sábado, 31 de janeiro de 2015

CELEBREMOS DOM BOSCO

Nasceu perto de Turim, na Itália, em 1815. Muito cedo conheceu o que significava a palavra sofrimento, pois perdeu o pai tendo apenas 2 anos. Sofreu incompreensões por causa de um irmão muito violento que teve. Dom Bosco quis ser sacerdote, mas sua mãe o alertava: “Se você quer ser padre para ser rico, eu não vou visitá-lo, porque nasci na pobreza e quero morrer nela”.
Logo, Dom Bosco foi crescendo diante do testemunho de sua mãe Margarida, uma mulher de oração e discernimento. Ele teve que sair muito cedo de casa, mas aquele seu desejo de ser padre o acompanhou. Com 26 anos de idade, ele recebeu a graça da ordenação sacerdotal. Um homem carismático, Dom Bosco sofreu. Desde cedo, ele
foi visitado por sonhos proféticos que só vieram a se realizar ao longo dos anos. Um homem sensível, de caridade com os jovens, se fez tudo para todos. Dom Bosco foi ao encontro da necessidade e da realidade daqueles jovens que não tinham onde viver, necessitavam de uma nova evangelização, de acolhimento. Um sacerdote corajoso, mas muito incompreendido. Foi chamado de louco por muitos devido à sua ousadia e à sua docilidade ao Divino Espírito Santo.
Dom Bosco, criador dos oratórios; catequeses e orientações profissionais foram surgindo para os jovens. Enfim, Dom Bosco era um homem voltado para o céu e, por isso, enraizado com o sofrimento humano, especialmente, dos jovens. Grande devoto da Santíssima Virgem Auxiliadora, foi um homem de trabalho e oração. Exemplo para os jovens, foi pai e mestre, como encontramos citado na liturgia de hoje. São João Bosco foi modelo, mas também soube observar tantos outros exemplos. Fundou a Congregação dos Salesianos dedicada à proteção de São Francisco de Sales, que foi o santo da mansidão. Isso que Dom Bosco foi também para aqueles jovens e para muitos, inclusive aqueles que não o compreendiam.
Para a Canção Nova, para a Igreja e para todos nós, é um grande intercessor, porque viveu a intimidade com Nosso Senhor. Homem orante, de um trabalho santificado, em tudo viveu a inspiração de Deus. Deixou uma grande família, um grande exemplo de como viver na graça, fiel a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em 31 de janeiro de 1888, tendo se desgastado por amor a Deus e pela salvação das almas, ele partiu. Mas está conosco no seu testemunho e na sua intercessão.

São João Bosco, rogai por nós!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

SANTO TOMÁS DE AQUINO

Neste dia lembramos uma das maiores figuras da teologia católica: Santo Tomás de Aquino. Conta-se que, quando criança, com cinco anos, Tomás, ao ouvir os monges cantando louvores a Deus, cheio de admiração perguntou: “Quem é Deus?”.
A vida de santidade de Santo Tomás foi caracterizada pelo esforço em responder, inspiradamente para si, para os gentios e a todos sobre os Mistérios de Deus. Nasceu em 1225 numa nobre família, a qual lhe proporcionou ótima formação, porém, visando a honra e a riqueza do inteligente jovem, e não a Ordem Dominicana, que pobre e mendicante atraia o coração de Aquino.
Diante da oposição familiar, principalmente da mãe condessa, Tomás chegou a viajar às escondidas para Roma com dezenove anos, para um mosteiro dominicano. No entanto, ao ser enviado a Paris, foi preso pelos irmãos servidores do Império. Levado ao lar paterno, ficou, ordenado pela mãe, um tempo detido. Tudo isto com a finalidade de fazê-lo desistir da vocação, mas nada adiantou.
Livre e obediente à voz do Senhor, prosseguiu nos estudos sendo discípulo do mestre Alberto Magno. A vida de Santo Tomás de Aquino foi tomada por uma forte espiritualidade eucarística, na arte de pesquisar, elaborar, aprender e ensinar pela Filosofia e Teologia os Mistérios do Amor de Deus.
Pregador oficial, professor e consultor da Ordem, Santo Tomás escreveu, dentre tantas obras, a Suma Teológica e a Suma contra os gentios. Chamado “Doutor Angélico”, Tomás faleceu em 1274, deixando para a Igreja o testemunho e, praticamente, a síntese do pensamento católico.

