Caríssimos
irmãos e irmãs, Celebra-se hoje a festa do Batismo do Senhor, encerrando o
tempo do Natal. Narra o evangelista Lucas que,
enquanto Jesus estava em oração, após ter recebido o Batismo entre tantos que
eram atraídos pela pregação do Precursor, abre-se o céu e, sob forma de pomba
desce sobre Ele o Espírito Santo. Ressoou naquele momento uma voz do alto:
"Tu és o meu filho predileto, em ti coloco minha afeição" (Lc 3,22).
O
Batismo de Jesus no Jordão é recordado e posto em evidência, mas também em
diversos graus, por todos os evangelistas. Fez parte, de fato, da pregação
apostólica, já que constituía o ponto de partida do todo contexto dos fatos e
das palavras as quais os Apóstolos renderam testemunho (cf. At 1,21-22;
10,37-41).
A
comunidade apostólica o considerava como muito importante, não somente porque,
naquela circunstância, pela primeira vez na história, aconteceu a manifestação
do mistério trinitário de maneira clara e completa, mas também porque daquele
evento teve início o ministério público de Jesus sobre os caminhos da
Palestina. O Batismo de Jesus no Jordão é a antecipação do seu batismo de
sangue sobre a cruz, e é símbolo também de toda atividade sacramental com o
qual o Redentor atuará na salvação da humanidade. Veja bem porque a tradição
patrística dedicou tamanho interesse sobre esta festa, que é a mais antiga
depois da Páscoa. "No Batismo de Cristo - canta a liturgia atual - o mundo
é santificado, os pecados são perdoados; na água e no Espírito tornamo-nos
novas criaturas." (Antífona ao Benedictus - ofício das Laudes). Esta é uma
estreita co-relação entre o Batismo de Cristo e o nosso Batismo.
No
Jordão se abriram os céus (cf. Lc 3,21), indicando que o Salvador que escolheu
a via da salvação e que nós podemos percorrê-la graças propriamente ao novo
nascimento "na água e no Espírito" (Jo 3,5), que se realiza no
Batismo. Nisso nós somos inseridos no Corpo místico de Cristo, que é a Igreja,
morremos e ressuscitaremos com Ele, que revistamo-nos Dele, como as diversas
retomadas que destaca o Apóstolo Paulo (cf. 1 Cor 12,13; Rm 6,3-5; Gl 3,27). O
empenho que brota do Batismo é, portanto, aquele de "escutar" Jesus:
crer naquilo que é Dele e segui-lo docilmente, fazendo a sua vontade, a vontade
de Deus.
É
deste modo que cada um pode ter a santidade, uma meta que, como recordou o
Concílio Vaticano II, constitui a vocação de todos os batizados. Que Maria, a
Mãe do Filho predileto de Deus, ajude a ser sempre fiéis ao nosso Batismo.