domingo, 31 de janeiro de 2016

SÃO JOÃO BOSCO




Nasceu perto de Turim, na Itália, em 1815. Muito cedo conheceu o que significava a palavra sofrimento, pois perdeu o pai tendo apenas 2 anos. Sofreu incompreensões por causa de um irmão muito violento que teve. Dom Bosco quis ser sacerdote, mas sua mãe o alertava: “Se você quer ser padre para ser rico, eu não vou visitá-lo, porque nasci na pobreza e quero morrer nela”.

Logo, Dom Bosco foi crescendo diante do testemunho de sua mãe Margarida, uma mulher de oração e discernimento. Ele teve que sair muito cedo de casa, mas aquele seu desejo de ser padre o acompanhou. Com 26 anos de idade, ele recebeu a graça da ordenação sacerdotal. Um homem carismático, Dom Bosco sofreu. Desde cedo, ele foi visitado por sonhos proféticos que só vieram a se realizar ao longo dos anos. Um homem sensível, de caridade com os jovens, se fez tudo para todos. Dom Bosco foi ao encontro da necessidade e da realidade daqueles jovens que não tinham onde viver, necessitavam de uma nova evangelização, de acolhimento. Um sacerdote corajoso, mas muito incompreendido. Foi chamado de louco por muitos devido à sua ousadia e à sua docilidade ao Divino Espírito Santo.

Dom Bosco, criador dos oratórios; catequeses e orientações profissionais foram surgindo para os jovens. Enfim, Dom Bosco era um homem voltado para o céu e, por isso, enraizado com o sofrimento humano, especialmente, dos jovens. Grande devoto da Santíssima Virgem Auxiliadora, foi um homem de trabalho e oração. Exemplo para os jovens, foi pai e mestre, como encontramos citado na liturgia de hoje. São João Bosco foi modelo, mas também soube observar tantos outros exemplos. Fundou a Congregação dos Salesianos dedicada à proteção de São Francisco de Sales, que foi o santo da mansidão. Isso que Dom Bosco foi também para aqueles jovens e para muitos, inclusive aqueles que não o compreendiam.

Para a Canção Nova, para a Igreja e para todos nós, é um grande intercessor, porque viveu a intimidade com Nosso Senhor. Homem orante, de um trabalho santificado, em tudo viveu a inspiração de Deus. Deixou uma grande família, um grande exemplo de como viver na graça, fiel a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em 31 de janeiro de 1888, tendo se desgastado por amor a Deus e pela salvação das almas, ele partiu. Mas está conosco no seu testemunho e na sua intercessão.

São João Bosco, rogai por nós!

PALAVRA DE DEUS NO DOMINGO




Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, estando Jesus na sinagoga, começou a dizer: 21“Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”.

22Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?”

23Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”.

24E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria.

25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia.

27E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”.

28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.




— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

sábado, 30 de janeiro de 2016

O MATRIMONIO E A FAMÍLIA NA SACRAMENTALIDADE DA IGREJA


O matrimônio e a família na sacramentalidade da Igreja / Arqrio


O prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Marc Ouellet não pôde comparecer ao Curso para os Bispos devido a um chamado feito pelo Papa Francisco. Os seus textos: “O matrimônio e a família na sacramentalidade da Igreja” e “Entre o bispo, Esposo da Igreja, e as famílias, que tipo de comunhão existe?”, foram lidos pelo bispo de Camaçari (BA), Dom João Carlos Petrini.

Família na sacramentalidade da Igreja

O texto fala sobre o vínculo orgânico que existe entre o sacramento do matrimônio e a sacramentalidade da Igreja. Outro tópico abordado foi a complexidade que envolve o processo de nulidade matrimonial.

Para começar a explicar sua tese, o cardeal definiu família como um oásis de comunhão para um povo que caminha no deserto, seguindo a Cristo; e explicou que ela tem como propriedades naturais e sobrenaturais a unidade, a fidelidade, a fecundidade e a indissolubilidade.

Para ilustrar, comparou o matrimônio, dentro da sacramentalidade da Igreja, à relação entre Cristo e a Igreja, visto que “a Igreja é em Cristo o sinal e instrumento da íntima união com Deus”. Isso de acordo com as constituições do Concílio Ecumênico Vaticano II.

“A Igreja é um sinal visível de comunhão e mediação de graça. Nesta ótica, todos os sacramentos podem ser repensados como articulações orgânicas de um corpo que constitui a sacramentalidade da Igreja em relação com o mundo”, escreveu.

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, o matrimônio, uma vez que significa e comunica a graça da aliança entre Cristo e a Igreja, é um verdadeiro sacramento da Nova Aliança.

Concílio e a nova concepção de matrimônio

Ao longo da explanação, o Cardeal Petrini explicou, usando as palavras de Dom Ouellet, que o Concílio repropôs o Sacramento do Matrimônio como “encontro com Cristo”, que permanece com o casal e os faz participar de Seu próprio amor. Este seria, portanto, o motivo pelo qual os divorciados recasados não podem comungar.

“Comungando sacramentalmente, o casal repete seu ‘sim’ à aliança de Cristo e da Igreja. Estes, por sua vez, contêm, sustentam, santificam e salvam a aliança dos esposos, chamados a servir a um amor maior que o seu próprio amor, misteriosamente presente neles, apesar das vicissitudes da vida humana”, escreveu o cardeal.

Segundo o autor da palestra, o sacramento não se limita a ajudar os cônjuges a realizar os fins naturais de sua união, mas é também uma “vocação à santidade, uma santidade conjugal e familiar que revela e encarna concretamente no mundo a verdadeira natureza da Igreja como Esposa de Cristo”. Portanto, o casal, comungando em Cristo, deve ser capaz de evoluir junto e, assim, transpassar os obstáculos da vida.

Comunhão entre o bispo e as famílias

Na segunda palestra, o Cardeal Ouellet tratou sobre como ocorre a relação entre bispo e Igreja e entre bispo e as famílias. De acordo com ele, a Igreja também pode ser descrita como a “imaculada Esposa do Cordeiro imaculado que Cristo amou (...) e por ela deu-se a si mesmo, a fim de santificá-la”. Esse laço expõe a semelhança entre os laços firmados entre Cristo e a Igreja e entre esposo e esposa, de acordo com a simbologia nupcial.

O bispo, a partir do Sacramento da Ordem, é chamado, através desse símbolo, desse acordo firmado, a “suscitar nos fiéis relações recíprocas inspiradas no respeito e estima que se aplicam a uma família onde floresce o amor”, de acordo com a Exortação Apostólica pós-sinodal “Pastores Gregis”. Ou seja, a relação do bispo com a Igreja é como a de um esposo para com a esposa, à medida em que ele, em seu estado de vida celibatário, dá testemunho de sua pertença total à Igreja Esposa. “Sabemos que o Espírito investe pessoalmente na união nupcial indissolúvel dos esposos, assim como no carisma nupcial da vida consagrada”, pontuou.

Reflexões

Dom Petrini, após ler as palestras enviadas por Dom Ouellet, afirmou que o tema do curso é importante nos tempos atuais, porque antigamente, quando nasceu, a realização humana passava através da constituição da família. “O trabalho e a família eram os caminhos da realização humana para a felicidade. Mas agora não é mais assim”, frisou.

Durante o curso, explicou Dom Petrini, os bispos puderam redescobrir que toda a aliança de Deus com os homens, seja no Antigo ou no Novo Testamento, é centrada no conceito de nupcialidade. “Ou seja, Deus que trata o povo de Israel como a sua esposa. Jesus é o esposo que entrega sua vida, por amor, à sua esposa, que é a Igreja. O casal é chamado a ser sinal desse amor”, afirmou.

Foto: Gustavo de Oliveira

O MARTÍRIO DA VERDADE




Não temos a pretensão de possuir a Verdade, mas de sermos possuídos por ela.

