terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA




Ano Santo, ou Jubileu, é um tempo propício para louvar e agradecer com alegria (“júbilo”), para acolher graças especiais de Deus, por meio do serviço da Igreja. Mas também é um “tempo favorável” para buscar mais intensamente o encontro com Deus e com os irmãos. No Ano Jubilar, somos chamados à conversão de vida, ao arrependimento, à reconciliação com Deus e com o próximo e a renovar-nos espiritualmente mediante o perdão de Deus, que abre “os tesouros de sua misericórdia” (cf. Ef 2,4), sendo indulgente para conosco, pecadores.

A conclusão do Ano Jubilar, na festa solene de Cristo Rei de 2016, também tem um significado especial: toda a nossa vida e toda a história da humanidade estão sob o signo da misericórdia de Deus, manifestada a nós por meio de Jesus Cristo. No final de nossa vida terrena, encontraremos Jesus Cristo glorificado, Senhor e Juiz de cada um de nós e também da história. Todos esperamos que Ele seja um juiz clemente e misericordioso. Mas sabemos, desde agora, que “o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia” (cf. Tg 2,13).

Alguns motivos especiais levaram o Papa Francisco a proclamar o Jubileu extraordinário da Misericórdia. Antes de tudo, porque a Igreja comemora o 50º aniversário da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, iniciado em outubro de 1962 e encerrado em 8 de dezembro de 1965. Francisco lembra-nos que o Concílio foi uma grande bênção para a Igreja e para a humanidade e que ele já produziu muitos frutos ao longo destes 50 anos. Portanto, temos muito a agradecer a Deus.

Ao mesmo tempo, resta ainda muito por fazer para que as decisões do Concílio sejam postas mais plenamente em prática. O Concílio representou um grande esforço da Igreja para evangelizar mais e melhor. Todos os seus documentos são orientados pela preocupação de evangelizar mais e melhor. E o Papa São João XXIII, no discurso de abertura do Concílio, em 1962, dizia que era chegado o tempo em que a Igreja devia usar menos o bastão da severidade que o remédio da misericórdia para chegar a todas as pessoas e levar a todos a Boa-Nova da salvação.

Pois bem, 50 anos depois, a “nova evangelização” parte das mesmas preocupações do Concílio: evangelizar sempre, de maneira adequada, com coragem, esperança e alegria, sem se cansar. E sem esquecer que o Evangelho é, antes de tudo, o “belo anúncio” do amor misericordioso de Deus para todas as pessoas: “tanto Deus amou o mundo, que lhe entregou seu Filho único, para que todo aquele que nele crer, não morra para sempre, mas tenha a vida eterna” (cf. Jo 3,16). Evangelizar é anunciar e testemunhar a misericórdia infinita de Deus para com a humanidade.

Recomendo a leitura atenta da Bula Misericordiae Vultus, de proclamação do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, do Papa Francisco. De minha parte, publicarei em breve uma Carta Pastoral com orientações para celebrar e viver bem o Jubileu da Misericórdia na Arquidiocese de São Paulo.

Publicado no jornal O SÃO PAULO, Edição 3076 - 5 a 10 de novembro de 2015




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