Santo Tomás de Aquino, rogai por nós!

domingo, 25 de janeiro de 2015

CONVERSÃO DE SÃO PAULO


Hoje, nossa Arquidiocese celebra a Solenidade da conversão de São Paulo.
Ao celebrar a festa da conversão de São Paulo apóstolo, neste dia 25, é bom fazer uma pergunta fundamental: O que levou Saulo, um homem de profunda rigidez na observância dos preceitos hebraicos, a tão alto grau de excelência na fé cristã e na propagação desta? O que proporcionou uma mudança assim tão radical a ponto de transformar um grande perseguidor em um enorme apóstolo?
O dicionário da língua portuguesa, dentre outras definições, aponta a palavra conversão sob dois pontos culminates: sob o ponto de vista da Psicologia é o processo em virtude do qual emoções se transformam em manifestações físicas. E sob o ponto de vista da Física é oprocesso de decaimento radioativo em que a energia de um núcleo excitado se transfere para um elétron orbital que é ejetado do átomo, acompanhado, em geral, pela emissão de rais X característicos.
Você deve estar se perguntando: “O que estas duas definições têm a ver com Saulo, sua conversão e seu ministério na Igreja?” É a definição mais cabível que encontrei para explicar o processo sucedido na vida deste grande servo de Deus, que de tão intenso foi convencido a mudar o próprio nome para Paulo.
Uma pessoa que se converte a uma religião ou retorna a freqüentar àquela religião da infância, abandonada havia tempos, logo deixa certos vícios e maus costumes. Como devemos aferir, na vida do apóstolo Paulo não foi assim, pois ele cultivava uma vida reta e santa segundo a doutrina hebraica. Por isso, a conversão deste apóstolo é algo maior do que um simples mudar de direção ou de religião.
Saulo, nascido em Tarsus – cidade da atual Turquia – foi detido, a caminho de Damasco, por meio de um encontro inusitado e inesperado com Alguém a quem ele negava e perseguia. Este encontro foi tão marcante que o jogou por terra, tirando-lhe a vista e tornando-o dependente dos demais. Um homem que antes perseguia, maltratava e aprisionava os cristãos, agora se torna frágil e dependente, todavia não por muito tempo, mas somente para o período necessário à “transformação atômica” do seu ser. Após esse encontro, ele sentiu-se profundamente tocado, assim como os átomos que são excitados com a energia atômica. Todavia o que o tocou não foi uma energia atômica, mas algo muito mais potente e mais sublime que esta. Ele foi tocado pelo Amor! Era isso que faltava na vida dele, que era um verdadeiro seguidor da lei. Faltava o Amor, que é Jesus!
Ele sofreu uma transformação radical em contato com o Amor e a partir daquele momento não poderia mais ser o mesmo, nem estar fechado no seu mundo de judeu observante da lei e da religião judaicas, mas tinha de ir proclamar a todo o mundo, que este Amor é Jesus de Nazaré, a quem, antes, ele perseguia ferozmente.
Neste ponto entra em questão a segunda parte da definição de conversão. Após a conversão não se pode ficar estático, mas se deve ter “manifestações físicas” e “emissões de raios X característicos”. Isso aconteceu com Paulo, pois, após sua conversão ao Amor, ele se tornou o apóstolo de todas as gentes.
Portanto, a Festa da Conversão de São Paulo pode levá-lo a dois questionamentos fundamentais para as práticas cristãs: Você já recebeu Jesus, que é Amor, e fez sua experiência pessoal com Ele? Ou vive no seguimento de leis e estatutos, que por si só não têm vida?