Uma das notas mais características do cristianismo é o fato de ser ele uma religião revelada, quer dizer, seu fundamento não se encontra simplesmente na busca pelo homem de uma relação com um ser que o transcenda, mas numa iniciativa do próprio Criador, que, em sua sabedoria e bondade, veio ao encontro do homem, revelando-se e comunicando-se a Si mesmo. É Deus, portanto, que em Cristo nos mostra plenamente qual o caminho para chegarmos a Ele. Jesus Cristo, o Verbo de Deus Encarnado, é o Caminho, a Verdade e a Vida, e ninguém vai ao Pai, senão por Ele.

Os cristãos não criamos uma religião à nossa medida, ao nosso gosto, mas de Deus mesmo recebemos o modo de nos unirmos a Ele. Talvez se a tivéssemos criado, não teríamos “escolhido” uma redenção por meio da Cruz, e nem tampouco tantas verdades incômodas segundo os nossos padrões. Sim, como afirmou o escritor britânico C. S. Lewis, “se você está à procura de uma religião que o deixe confortável, definitivamente eu não lhe aconselharia o cristianismo”.

Nós, os cristãos, abraçamos a fé em Cristo, e tudo o que essa fé implica, não porque ela nos seja conveniente, mas porque acreditamos estar diante da Verdade. Mesmo sendo uma Verdade “incômoda”, com São Pedro somos levados a confessar: “A quem iríamos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus!” Não temos a pretensão de possuir a Verdade, mas de sermos possuídos por ela: Jesus Cristo é a Verdade!

E assim como o que o Senhor ensinou, com Sua vida e palavras, não agradava a todos os seus ouvintes, a Igreja, que não é maior do que seu Senhor, e que não pretende nada mais do que continuar Sua missão salvadora no mundo, encontrará resistência por parte dos seus contemporâneos: “Quem participa na missão de Cristo deve inevitavelmente enfrentar tribulações, contrastes e sofrimentos, porque entra em conflito com as resistências e os poderes deste mundo” (Bento XVI).

Se quisermos ser fieis, devemos estar dispostos a ser autênticos mártires, para comunicarmos essa Verdade que nos foi confiada, para que a transmitíssemos integralmente – sem recortes que a tornem mais “palatáveis” -, tal como a recebemos do Senhor.

Afirmar os valores que o Senhor nos legou, tais como a indissolubilidade do matrimônio, a dignidade da vida humana em todos os seus estágios, a incomparabilidade entre a união matrimonial de um homem e uma mulher com qualquer outra união, e tantos outros, nos faz chocar diretamente com a cultura dominante, que faz do relativismo o próprio credo, e não reconhece nada como definitivo, deixando como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades,como afirmava o, então, Cardeal Joseph Ratzinger.

Ainda que muitos de nós não sejamos chamados ao martírio cruento, ao derramamento de nosso sangue, como acontece com milhares de irmãos nossos atualmente assassinados por sua fidelidade ao Evangelho, estamos todos, sem dúvida, expostos ao martírio da ridicularização, da humilhação, das calúnias e outros tipos de perseguições, mais ou menos veladas por uma espécie de bom-mocismo politicamente correto, que pretende desmoralizar a Igreja de Cristo, uma das poucas vozes que ousam levantar-se para enfrentar uma cultura que ao abandonar a Deus do seu seio, terminou por esquecer a dignidade do próprio homem.

As palavras de São Paulo não são opcionais para nós, mas, antes, um dever: “Prega a palavra, insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir. Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas” (II Tim 4, 2).

Não tenhamos medo! O mesmo Senhor, que nos chamou a dar a vida – a honra, a imagem, a boa fama – por Ele, prometeu estar conosco todos os dias, até o fim do mundo. Os homens, mesmo que não tenham plena consciência, têm sede de verdade, e se nós nos calarmos – por temor a “ficarmos mal” –, os privaremos do maior Tesouro que temos para dar: Jesus Cristo, a Única Verdade capaz de saciar o coração humano!


Padre Demétrio Gomes

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

BISPOS EM REFLEXÃO


Curso dos Bispos: “Para que em tudo seja Deus Glorificado!” / Arqrio




Com a presença do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni d'Aniello, o Curso Anual dos Bispos do Brasil teve início na noite desta segunda-feira, dia 25 de janeiro, no Centro de Estudos e Formação do Sumaré, no Rio Comprido.

O primeiro curso dos bispos no Sumaré aconteceu em julho de 1990, com a presença do então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Emérito Bento XVI. O evento, que terá como tema central a “Família”, acontece até a próxima sexta-feira, dia 29.

O arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, deu às boas vindas aos participantes do curso.

Leia a mensagem na íntegra: 

Boas-vindas ao 25º Curso para os Bispos

25 a 29 de janeiro 2016

Meus votos de boas-vindas a todos e louvor e ação de graças a Deus que nos permitiu poder prestar também neste ano esse belo serviço aos bispos do Brasil. É sempre uma alegria reencontrar os irmãos! Devido a problemas da malha aérea muitos voos foram mudados ou transferidos e alguns irmãos estão ainda chegando nesta noite e amanhã cedo. Entre os irmãos bispos o destaque é para D. Edvaldo Gonçalves Amaral que até hoje participou de todas as edições do Curso para os Bispos.

Aberto 25º Curso Anual dos Bispos do Brasil / ArqrioAcabamos de iniciar com toda a Igreja o ano do Jubileu da Misericórdia. Com todas as portas santas da misericórdia abertas estamos fazendo a experiência de acolher e anunciar a misericórdia. Nesta semana teremos oportunidade de participar do lançamento do livro da entrevista do Papa Francisco que está sendo lançado com o título “O nome de Deus é misericórdia”. A editora está concluindo a impressão e deverá lançar nesta semana esse livro. Aqui no Rio de Janeiro, aproveitamos este encontro e iremos participar desse lançamento na próxima quinta-feira à noite, numa livraria de renome aqui no Rio de Janeiro, a Livraria da Travessa no Shopping Leblon com a participação do jornalista Gerson Camarotti que fará uma breve apresentação do livro e os que estarão presentes receberão um exemplar do mesmo. Como se trata de uma livraria será preciso levar um voucher que entregaremos na hora da saída daqui.

Neste ano, a Campanha da Fraternidade Ecumênica vai nos ajudar a ver a necessidade de conversão no cuidado com a casa comum, [tema: “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (cfr. Am 5.24)].tema muito caro ao Papa Francisco, que ao escrever a “Laudato Si’” nos motivou ainda mais nessa missão que já tem sido objeto de várias Campanhas da Fraternidade anteriores.

Estamos também na semana do 51º Congresso Eucarístico Internacional em CEBU nas Filipinas com o tema “Cristo em vós, a esperança da glória”, que se iniciou ontem, domingo e irá até o próximo domingo. Nas Filipinas se concentra metade da população católica da Ásia. Isso nos recorda do próximo congresso eucarístico nacional em Belém, comemorando os 400 anos da fundação da cidade. O XVII CEN ocorrerá de 15 a 21 de agosto deste ano e tem como tema: Eucaristia e partilha na Amazônia Missionária, e como lema: Eles o reconheceram no partir do pão.

Temos o privilégio de iniciar este curso deste ano no dia da Festa da Conversão de São Paulo e na conclusão da semana de orações pela unidade dos cristãos no hemisfério norte quando o Papa presidiu na Basílica de São Paulo fora dos muros as Segundas Vésperas solenes comemorativas.

