Dom Celso A. Marchiori
Bispo de Apucarana
No dia 25 de dezembro celebramos a grande festa do
nascimento de Jesus, nosso Senhor e Salvador. Para esta festa religiosa, todos
nos preparamos com um tempo litúrgico, que chamamos de advento. O tempo do
Advento, composto de quatro domingos, ajuda-nos a refletir, à luz da Palavra de
Deus, sobre a primeira e a segunda vinda de Jesus. Podemos também pensar,
contemplando a nossa história, sobre a vinda de Jesus, para a qual já estamos
nos preparando, à medida em que vamos nos identificando com Cristo, por meio de
nossas atitudes, ações e decisões que precisamos tomar diariamente relacionadas
à nossa família, ao mundo do trabalho e às nossas comunidades eclesiais. Dessa
forma, conduzidos pela fé, mediante nosso testemunho e ação missionária, as
realidades humanas, marcadas por sinais de morte, vão se transformando num
ambiente de vida, onde passará a reinar a paz, a alegria, a justiça, o amor e o
perdão, e o reino de Deus certamente já estará acontecendo entre nós.
Um forte apelo que a Palavra de Deus nos faz na liturgia do
advento, neste tempo preparatório para celebrarmos o nascimento de Jesus, é a
necessidade de uma conversão profunda, que requer mudanças significativas das
nossas estruturas pessoais, familiares, comunitárias e sociais.
O documento 104 da CNBB, seguindo o espírito do documento de
Aparecida, fala-nos da necessidade de uma conversão pastoral na Igreja. Uma
mudança de paradigmas, no jeito de evangelizar, na maneira de levarmos avante o
convite de Jesus: “Ide, fazei discípulos entre todas as nações” (cf. Mt
28, 19). Os bispos falam que estamos vivendo um tempo marcado por grandes
mudanças, uma nova época que “nos desafia a rever a nossa ação evangelizadora e
pastoral-paroquial em vista da urgência de uma nova evangelização” (CNBB 104,
84). E, diante disso, não podemos ignorar de que somos membros de uma Igreja
que está em estado permanente de missão.
Que o tempo litúrgico para a celebração do nascimento de
Jesus nos favoreça a essa conversão pastoral, pela qual a ação evangelizadora
da Igreja será sempre mais eficaz apostolicamente; e que nos tornemos mais
abertos e dispostos, sustentados pela fé, esperança e caridade, a viver comprometidos,
numa dinâmica vida comunitária, como ardorosos discípulos missionários de
Cristo.
Então, com toda a alegria, suscitada pela contemplação do
menino Jesus no presépio, poderemos proclamar esta incentivadora Palavra:
“Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou”
(Lc 2,15b). Pois é aí que vamos encontrar aquele que “o nosso coração ama” (cf.
Ct 3, 4), que é nossa paz, nossa alegria, “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo
14, 6), a fonte de nossa verdadeira felicidade e a razão que nos motiva a
renovarmos nossas paróquias em autênticas redes de comunidades, onde haveremos
“de proclamar que Jesus é o Senhor da Vida e que é o único que pode trazer a
vida em abundância para todos” (cf. Jo 10,10).
Acompanhando a Sagrada Família desde Belém, possamos com
firmeza, à luz da fé, brilhar para o mundo e enveredar nossos passos pelas
sendas da justiça, da paz e do amor, em busca de uma sociedade fraternalmente
mais rica de humanidade. Que Jesus Menino vos abençoe!