terça-feira, 3 de junho de 2014

O SÍNODO DAS FAMÍLIAS

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)


Nos dias 13 e 14 de maio, o Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, formado de 15 cardeais e bispos, reuniu-se em Roma; pauta principal dos trabalhos foi a preparação da próxima assembleia extraordinária do Sínodo, programada para os dias 5 a 19 de outubro deste ano.

Tratou-se, sobretudo da elaboração do Instrumentum laboris (Instrumento de trabalho) da assembléia sinodal, um texto que será publicado em breve e enviado às Conferências Episcopais e, sobretudo, àqueles que deverão participar da assembleia de outubro.
O Instrumento de trabalho vai recolher as respostas ao questionário, para conhecer a situação atual da família e de várias questões relativas ao casamento e à família, enviado em 2013 às Conferências Episcopais de todo mundo. As contribuições foram abundantes e serão apresentadas de maneira temática no Instrumentum laboris, para orientar os trabalhos sinodais.
O tema do sínodo extraordinário despertou grande interesse e expectativa por toda parte: várias situações de crise e questões atuais da família e do casamento interpelam a Igreja e sua ação evangelizadora.
Fazem parte do temário a difusão e a aceitação do ensinamento da Igreja Católica sobre o casamento e família; as dificuldades para colocar em prática esse ensinamento no contexto cultural contemporâneo; as situações difíceis que muitos casais e famílias enfrentam, com casamentos desfeitos e refeitos com nova união; sua participação na vida da Igreja e a transmissão da fé aos filhos em tais situações... Mas entram também as questões novas, como o fato sempre mais presente em vários contextos culturais de pessoas que não se casam mais, nem constituem uniões estáveis ou famílias; ou os fatos recorrentes, em vários países, de políticas contrárias à família; sem esquecer as uniões civis de pessoas do mesmo sexo.
Ciente das várias situações problemáticas que a família atravessa, a Igreja não a abandona, pois também conhece o plano salvador de Deus em relação ao casamento e à família; e tem convicção sobre a importância da família para a pessoa, a sociedade e para a própria vida e missão Igreja. Por isso, ela quer anunciar de maneira renovada a Boa Nova do casamento e da família, especialmente nas situações mais difíceis e problemáticas que a atingem.
A assembléia extraordinária de outubro próximo não vai esgotar o tema e seus trabalhos estarão orientados para novas reflexões na assembléia ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2015, quando se tratará da pessoa humana e da família à luz de sua vocação em Cristo. Serão dois momentos complementares de um caminho de evangelização, que tem como centro a antropologia cristã e suas implicações para a pessoa, o casamento, a família, a sociedade e a Igreja.
O papa Francisco participou um dia inteiro da reunião, sinalizando para a importância dada por ele ao Sínodo extraordinário de outubro. Ele tem falado também da importância do próprio organismo do Sínodo dos Bispos, criado por Paulo VI no final do Concílio Vaticano II, em 1965, como expressão de colegialidade e da responsabilidade de todos os bispos, junto com o Papa, em relação à Igreja inteira.