Aqui no Rio de Janeiro a cidade se prepara as Olimpíadas e as Paraolimpíadas. Em meio às controvérsias sociais e econômicas nas quais as nossas pastorais estão atentas e inseridas, a arquidiocese tem um plano de trabalho, tanto para a coordenação dos trabalhos religiosos na vila dos atletas, como também dos “100 dias de paz” e o projeto de inserção dos jovens das comunidades na dinâmica do esporte para a paz. Em meio a crises política, econômica, social, ética, ideológica, etc – vamos nos movendo. E o tema da família está bem dentro desse furacão ideológico que varre a sociedade hodierna.

Aqui no Brasil, olhando para o futuro, já vislumbramos as comemorações em 2017 dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição A(a)parecida nas águas do Rio Paraíba e uma nova possível visita do Papa Francisco. Uma oportunidade de proclamar valores importantes para a nossa sociedade.
Este curso para bispos tem uma bela história: iniciou-se em julho de 1990 (estamos, portanto no 27º ano de existência), com a presença do então Cardeal Joseph Ratzinger, aqui neste Centro de Estudos e Formação do Sumaré. O assunto foi “o ministério Petrino em nosso tempo”. Daquela data em diante, com apenas duas exceções (1991, ano seguinte ao primeiro curso e em 2007, quando ocorreu a V Conferência em Aparecida e a visita do Santo Padre o Papa Bento XVI a São Paulo e Aparecida), todos os anos temos tido a alegria de receber os senhores bispos que aceitam o convite para um tempo de convivência fraterna e discussão de algum assunto de interesse comum, com conferencistas que nos ajudam a aprofundar os temas. A presença dos senhores é a razão primeira da existência deste curso e a colaboração nas reflexões o torna ainda mais enriquecido.

Este é, portanto, o 25º curso anual dos bispos do Brasil que realizamos. Estamos, portanto comemorando o jubileu de prata desse curso. Agradeço aos senhores pela presença e aos meus antecessores pela história que temos. Essa tradição iniciada pelo Cardeal Eugênio Araujo Sales, de saudosa memória, e continuada com o Cardeal Eusébio Oscar Scheid. Agradeço ao Cardeal Marc Oullet, da Congregação para os Bispos e da Pontifícia Comissão para a América Latina, que mesmo com dificuldades de saúde e de viagem enviou os textos de suas conferências que serão lidos por D. João Carlos Petrini, Bispo de Camaçari na Bahia a quem agradeço pela sua disponibilidade em nos ajudar, também aos professores do Instituto João Paulo II de Roma, Mons. José Granados Garcia (que está retido em Nova York devido à neve e só chegará na próxima quarta-feira) e Mons. Juan José Perez Soba e ao Padre Jesus Hortal, da PUC do Rio de Janeiro, pela aceitação das explanações que farão. Devido a esses imprevistos haverá alteração na sequência de algumas conferências na terça e na quinta. Será distribuída folha com a nova sequência das mesmas.

A pedido, feito no ano passado, de Sua Excelência, do senhor Núncio Apostólico, D. Giovanni d’Aniello teremos como lembrança deste curso uma cruz peitoral comemorativa que recorda um pouco a cruz da capela daqui do Sumaré. (não poderia ser uma reprodução idêntica senão ficaria muito estranha e pesada). Elaborada pela mesma autora, a cruz tem o mesmo estilo, que será abençoada e entregue na missa de sexta-feira. Aliás, contaremos aqui nestes dias, com muita alegria, com honrosa presença do senhor Núncio que permanecerá conosco e atenderá os senhores bispos que desejarem ou chamará aqueles com os quais gostaria de conversar. (Mons. Marcel Smejkal, tcheco, Conselheiro da Nunciatura, o acompanhará e o assessorará para os devidos atendimentos.) O senhor Núncio também conferirá, em nome do Papa Francisco, amanhã à noite, antes do jantar, a Medalha São Gregório Magno ao Consul Geral da Itália no Rio de Janeiro, Dr. Riccardo Batisti, aqui ao lado, na residência Assunção, que foi a residência papal durante a JMJ.

O trabalho de organizar este curso anual, contatos com conferencistas e os conteúdos dos temas tem sido de D. Karl Josef Romer. Ele contata os conferencistas, verifica os temas, responsabiliza-se pela tradução dos textos quando necessário, acolhe os conferencistas e conduz a dinâmica destes dias. Agradeço-lhe desde já essa importante missão. Ele já está com o curso de 2017 organizado, e pensando na temática de 2018 com toda precisão suíça germânica.

A organização prática: recepção, liturgia, impressos e demais assuntos é da Coordenação de Pastoral comandada pelo Mons. Joel Portella Amado com sua equipe própria, acrescida com os Padres, Diáconos Permanentes e Grupo de Seminaristas do Seminário São José. A casa, além das Irmãs do Bom Conselho e sua equipe de atendentes, temos a assessoria da Mitra Arquidiocesana, conduzida pelo Pe. Henrique Jorge Diegues e sua equipe, inclusive com as responsabilidades médicas. Agradeço a disponibilidade dos que aceitaram hospedar-se na Casa do Padre e no Seminário São José no Rio Comprido para facilitar a hospedagem de um bispo para cada quarto.

Depois de 5 anos (2011-2015) aprofundando os temas dos documentos conciliares, comemorando assim os 50 anos do Concílio Vaticano II (creio que foi uma das maiores comemorações desse jubileu no Brasil), neste ano de 2016 o foco se voltou para a “Família”, tema que foi aprofundado nestes últimos dois anos pela Igreja. Depois de tantos livros e artigos, um Consistório, uma Assembleia extraordinária do Sínodo e um Sínodo Ordinário dos Bispos, e enquanto aguardamos a publicação do documento papal pós sinodal, creio que é um belo momento de partilharmos um pouco dessas discussões e encaminhamentos. Como já dissemos, na última hora tivemos mudanças na presença dos conferencistas e por isso algumas delas estarão em horários diferentes do programado, mas tenho certeza de que a partilha entre nós será de uma grande riqueza. O assunto, além de estar nas preocupações e aprofundamentos da Igreja é uma problemática séria diante das várias investidas ideológicas que sofre a família com suas várias interpretações. Como responder a todas essas questões hoje?

Como sabemos este curso não tem como finalidade tomar decisões administrativas, nem pastorais e nem fazer pronunciamentos. A única manifestação é a nossa costumeira carta de cumprimentos ao Papa e ao Prefeito da Congregação para os Bispos, que como sempre ocorre a cada ano. É simplesmente um tempo de reflexão e partilha. A liturgia das horas e a missa diária são os pontos altos desses dias de atualização e troca de experiências. Nestes dias, os Senhores Bispos de várias partes do Brasil têm um especial momento de confraternização, de encontro, e, neste, ano o nosso passeio ocorrerá em horário invertido, na parte da manhã, devido a questão do horário de funcionamento do “Museu do Amanhã”, inaugurado em Dezembro passado e situado na nova Praça Mauá. As milhares de pessoas que procuram visitá-lo diariamente é motivação para que o conheçamos, pois se trata de um museu diferenciado daqueles que nós conhecemos. Essa visita será precedida de um momento cultural sobre o Rio de Janeiro e seus 450 anos e acolhida das Olimpíadas no auditório do Edifício João Paulo II, no bairro da Glória. Desejo que estes dias aqui, com um tempo chuvoso e menos calor (espero), sirvam para um descanso de tantos trabalhos e preocupações de nosso dia a dia.

Aqui estamos para discernir juntos os sinais de Deus na simplicidade de cada dia e contemplar as alegrias da ação do Senhor em nossas vidas de serviço à Igreja. Espero que ao retornar para suas dioceses levem boas ideias, recordações e ânimo renovado.

Caros irmãos bispos, vigários episcopais e convidados a todos os acolho com grande alegria aqui nesta casa. Mais uma vez lhes digo: sejam muito bem-vindos e obrigado por aceitarem vir a este encontro, que é um serviço que a Igreja do Rio de Janeiro presta como um compromisso fraterno. Aqui, tenham consciência de que é extensão de sua casa. Acolho, com grande afeto, a todos: sejam os novos que participam pela primeira vez, sejam os que já costumam vir em outros anos, bem como os caríssimos bispos eméritos nesse belo encontro em que todos nos sentimos protagonistas.

