado permanente de missão”? Qual o cronograma de reuniões, formações arquidiocesanas e outras atividades para 2014 (ou ao menos do primeiro semestre)?
Pe. Tarcísio - Bem, o cronograma de atividades da Arquidiocese é sempre denso. Mas este cronograma também conta com o que cada região episcopal planeja no seu nível. Toda a elaboração dos projetos pastorais que já citei tem seus níveis próprios, seja o paroquial, o setorial ou o regional. No que tange à Arquidiocese, tudo o que foi já trazido da riqueza das regiões episcopais deve contar com o apoio e o incentivo do Secretariado Pastoral para sua execução. O Secretariado Arquidiocesano, neste contexto, deve exercer sua função própria, que é a de executar, subsidiar, assessorar e criar instâncias de aprofundamento daquilo que já foi pensado e definido em assembléia. Nossa  programação em 2014 prevê  o  encontro de dom Odilo com os padres que exercem funções, sobretudo nas paróquias e comunidades; também numerosos encontros – dos Coordenadores dos Setores Pastorais das Regiões Episcopais,  o das Equipes de Coordenação das Regiões, Setores, Pastorais, Movimentos, Novas Comunidades e outros Organismos arquidiocesanos, os das Coordenações Pastorais do Conselho Arquidiocesano de Pastoral  CAP – como meios para subsidiar e incentivar a aplicação do projeto pastoral arquidiocesano. É previsto que um grupo formado por agentes de pastoral das regiões episcopais possa assessorar aprofundamentos de projetos de pastoral por toda a Arquidiocese. Especificamente, as regiões episcopais terão suas reuniões a fim de que tudo se efetive. Também as instâncias de comunicação da Arquidiocese, como o Jornal O São Paulo, seu site e a Rádio 9 de Julho, deverão estar a serviço de todo esse processo para tornar realidade o que cada projeto de pastoral exige. Cursos e encontros formativos para o clero e o laicato já estão previstos em todo o calendário deste ano. Enfim, todas as celebrações e encontros que reúnem as instâncias arquidiocesanas trarão em seu bojo o que ajuda que as metas deste ano sejam consideradas, promovidas e efetivadas.

O São Paulo - O senhor enquanto assessor do secretariado arquidiocesano de Pastoral percebe que quais são os principais desafios para a articulação Pastoral na Arquidiocese? A maior dos entraves é pontual ou se deve ao "tamanho" (abrangência) da Arquidiocese?
Pe. Tarcísio - Na verdade, sou coordenador do Secretariado de Pastoral Arquidiocesano. Tenho a função de dirigir a equipe que executa, anima e acompanha o cumprimento das metas pastorais arquidiocesanas em consonância ao nosso bispo, Dom Odilo Pedro Scherer. Meu trabalho é levar a cabo o que ele, como pastor, evoca e põe para que a Arquidiocese esteja a serviço da evangelização em nossa grande e querida Cidade de São Paulo. Tudo isso sempre tem sido feito em sintonia com o Plano de Pastoral Arquidiocesano, permanecendo, com requer o ser cristão, a serviço de todas as pessoas. Coordenar é algo bom e exigente, sim! No entanto, fique claro que o que digo como exigente não significa entrave ou peso; pois é um imenso prazer servir carinhosamente à minha Igreja. Não definiria nada como entrave para a vida pastoral de nossa Igreja, pois a Igreja já nasceu para estar em meio das pessoas, sendo solícita e sinal de alegria e esperança para todos, claro que primordialmente entre os marginalizados e vítimas de muitas formas de opressão. Nem mesmo os que se irritam com a Igreja, divergem dela ou criam obstáculos para sua ação devem ser vistos como entraves, porque todos somos irmãos e irmãs. Jamais devemos usar do expediente do ódio e da exclusão se queremos estar no meio do povo e servi-lo como Jesus nos ensinou. Talvez a palavra dificuldade seja mais adequada para definir os imensos desafios desta grande cidade, com seus abismos sociais, suas imensas periferias povoadas por gente simples que merece uma grande e constante atenção do Poder Público e de todos nós. Há desafios pastorais a serem enfrentados no que tange a compreender e expressar-se de acordo com a linguagem e o entendimento dos diversos grupos, tribos e movimentos, religiosos ou não, que estão presentes por toda a Cidade. Há o desafio não somente das periferias geográficas, mas as imateriais também. Um desafio que se destaca é compreender a juventude e atualizar os ensinamentos do Evangelho para sua linguagem e compreensão; pois não basta somente ensinar, mas é preciso reunir, formar comunidade em que os jovens sejam também agentes da evangelização. Seria injusto não lembrar os idosos e solitários: impressiona o número de pessoas cada vez mais solitárias numa cidade que fervilha de gente indo e vindo. E os presídios na cidade? E as casas para menores infratores? E o povo da rua? E as pessoas de outras denominações cristãs ou de outras religiões? E os que se declaram sem religião ou ateus? E os poucos recursos humanos para evangelizar? E os poucos recursos financeiros para investir na formação e liberação de agentes de pastoral para tantos desafios onde a Igreja sempre deve estar presente? Os desafios são muitos mesmo! Jesus já sabia disso! Por isso disse: “A messe é grande, mas os operários são poucos”. A meu ver, o que se define por desafio acaba se tornando incentivo na promoção de um valor cristão inalienável: servir árdua e generosamente, sem esperar ganhos financeiros, mas prazerosamente em meio de todos como simples servidor, jamais como quem manda e oprime.