Há seis anos, aconteceu a 5ª Conferência do Conselho
Episcopal Latino-Americano (Celam), em Aparecida (SP). Ouvimos, desde
então, que temos a vocação de ser “discípulo missionário de Jesus Cristo”.
Estamos também na celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano 2º, que começou em
1962 e continuou até 1965. Nos documentos do Concílio, ouvimos que a Igreja é
missionária por sua natureza, que a Igreja é o Povo de Deus e que nós somos
aquele Povo.
Mas, apesar de tanto escutarmos tais palavras, ainda estamos
longe de viver profundamente nossa vocação missionária. A mensagem ainda não
chegou a todos os cantos de nossa Igreja. Os leigos continuam pensando
que isso não pertence a eles. Algumas pessoas pensam que missão é uma
pastoral extra. Quando o Documento de Aparecida fala de “Paróquia em estado
permanente de missão”, isso significa mais uma tarefa em nossas paróquias.
Sabe-se que missão não é algo extra para fazer, mas que a
dimensão missionária tem que estar dentro de tudo que é pastoral, em todo
esforço que fazemos em nossa vida de fé. Os leigos fazem parte importante desta
missão. O leigo não é somente quem participa da Missa. O leigo tem a
dignidade na comunhão e missão da Igreja. Na exortação apostólica de 1988,
Christifideles Laici (CL), João Paulo 2º escreveu sobre a vocação e missão dos
leigos na Igreja e no mundo.
O tema bíblico que o Papa usou era o tema da videira e os
ramos, que encontramos em João 15, 1-17. Como os ramos ficam unidos na
videira, também ficando unidos com o Pai, os leigos continuam o trabalho do
Pai. E nós sabemos que o trabalho do Pai, que Jesus viveu e passou a nós,
é o trabalho de missão.
Na Exortação, o Papa promove uma consciência mais profunda
entre os leigos sobre o dom e a responsabilidade que eles compartilham na
comunhão e missão da Igreja (CL nº 2). João Paulo 2º usa também a
parábola da vinha e dos trabalhadores em Mateus 20, 1-16. Ele diz: “A
Parábola do Evangelho mostra-nos a vinha vasta do Senhor e a multidão de
pessoas, homens e mulheres, que são chamados e mandados por Ele para trabalhar
nela. A vinha é o mundo inteiro (cf. Mt 13,38), que deve ser transformada
segundo o plano de Deus em vista da chegada final do Reino de Deus” (CL nº 1).
Não tem um chamado para ser cristão passivo. Todos os
fiéis, leigos incluídos, são chamados a ser missionários. Isso não é só a
vocação do clero e dos religiosos e religiosas. A participação dos leigos na
missão de Cristo para trabalhar na vinha, e tomar uma parte ativa, consciente e
responsável na missão, é uma fruta preciosa para a Igreja.
“A voz do Senhor ressoa claramente na profundidade de cada
seguidor de Cristo. Quem, por meio da fé e os sacramentos de iniciação cristã,
é como Jesus Cristo, é incorporado como um membro vivo na Igreja e tem uma
parte ativa em sua missão de salvação” (CL nº 3).