Que o nosso encontro e reflexão no curso nos ajudem nestes tempos que ora vivemos a vivermos como nos acenou o Papa Francisco: que sejamos "capazes de aquecer o coração das pessoas, de caminhar na noite com elas, de dialogar com as suas ilusões e desilusões, de recompor as suas desintegrações”.

Louvado seja o Senhor! Tudo para maior glória Deus!


† Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

CONVITE



Venha render graças a Deus pelos 13 anos de ministério sacerdotal do nosso Pároco, Padre Júlio Cesar: 

DIA: 31 de janeiro
HORÁRIO: 9 horas



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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

SANTO TOMÁS DE AQUINO




Neste dia lembramos uma das maiores figuras da teologia católica: Santo Tomás de Aquino. Conta-se que, quando criança, com cinco anos, Tomás, ao ouvir os monges cantando louvores a Deus, cheio de admiração perguntou: “Quem é Deus?”.

A vida de santidade de Santo Tomás foi caracterizada pelo esforço em responder, inspiradamente para si, para os gentios e a todos sobre os Mistérios de Deus. Nasceu em 1225 numa nobre família, a qual lhe proporcionou ótima formação, porém, visando a honra e a riqueza do inteligente jovem, e não a Ordem Dominicana, que pobre e mendicante atraia o coração de Aquino.

Diante da oposição familiar, principalmente da mãe condessa, Tomás chegou a viajar às escondidas para Roma com dezenove anos, para um mosteiro dominicano. No entanto, ao ser enviado a Paris, foi preso pelos irmãos servidores do Império. Levado ao lar paterno, ficou, ordenado pela mãe, um tempo detido. Tudo isto com a finalidade de fazê-lo desistir da vocação, mas nada adiantou.

Livre e obediente à voz do Senhor, prosseguiu nos estudos sendo discípulo do mestre Alberto Magno. A vida de Santo Tomás de Aquino foi tomada por uma forte espiritualidade eucarística, na arte de pesquisar, elaborar, aprender e ensinar pela Filosofia e Teologia os Mistérios do Amor de Deus.

Pregador oficial, professor e consultor da Ordem, Santo Tomás escreveu, dentre tantas obras, a Suma Teológica e a Suma contra os gentios. Chamado “Doutor Angélico”, Tomás faleceu em 1274, deixando para a Igreja o testemunho e, praticamente, a síntese do pensamento católico.

Santo Tomás de Aquino, rogai por nós!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

EVANGELIZAR É A MISSÃO DE TODO CRISTÃO


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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Quando fui à Terra Santa pela primeira vez, um judeu me perguntou se eu sabia a diferença entre o mar da Galileia e o mar Morto. Disse que sabia que o primeiro era de água doce, cheio de vida e o segundo tinha altíssimo grau de salinidade. Ao seu redor não há vegetação nem vida. É com razão chamado de “Mar Morto”. 
Ele me disse que era isso mesmo. Mas perguntou qual seria a razão dessa situação de vida e morte? Respondi que de fato não sabia. Ele me disse que o mar da Galileia tem vida porque recebe as águas das montanhas e não fica com elas para si… Deixa as águas saírem para o deserto, formando o Rio Jordão, onde Jesus foi batizado. Esse rio vai desaguar no mar morto. Mas esse segundo mar é egoísta: não entrega as suas águas. Por isso fica morto.

Ser cristão é seguir o exemplo do mar da Galileia. Rezamos “venha a nós o vosso Reino… dai-nos o pão de cada dia”, mas também nos comprometemos com o amor, a solidariedade e o perdão. Não podemos viver como a água parada do mar morto. Em água estagnada cria-se o mosquito da dengue. Cristão parado é cristão dengoso. Aliás, nem é bem cristão… É “tristão”.
Todo cristão é um missionário

Ultimamente a Igreja tem insistido muito em que todo cristão é missionário. É isso mesmo. Precisamos viver a nossa fé no caminho, sempre anunciando a vida em Jesus. Todos nós somos evangelizadores. Cristão que só fica sentado na igreja ouvindo o padre é também um cristão “dengoso”. Está infectado pela epidemia do marasmo religioso. A sua fé é morta… É salgada… É triste.

O verdadeiro cristão é um riacho, nunca uma poça de água parada. Não precisa ter carro ou avião para ser um grande missionário. Santa Teresinha do Menino Jesus, viveu enclausurada num Carmelo, mas tinha um coração missionário que voava pelo mundo inteiro por meio da intercessão. A sua solidariedade espiritual atingia os quatro cantos da terra. Há pessoas que pela sua postura de fé, mesmo presas a uma cama em um hospital, mudam um lugar de morte em um mar da Galileia, um lugar de pescas milagrosas. O lugar é a gente quem faz.
Dengue espiritual

Vamos combater a epidemia da dengue espiritual das nossas paróquias. Não basta ir à missa, é preciso sair em missão. Não pense que isso exige ir muito longe. Cada um de nós com menos de 25 anos certamente já andou dez vezes mais quilômetros do que Jesus em seus 33 anos de vida.

A missão não se mede pelo velocímetro, mas pelo coração.

Padre Joãozinho, SJC.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O ANO SANTO DA MISERICÓRDIA




Ano Santo, ou Jubileu, é um tempo propício para louvar e agradecer com alegria (“júbilo”), para acolher graças especiais de Deus, por meio do serviço da Igreja. Mas também é um “tempo favorável” para buscar mais intensamente o encontro com Deus e com os irmãos. No Ano Jubilar, somos chamados à conversão de vida, ao arrependimento, à reconciliação com Deus e com o próximo e a renovar-nos espiritualmente mediante o perdão de Deus, que abre “os tesouros de sua misericórdia” (cf. Ef 2,4), sendo indulgente para conosco, pecadores.

A conclusão do Ano Jubilar, na festa solene de Cristo Rei de 2016, também tem um significado especial: toda a nossa vida e toda a história da humanidade estão sob o signo da misericórdia de Deus, manifestada a nós por meio de Jesus Cristo. No final de nossa vida terrena, encontraremos Jesus Cristo glorificado, Senhor e Juiz de cada um de nós e também da história. Todos esperamos que Ele seja um juiz clemente e misericordioso. Mas sabemos, desde agora, que “o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia” (cf. Tg 2,13).

Alguns motivos especiais levaram o Papa Francisco a proclamar o Jubileu extraordinário da Misericórdia. Antes de tudo, porque a Igreja comemora o 50º aniversário da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, iniciado em outubro de 1962 e encerrado em 8 de dezembro de 1965. Francisco lembra-nos que o Concílio foi uma grande bênção para a Igreja e para a humanidade e que ele já produziu muitos frutos ao longo destes 50 anos. Portanto, temos muito a agradecer a Deus.

Ao mesmo tempo, resta ainda muito por fazer para que as decisões do Concílio sejam postas mais plenamente em prática. O Concílio representou um grande esforço da Igreja para evangelizar mais e melhor. Todos os seus documentos são orientados pela preocupação de evangelizar mais e melhor. E o Papa São João XXIII, no discurso de abertura do Concílio, em 1962, dizia que era chegado o tempo em que a Igreja devia usar menos o bastão da severidade que o remédio da misericórdia para chegar a todas as pessoas e levar a todos a Boa-Nova da salvação.

