terça-feira, 14 de julho de 2015

PAPA SE DESPEDA DA AMÉRICA LATINA


O Papa Francisco chegou, nesta segunda-feira, 13, ao aeroporto de Roma-Ciampino, por volta das 13h40 locais, depois de doze horas e meia de voo vindo do Paraguai em sua viagem apostólica para a América Latina, que começou no Equador e passou pela Bolívia.
O Pontífice embarcou no Aeroporto de Assunção, Paraguai,na noite do domingo, 12. Seu último compromisso oficial no Paraguai foi o encontro com os jovens. Mas em seguida, Francisco parou para abençoar o local onde um incêndio, em 2004, destruiu o Centro Comercial Ycuà Bolaños, matando 400 pessoas e deixando mais de 500 feridos.
No Aeroporto, o Santo Padre foi recebido pelo Presidente Horácio Manuel Cartes. A cerimônia de despedida contou com a participação de um coral de jovens indígenas, que fez uma apresentação de vozes e instrumentos típicos, evocando a atmosfera das Reduções jesuíticas, recordadas pelo Papa Francisco em dois discursos. Em seguida, outro grupo de danças rendeu sua homenagem final ao ilustre hóspede.
Passando por diferenças quase extremas de temperatura e altitudes, Francisco mostrou-se absolutamente à vontade, “em casa” – como afirmou num discurso – ao encontrar culturas tão ricas e diversas dos povos latino-americanos, que em comum, tem também as desigualdades e a história de luta por um mundo mais justo e fraterno. Profundo conhecedor da realidade latino-americana, Francisco escutou, observou e falou, mas acima de tudo, mostrou proximidade, apontando situações de injustiça, mas acima de tudo encorajando e levando esperança. Ele que viajou ao continente sob o lema da alegria e da esperança, da Evangelii Gaudium, tão citada em seus pronunciamentos.
O Pontífice falou sobre família, alegria, diálogo, cultura do encontro, justiça, descarte, pobres, solidariedade, fraternidade, gratuidade, subsidiariedade, cultura, memória, crianças, jovens, idosos, inclusão.

Discipulado: identidade do cristão
Pela manhã, depois de visitar a comunidade paraguaia de Bañado Norte, o Papa Francisco presidiu a celebração eucarística no Parque Ñu Guazú, em Assunção com a presença de milhares de fiéis. O Santo Padre iniciou a homilia partindo do versículo 13 do Salmo 84: “O Senhor dar-nos-á chuva e dará fruto a nossa terra”. “Somos convidados a celebrar a misteriosa comunhão entre Deus e o seu Povo, entre Deus e nós. A chuva é sinal da sua presença, na terra trabalhada pelas nossas mãos. Uma comunhão que sempre dá fruto, que sempre dá vida. Esta confiança brota da fé, de saber que contamos com a sua graça que sempre transformará e regará a nossa terra”, refletiu.
Segundo o pontífice, esta confiança se aprende, se educa. “Uma confiança que se vai gerando no seio duma comunidade, na vida duma família. Uma confiança que se transforma em testemunho no rosto de tantos que nos encorajam a seguir Jesus, a ser discípulos d’Aquele que nunca desilude”.

Ao falar sobre o evangelho, Francisco destacou que o texto de Mateus (6, 7-13) apresenta o discipulado como “cédula de identidade do cristão”. “Poderíamos concentrar-nos em palavras como ‘pão’, ‘dinheiro’, ‘alforje’, ‘cajado’, ‘sandálias’, ‘túnica’. E seria lícito. Mas parece-me que há aqui uma palavra-chave, que poderia passar despercebida. Uma palavra central na espiritualidade cristã, na experiência do discipulado: hospitalidade. Como bom mestre, Jesus envia-os a viver a hospitalidade. Diz-lhes: ‘Permanecei na casa onde vos derem alojamento’, disse, ainda, o pontífice.