Pois bem, 50 anos depois, a “nova evangelização” parte das mesmas preocupações do Concílio: evangelizar sempre, de maneira adequada, com coragem, esperança e alegria, sem se cansar. E sem esquecer que o Evangelho é, antes de tudo, o “belo anúncio” do amor misericordioso de Deus para todas as pessoas: “tanto Deus amou o mundo, que lhe entregou seu Filho único, para que todo aquele que nele crer, não morra para sempre, mas tenha a vida eterna” (cf. Jo 3,16). Evangelizar é anunciar e testemunhar a misericórdia infinita de Deus para com a humanidade.

Recomendo a leitura atenta da Bula Misericordiae Vultus, de proclamação do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, do Papa Francisco. De minha parte, publicarei em breve uma Carta Pastoral com orientações para celebrar e viver bem o Jubileu da Misericórdia na Arquidiocese de São Paulo.

Publicado no jornal O SÃO PAULO, Edição 3076 - 5 a 10 de novembro de 2015




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SÃO TIMÓTEO




Sua vida foi marcada pela evangelização, pela santidade de São Paulo e também de São João Evangelista. A respeito dele, certa vez, São Paulo escreveu em uma de suas cartas: “A Timóteo, filho caríssimo: graça, misericórdia, paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, Nosso Senhor!” (II Timóteo 1,2).

Nesta carta, vamos percebendo que ele foi fruto de uma evangelização que atingiu não somente a ele, mas também sua família: “Quando me vêm ao pensamento as tuas lágrimas, sinto grande desejo de te ver para me encher de alegria. Confesso a lembrança daquela tua fé tão sincera que foi primeiro a de tua avó Lóide e de tua mãe, Eunice e, não tenho a menor dúvida, habita em ti também”. (II Timóteo 1,4-5) Por isso, São Paulo foi marcado pelo testemunho de São Timóteo, que se deixou influenciar também por São Paulo. Tornou-se, mais tarde, além de um apóstolo, um companheiro de São Paulo em muitas viagens.

Primeiro bispo de Éfeso, foi neste contexto que ele conheceu e foi discípulo de Nosso Senhor seguindo as pegadas do Evangelista João.

Conta-nos a tradição que, no ano de 95, o santo havia sido atingido por pagãos resistentes à Boa Nova do Senhor e, por isso, martirizado. São Timóteo, homem de oração, um apóstolo de entrega total a Jesus Cristo. Viveu a fé em família, mas também propagou a fé para que todos conhecessem Deus que é paz.

Peçamos a intercessão desse grande santo para que sejamos apóstolos nos tempos de hoje.

São Timóteo, rogai por nós!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

CONVERSÃO DE SÃO PAULO




O apóstolo dos gentios e das nações nasceu em Tarso. Da tribo de Benjamim, era judeu de nação. Tarso era mais do que uma colônia de Roma, era um município. Logo, ele recebeu também o título de cidadão romano. O seu pai pertencia à seita dos fariseus. Foi neste ambiente, em meio a tantos títulos e adversidades, que ele foi crescendo e buscando a Palavra de Deus.

Combatente dos vícios, foi um homem fiel a Deus. Paulo de Tarso foi estudar na escola de Gamaliel, em Jerusalém, para aprofundar-se no conhecimento da lei, buscando colocá-la em prática. Nessa época, conheceu o Cristianismo, que era tido como um seita na época. Tornou-se, então, um grande inimigo dessa religião e dos seguidores desta. Tanto que a Palavra de Deus testemunha que, na morte de Santo Estevão, primeiro mártir da Igreja, ele fez questão de segurar as capas daqueles que o [Santo Estevão] apedrejam, como uma atitude de aprovação. Autorizado, buscava identificar cristãos, prendê-los, enfim, acabar com o Cristianismo. O intrigante é que ele pensava estar agradando a Deus. Ele fazia seu trabalho por zelo, mas de maneira violenta, sem discernimento. Era um fariseu que buscava a verdade, mas fechado à Verdade Encarnada. Mas Nosso Senhor veio para salvar todos.

Encontramos, no capítulo 9 dos Atos dos Apóstolos, o testemunho: “Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes e pediu-lhes cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos, a Jerusalém, todos os homens e mulheres que seguissem essa doutrina. Durante a viagem, estando já em Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’. Saulo então diz: ‘Quem és, Senhor?’. Respondeu Ele: ‘Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão’. Trêmulo e atônito, disse Saulo: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ respondeu-lhe o Senhor: ‘Levanta-te, entra na cidade, aí te será dito o que deves fazer'”.

O interessante é que o batismo de Saulo é apresentado por Ananias, um cristão comum, mas dócil ao Espírito Santo.

Hoje estamos comemorando o testemunho de conversão de São Paulo. Sua primeira pregação foi feita em Damasco. Muitos não acreditaram em sua mudança, mas ele perseverou e se abriu à vontade de Deus, por isso se tornou um grande apóstolo da Igreja, modelo de todos os cristãos.

São Paulo de Tarso, rogai por nós!

domingo, 24 de janeiro de 2016

PALAVRA DE DEUS NO DOMINGO




Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.

— Glória a vós, Senhor.

1Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, 2como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra.

3Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti, excelentíssimo Teófilo. 4Deste modo, poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste.

Naquele tempo, 4,14Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza.

15Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam.

16E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura.

17Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: 18“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19e para proclamar um ano da graça do Senhor”.

20Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele.

21Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”.




— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

sábado, 23 de janeiro de 2016

O QUE É A ORAÇÃO PELAS ALMAS?

Os fiéis defuntos tem direito de receber oração por suas almas de acordo com o direito canônico

De modo especial, no fim do ano, o mês de novembro é, tradicionalmente dedicado às orações pelos nossos irmãos defuntos, é quando trazemos à tona algumas questões acerca das exéquias eclesiásticas, isto é, do culto celebrado segundo as leis litúrgicas correspondentes – previstas no Ritual de Exéquias – pelo qual a Igreja suplica ajuda espiritual aos falecidos, honra seus corpos, e, ao mesmo tempo, proporciona aos vivos o consolo da esperança (cf. c. 1176 §2). Tal oração da Igreja fundamenta-se em nossa fé na existência do purgatório, na ressurreição da carne e no sentido pascal da morte para o cristão.

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Com exceção dos casos que veremos a seguir, os fiéis têm o direito de receber as exéquias eclesiásticas conforme o Direito, e, portanto, os pastores possuem o dever de prover esse direito aos fiéis.

Quanto ao modo de proceder com os corpos das pessoas falecidas, a Igreja recomenda, com insistência, que seja conservado o costume de sepultá-los, porém não proíbe a cremação, desde que esta não tenha sido escolhida conforme motivos contrários à fé cristã (cf. c. 1180 §3).

Como norma geral, as exéquias devem ser celebradas no próprio território da paróquia do fiel falecido, e pelo próprio pároco, já que essa é uma das principais funções das quais está encarregado (cf. c. 530, 5º). No entanto, existem muitas exceções a esta norma. Para citar algumas delas: é permitido a qualquer fiel ou aos responsáveis pelas exéquias do falecido escolher outra igreja para o funeral, com o consentimento de quem está à frente desta, e avisando-se ao pároco do próprio falecido; caso a morte tiver ocorrido fora do território da paróquia, as exéquias podem ocorrer na igreja paroquial do lugar de falecimento. Com relação ao cemitério, não sendo proibido pelo direito, é lícito a todos escolher o cemitério para sua própria sepultura (cf. c. 1180 §2).

Prevê-se também que, em cada paróquia, exista um livro de óbitos, de acordo com o direito particular, para as anotações dos falecimentos (cf. cc. 535 e 1182). Dado o elevado número de pessoas que habitam o território de cada paróquia, como é o caso das paróquias de nossa arquidiocese, pode perceber-se a dificuldade prática de realização desta norma.

As exéquias eclesiásticas podem ser concedidas, além de todos os fiéis católicos, aos catecúmenos, e, com a licença do Ordinário local, às crianças cujos pais pretendiam batizá-las e morreram antes do Batismo; inclusive aos cristãos pertencentes a comunidades eclesiais não católicas, exceto se constar sua vontade contrária e contanto que não seja possível a presença do seu ministro próprio (cf. c. 1183).

Respeitando a decisão da pessoa falecida, caso antes da morte não tenham dado sinal de arrependimento, devem ser privados das exéquias eclesiásticas os apóstatas, hereges e cismáticos notórios; os que tiverem escolhido a cremação de seu corpo por motivos contrários à fé cristã; e os pecadores manifestos aos quais não se possa conceder as exéquias sem escândalo público dos fiéis. Em caso de dúvida, o Ordinário local deve ser consultado para dar o seu parecer (cf. c. 1184).



Padre Demétrio Gomes

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A LEI DA VIDA



“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13, 34; Jo 15, 12). Ao saberem do mandamento que agrada mais a Jesus, seus discípulos de todos os tempos se surpreendem e descobrem horizontes abertos e antes inimagináveis para sua vivência do seguimento de Jesus. A novidade e o segredo se encontram numa palavra, “como”! Nosso Senhor não lhes oferece normas de bom comportamento ou civilidade, ou regras para o trânsito da vida, numa convivência respeitosa. Em nosso tempo, há sociedades extremamente organizadas, com os limites bem definidos em direitos e deveres, e que ao mesmo tempo se tornam frias e secas no relacionamento humano.

É que as fontes das decisões ficaram restritas à terra, sem que as pessoas se abram ao transcendente, à vida que vem do céu! A pretendida laicidade do Estado tem produzido muitos frutos negativos. Já o Concílio Vaticano II (Gaudium et Spes, 36), alertava: “Se com as palavras ‘autonomia das realidades temporais’ se entende que as criaturas não dependem de Deus e que o homem pode usar delas sem as ordenar ao Criador, ninguém que acredite em Deus deixa de ver a falsidade de tais assertos. Pois, sem o Criador, a criatura não subsiste. De resto, todos os crentes, de qualquer religião, sempre souberam ouvir a sua voz e manifestação na linguagem das criaturas. Antes, se se esquece Deus, a própria criatura se obscurece”.

Se praticamente todos os seres humanos, em algum momento, reconhecem a existência de Deus, há um valor que só pode ser experimentado por revelação, o fato de sermos filhos de Deus. Só aquele que é o Filho eterno do Pai, desde toda eternidade compartilhando a alegria do amor que é o Espírito Santo, pode anunciar e abrir as portas para que a humanidade compartilhe este valor único, “somos filhos de Deus”. E é do alto, por dom de Deus, que desce gratuitamente o presente do amor da Santíssima Trindade, para que nos amemos na terra como fomos amados. Jesus traz consigo uma “cultura” diferente das lutas pelos interesses individualistas presentes na humanidade, cujos resultados são sobejamente conhecidos, e têm nomes como guerras, opressão, violência e muitos outros.

Podemos pedir licença e entrar na casa da Santíssima Trindade, verificando como vivem as pessoas divinas, com a ajuda dos ensinamentos da Igreja (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 45-48): “O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha, e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios.

Jesus Cristo nos revela que Deus é Pai, não só enquanto é Criador do universo e do homem, mas sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu Verbo, ‘resplendor da sua glória, e imagem da sua substância’ (Hb 1, 3). O Espírito Santo, que Jesus Cristo nos revelou, é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho. Ele procede do Pai (Jo 15, 26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho, pelo dom eterno que o Pai faz de Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja ‘ao conhecimento da Verdade total’ (Jo 16, 13). A Igreja exprime a sua fé trinitária confessando um só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho”.

O Pai vive “fora de si”, gerando e amando o Filho, desde toda a eternidade. O Filho vive totalmente para o Pai e o Espírito Santo é amor do Pai e do Filho. A lei é esta! Não se vive para si, mas na doação contínua, desde a eternidade. “Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo, o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho” (Catecismo da Igreja Católica, 255).

Jesus propõe nada menos do que esta vida para seus discípulos, quando propõe como “seu” mandamento o amor recíproco. É que trazia dentro de si a experiência da eternidade vivida na comunhão da Santíssima Trindade! E ele diz que este mandamento é novo. “Eu vos dou um novo mandamento”. Novo significa: feito para os tempos novos. Então, de que se trata? Veja: Jesus morreu por nós. Portanto, amou-nos até a medida extrema. Mas que tipo de amor era o seu? Certamente não era como o nosso. O seu amor era, e é, um amor divino.

Ele disse: “Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo” (Jo 15,9). Ele nos amou, portanto, com o mesmo amor com qual Ele e o Pai se amam. E com esse mesmo amor nós devemos nos amar mutuamente para realizar o mandamento novo. Na realidade, porém, você como homem, como mulher, não possui um amor dessa natureza. Mas se alegre porque, como cristão, você o recebe. E quem é que o doa? É o Espírito Santo que o infunde no seu coração, nos corações de todos os que têm fé. Existe, então, uma afinidade entre o Pai, o Filho e nós cristãos, graças ao único amor divino que possuímos. É esse amor que nos insere na Trindade. É esse amor que nos torna filhos de Deus. É por esse amor que o céu e a terra estão unidos como que por uma grande corrente. Por esse amor a comunidade cristã se insere na esfera de Deus e a realidade divina vive na terra lá onde existe o amor entre os que creem” (Chiara Lubich, 25 de abril de 1980).

Temos uma nova lei a implantar, primeiro em nossos corações, para depois contagiar outras pessoas e a sociedade, “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Não se trata de fazer uma cruzada para forçar pessoas à conversão, mas testemunho corajoso de valores diferentes. Quem assume como própria esta lei começa a ouvir mais, vai ao encontro dos outros para servir, toma sempre a iniciativa do amor, espalha o perdão, tem calma suficiente para não atropelar os passos no relacionamento com os outros, valoriza o que é diferente e tem ideias novas. Olhando para o céu, enxerga mais e melhor a terra, para transformá-la segundo plano de Deus.

Dom Alberto Taveira Corrêa



quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

SANTA INÊS




Virgem e mártir, Santa Inês se deixou transformar pelo amor de Deus que é santo. Seu nome vem do grego, que significa pura. Ela pertenceu a uma família romana e, segundo os costumes do seu tempo, foi cuidada por uma aia (uma babá) que só a deixaria após o casamento.

Santa Inês tinha cerca de 12 anos quando um pretendente se aproximou dela; segundo a tradição, era filho do prefeito de Roma e estava encantado pela beleza física de Inês. Mas sua beleza principal é aquela que não passa: a comunhão com Deus. De maneira secreta, ela tinha feito uma descoberta vocacional, era chamada a ser uma das virgens consagradas do Senhor; e fez este compromisso. O jovem não sabia e, diante de tantas propostas, ela sempre dizia ‘não’. Até que ele denunciou Inês para as autoridades, porque sob o império de Diocleciano, era correr risco de vida. Quem renunciasse Jesus ficava com a própria vida; caso contrário, se tornava um mártir. Foi o que aconteceu com esta jovem de cerca de 12 ou 13 anos.

Tão conhecida e citada pelos santos padres, Santa Inês é modelo de uma pureza à prova de fogo, pois diante das autoridades e do imperador, ela se disse cristã. Eles começaram pelo diálogo, depois as diversas ameaças com fogo e tortura, mas em nada ela renunciava o seu Divino Esposo. Até que pegaram-na e a levaram para um lugar em Roma próprio da prostituição, mas ela deixou claro que Jesus Cristo, seu Divino Esposo, não abandona os seus. De fato, ela não foi manchada pelo pecado.

Auxiliada pelo Espírito Santo, com muita sabedoria, ela permaneceu fiel ao seu voto e ao seu compromisso; até que as autoridades, vendo que não podiam vencê-la pela ignorância, mandaram, então, degolar a jovem cristã. Ela perdeu a cabeça, mas não o coração, que ficou para sempre em Cristo.

Santa Inês tem uma basílica que foi consagrada a ela no lugar onde foi enterrada.

Santa Inês, rogai por nós!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

SÃO SEBASTIÃO



O santo de hoje nasceu em Narbonne; os pais eram oriundos de Milão, na Itália, do século terceiro. São Sebastião, desde cedo, foi muito generoso e dado ao serviço. Recebeu a graça do santo batismo e zelou por ele em relação à sua vida e à dos irmãos.

Ao entrar para o serviço no Império como soldado, tinha muita saúde no físico, na mente e, principalmente, na alma. Não demorou muito, tornou-se o primeiro capitão da guarda do Império. Esse grande homem de Deus ficou conhecido por muitos cristãos, pois, sem que as autoridades soubessem – nesse tempo, no Império de Diocleciano, a Igreja e os cristãos eram duramente perseguidos –, porque o imperador adorava os deuses. Enquanto os cristãos não adoravam as coisas, mas as três Pessoas da Santíssima Trindade.

Esse mistério o levava a consolar os cristãos que eram presos de maneira secreta, mas muito sábia; uma evangelização eficaz pelo testemunho que não podia ser explícito.

São Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão e também como apóstolo dos confessores, daqueles que eram presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida. O coração de São Sebastião tinha esse desejo: tornar-se mártir. E um apóstata denunciou-o para o Império e lá estava ele, diante do imperador, que estava muito decepcionado com ele por se sentir traído. Mas esse santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado pelo Espírito Santo, que o melhor que ele fazia para o Império era esse serviço; denunciando o paganismo e a injustiça.

São Sebastião, defensor da verdade no amor apaixonado a Deus. O imperador, com o coração fechado, mandou prendê-lo num tronco e muitas flechadas sobre ele foram lançadas até o ponto de pensarem que estava morto. Mas uma mulher, esposa de um mártir, o conhecia, aproximou-se dele e percebeu que ele estava ainda vivo por graça. Ela cuidou das feridas dele. Ao recobrar sua saúde depois de um tempo, apresentou-se novamente para o imperador, pois queria o seu bem e o bem de todo o Império. Evangelizou, testemunhou, mas, dessa vez, no ano de 288 foi duramente martirizado.

São Sebastião, rogai por nós!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A PORTA DA MISERICÓRDIA




Chegou o momento de (...) contemplar o “rosto da misericórdia de Deus” revelado em Jesus Cristo e de passar pela “porta da misericórdia”, que dá acesso ao Deus paciente e misericordioso. Essa Porta Santa é imagem do próprio Cristo Jesus, Salvador, que nos dá o acesso à misericórdia de Deus.

Se forem bem acolhidos os propósitos e apelos expressos pelo Papa Francisco na Bula Misericordiae Vultus, de proclamação do Jubileu extraordinário da Misericórdia, este será um “tempo favorável”, um ano de muitas graças de Deus para a Igreja e o mundo.

Nosso mundo está marcado por uma série de males, que não podem produzir o bem e a paz que todos almejam. Ódios e sede de vingança levam a praticar mais guerras e violência contra inocentes; ideologias fechadas, fundamentalismos enrijecidos e fanatismos cegos desencadeiam violências absurdas; egoísmos extremados levam pessoas e povos a fecharem o coração diante da miséria e da dor do próximo; a dignidade e até a vida de pessoas e de povos inteiros é sacrificada para garantir a satisfação de vaidades e alimentar a sede de poder e de dinheiro.

O filósofo político Thomas Hobbes afirmou que “o homem é o lobo do homem” – homo homini lupus - e que o ódio e o egoísmo são as forças motrizes mais importantes do homem e do convívio social; outro filósofo, F.Nietzsche, achou que a força e a vontade de domínio é que movem o mundo; e, hoje, existe uma convicção generalizada de que o dinheiro e a força econômica, de fato, movem o mundo...

Se, na prática, de fato acontece assim, os resultados também são claramente perceptíveis. Esses “senhores do mundo” não são capazes de dar paz e alegria à humanidade. Pelo contrário, provocam conflitos e mais conflitos, sofrimentos e morte por toda parte. Que outra força, então, deveria mover o mundo e a sociedade?
Não é por aí que o mundo se tornará melhor, nem se assegurará a paz. Uma outra lógica precisa orientar o convívio dos povos e das pessoas para que o mundo seja “salvo”. O Papa Francisco nos recorda, ao proclamar o Ano Santo extraordinário da Misericórdia, que somente o amor salva, restaura e cria condições para a paz e a “salvação”. E se trata do amor misericordioso, que não busca vantagens para si, mas volta-se inteiramente para o bem do próximo necessitado. Em outras palavras, somente a misericórdia pode salvar o mundo de suas misérias e conflitos.

A misericórdia estende a mão, de forma desarmada; perdoa e restaura as relações humanas rompidas; a misericórdia volta-se de forma desprendida para o próximo caído ao longo do caminho, como fez o bom samaritano e se interessa por sua situação; a misericórdia é paciente e compassiva diante das fraquezas do próximo e respeita suas limitações, e aceita descer do pedestal das vaidades e das vantagens adquiridas, para compartilhar a sorte das pessoas humilhadas e feridas.

“Sede misericordiosos, como o Pai celeste é misericordioso”, recomendou Jesus. O Jubileu da Misericórdia quer nos recordar que, acima de tudo e de todos, Deus é misericordioso e nos trata com amor misericordioso. E todos temos a necessidade de acolher continuamente essa misericórdia de Deus. A mensagem do Ano da Misericórdia é a superação da religiosidade soberba e farisaica, que pensa não precisar de Deus e até pode impor regras a Deus; mas também a superação da falta de religião, por causa da soberba humana, ou porque ainda não se descobriu que Deus não é o inimigo do homem, que é preciso rechaçar, para que o homem viva...

Deus é um Pai amoroso e compassivo, que nos estende a mão e quer fazer-nos viver em plenitude. O Ano Santo da Misericórdia vem como uma “Boa-Nova”, um tempo de júbilo e de graças especiais para toda a humanidade. Que ninguém se exclua, de modo consciente, da misericórdia de Deus e que todos nós sejamos um pouco mais “misericordiosos como o Pai celeste” (cf. Mt 18,33).

Publicado no jornal O SÃO PAULO - Edição 3081 - 10 a 16 de dezembro de 2015


Dom Odilo Pedro Scherer


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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

HOMEM NÃO CHORA?


Quem de nós, homens, nunca ouviu estas frases? “Pare de chorar menino! Homem não chora.”

Desde pequenos, somos condicionados a reter nossos sentimentos, principalmente as dores e angústias, sufocando-as em nosso íntimo. E, assim, inconscientemente, vamos encarnando, como uma verdade, que para sermos homens crescidos devemos desenvolver a insensibilidade aos sofrimentos próprios e, consequentemente, aos alheios também.


Mas quem disse que homem não chora? Chora, sim! E deve chorar quando necessário, quando sentir que a dor está transbordando do seu coração.

Em certas situações, realmente não fica bem, nem se espera de um homem que ele fique prostrado diante de um acontecimento. A natureza deu ao ser masculino maior potência muscular, além de características psíquicas de iniciativa, impulsividade, capacidade de responder de imediato ao que lhe é colocado como desafio, e outros aspectos, para que ele seja o primeiro a enfrentar os problemas (lançar-se no enfrentamento).

Desde pequenos somos tratados de forma mais firme, e isso é natural e perfeitamente aceitável.

Meninas brincam de casinha, que simboliza interação, cooperação, ambiente acolhedor e carinho. Aprendem balé ou dançam balançando seus vestidos para seus pais; e então ouvem elogios referentes à sua beleza e ao quanto são amadas. Nisso a sensibilidade delas é trabalhada e entendemos como: “elas têm direito” a demostrar fragilidades.

Meninos brincam de carrinhos, em que geralmente simulam acidentes e consertos, ou fantasiam uma aventura, quase sempre tendo ocasiões de luta. Perceba que são atividades que iniciam o pequeno a sair de si e enfrentar a vida, ou seja, a sociedade, a família e até os amigos moldam um homem por meio de desafios. Há a expectativa de que ele seja forte física e emocionalmente.

Portanto, ao ver uma mulher chorando, provavelmente iremos nos compadecer do seu sofrimento e será um tanto mais suportável vê-la prolongar sua lástima. Já no caso de um rapaz, talvez até aceitemos suas lágrimas por um tempo, mas, depois, ficaremos com aquela sensação de “Já deu! Agora levante-se e reaja!”.

O problema é quando nos fixamos num esteriótipo e tiramos o direito e a dignidade de um homem como pessoa, alguém com sentimentos, que não tem a obrigação de ser forte o tempo todo.

Realmente, esperamos que o homem se comporte diferente da mulher, que, se necessário, esteja preparado para tomar a frente e puxar a fila diante do fato desagradável. Mas, para isso, o homem precisa, principalmente num primeiro momento, chorar e pôr para fora sua dor.

Aliás, o primeiro estágio para se superar uma dificuldade, é admitir que fomos atingidos e o quanto esta contrariedade afetou nosso coração.

As lágrimas fazem parte desse processo. Primeiro, coloque para fora sua indignação e o impacto da má notícia, isso o ajudará a, depois, não reagir pela raiva ou impensadamente. O pranto contido se transformará em mágoa e ela ficará armazenada na alma, podendo gerar doenças e traumas que nos deixam cada vez mais insensíveis e intransigentes.

Enfim, chorar faz bem e não contratestemunha a masculinidade.


Sandro Arquejada

domingo, 17 de janeiro de 2016

PALAVRA DE DEUS NO DOMINGO



Naquele tempo, 1houve um casamento em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava presente. 2Também Jesus e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento. 3Como o vinho veio a faltar, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”. 4Jesus respondeu-lhe: “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou”.


5Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei o que ele vos disser”.

6Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros.

7Jesus disse aos que estavam servindo: “Enchei as talhas de água”. Encheram-nas até a boca. 8Jesus disse: “Agora tirai e levai ao mestre-sala”. E eles levaram.

9O mestre-sala experimentou a água, que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água.

10O mestre-sala chamou então o noivo e lhe disse: “Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho bom até agora!”

11Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele.


— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor

sábado, 16 de janeiro de 2016

POR QUE EXISTE O SOFRIMENTO?

Se Deus existe, por que existe o sofrimento?


O sofrimento faz parte da vida do homem, contudo, este se debate diante dos problemas. E o que mais o faz sofrer é o sofrimento inútil, sem sentido.


Saber sofrer é saber viver. Os que sofrem fazem os outros sofrer também. Por outro lado, os que aprendem a sofrer podem ver um sentido tão grande no sofrimento que até o conseguem amar.

No entanto, só Jesus Cristo pode nos fazer compreender o significado do sofrimento. Ninguém sofreu como Ele nem soube enfrentá-lo [sofrimento] e dar-lhe um sentido transcendente. Ninguém o enfrentou com tanta audácia e coragem como Cristo.


Há uma distância infinita entre o Calvário de Jesus Cristo e o nosso; ninguém sofreu tanto e tão injustamente como Ele. Por isso, Ele é o “Senhor do sofrimento”, como disse Isaías, “o Homem das Dores”.
Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento


Só a fé cristã pode ajudar o homem a entender o padecimento e a se livrar do desespero diante dele.

Muitos filósofos sem fé fizeram muitos sofrer. Marcuse levou muitos jovens ao suicídio. Da mesma forma, Schopenhauer, recalcado e vítima trágica das decepções, levou o pessimismo e a tristeza a muitos. Zenão, pai dos estóicos, ensinava diante do sofrimento apenas uma atitude de resignação mórbida, que, na verdade, é muito mais um complexo de inferioridade. O mesmo fez Epícuro, que estimulava uma fantasia prejudicial e vazia, sem senso prático. Da mesma forma, o fazia Sêneca. E Jean Paul Sartre olhava a vida como uma agonia incoerente vivida de modo estúpido entre dois nadas: começo e fim; tragicomédia sem sentido à espera do nada definitivo.

Os materialistas e ateus não entendem o sofrimento e não sabem sofrer; pois, para eles o sofrer é uma tragédia sem sentido. Os seus livros levaram o desespero e o desânimo a muitos. ‘O “Werther”’, de Goethe, induziu dezenas de jovens ao suicídio. “’A Comédia Humana”’, de Balzac, levou muitos a trágicas condenações. Depois de ler ‘“A Nova Heloísa’”, de Rosseau, uma jovem estourou os miolos numa praça de Genebra. Vários jovens também se suicidaram, em Moscou, depois de ler ‘“Os sete que se enforcaram”’, de Leonid Andreiv.

Um dia Karl Wuysman, escritor francês, entre o revólver e o crucifixo, escolheu o crucifixo. Para muitos, essa é a alternativa que resta.

Esses filósofos, sem fé, levaram muitos à intoxicação psicológica, ao desespero e à depressão, por não conseguirem entender o sofrimento à luz da fé.
Quem nos ensinará sobre o sofrimento?


Quem nos ensinará sobre o sofrimento? Somente Nosso Senhor Jesus Cristo e aqueles que viveram a Sua doutrina. Nenhum deles disse um dia: “O Senhor me enganou!” Não. Ao contrário, nos lábios e na vida de Cristo encontraram força, ânimo e alegria para enfrentar o sofrimento, a dor e a morte.

Alguns perguntam: “Se Deus existe, por que Ele permite tanta desgraça, especialmente com pessoas inocentes?”.

Será que o Todo-poderoso não pode ou não quer intervir em nossa vida ou será que não ama Seus filhos? Cada religião dá uma interpretação diferente para essa questão. A Igreja, com base na Revelação escrita e transmitida pela Sagrada Escritura, nos ensina com segurança. A resposta católica para o problema do sofrimento foi dada de maneira clara por Santo Agostinho († 430) e por São Tomás de Aquino († 1274): “A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem” (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2).

Como entender isso?

Deus, sendo por definição o Ser Perfeitíssimo, não pode ser a causa do mal, logo, esta é a própria criatura que pode falhar, já que não é perfeita como o seu Criador. Deus não poderia ter feito uma criatura ser perfeita, infalível, senão seria outro deus.


Na verdade, o mal não existe, ensina a filosofia; ele é a carência do bem. Por exemplo, a doença é a carência do estado de saúde; a ignorância é a carência do saber, e assim por diante.
O mal pode ser também o uso errado de coisas boas

Por outro lado, o mal pode ser também o uso errado de coisas boas. Uma faca é boa na mão da cozinheira, mas na mão do assassino… Até mesmo a droga é boa, na mão do anestesista.

O Altíssimo permite que as criaturas vivam conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Toda criatura, então, pelo fato de ser criatura, é limitada, finita e, por isso, sujeita a erros e a falhas, os quais acabam gerando sofrimentos. Assim, o sofrimento é, de certa forma, inerente à criatura. O Papa João Paulo II, em 11/02/84, na Carta Apostólica sobre esse tema disse: ““O sentido do sofrimento é tão profundo quanto o homem mesmo, precisamente porque manifesta, a seu modo, a profundidade própria do homem e ultrapassa esta. O sofrimento parece pertencer à transcendência do homem”” (Dor Salvífica, nº 2). “De uma forma ou de outra, o sofrimento parece ser, e de fato é, quase inseparável da existência terrestre do homem” (DS, nº 3).


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