Paulo viveu há aproximadamente dois mil anos aqui na Terra Santa, mas, hoje, o encontro com Jesus pode acontecer com você, aí onde você está agora. Basta estar atento à voz do Deus-Amor e aceitá-Lo.


sábado, 24 de janeiro de 2015

JOSELEITOS REUNIDOS EM RETIRO E CAPÍTULO GERAL

De 26  a 29 de janeiro, os Joseleitos de Cristo de todas as partes do Brasil, estarão reunidos para o Retiro anual. O Orientador será D. Julio Endi Akamine, SAC, Bispo Auxiliar de São Paulo. 



Nos dias 30 e 31 Os Joseleitos realizarão o Capítulo Geral Extraordinário, onde dentre outros temas, refletirão sobre o Diretório de Formação. 
Acompanhemos nossos irmãos com nossas orações. 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

SÃO SEBASTIÃO, ROGAI POR NÓS!

O santo de hoje nasceu em Narbonne; os pais eram oriundos de Milão, na Itália, do século terceiro. São Sebastião, desde cedo, foi muito generoso e dado ao serviço. Recebeu a graça do santo batismo e zelou por ele em relação à sua vida e à dos irmãos.
Ao entrar para o serviço no Império como soldado, tinha muita saúde no físico, na mente e, principalmente, na alma. Não demorou muito, tornou-se o primeiro capitão da guarda do Império. Esse grande homem de Deus ficou conhecido por muitos cristãos, pois, sem que as autoridades soubessem – nesse tempo, no Império de Diocleciano, a Igreja e os cristãos eram duramente perseguidos –, porque o imperador adorava os deuses. Enquanto os cristãos não adoravam as coisas, mas as três Pessoas da Santíssima Trindade.
Esse mistério o levava a consolar os cristãos que eram presos de maneira secreta, mas muito sábia; uma evangelização eficaz pelo testemunho que não podia ser explícito.
São Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão e também como apóstolo dos confessores, daqueles que eram presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida. O coração de São Sebastião tinha esse desejo: tornar-se mártir. E um apóstata denunciou-o para o Império e lá estava ele, diante do imperador, que estava muito decepcionado com ele por se sentir traído. Mas esse santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado pelo Espírito Santo, que o melhor que ele fazia para o Império era esse serviço; denunciando o paganismo e a injustiça.
São Sebastião, defensor da verdade no amor apaixonado a Deus. O imperador, com o coração fechado, mandou prendê-lo num tronco e muitas flechadas sobre ele foram lançadas até o ponto de pensarem que estava morto. Mas uma mulher, esposa de um mártir, o conhecia, aproximou-se dele e percebeu que ele estava ainda vivo por graça. Ela cuidou das feridas dele. Ao recobrar sua saúde depois de um tempo, apresentou-se novamente para o imperador, pois queria o seu bem e o bem de todo o Império. Evangelizou, testemunhou, mas, dessa vez, no ano de 288 foi duramente martirizado.

São Sebastião, rogai por nós!

domingo, 18 de janeiro de 2015

PALAVRA DE DEUS NO DOMINGO

Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,35-42


Naquele tempo:
35João estava de novo com dois de seus discípulos
36e, vendo Jesus passar, disse:
'Eis o Cordeiro de Deus!'
37Ouvindo essas palavras,
os dois discípulos seguiram Jesus.
38Voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo,
Jesus perguntou:
'O que estais procurando?'
Eles disseram:
'Rabi (que quer dizer: Mestre), onde moras?'
39Jesus respondeu: 'Vinde ver'.
Foram pois ver onde ele morava
e, nesse dia, permaneceram com ele.
Era por volta das quatro da tarde.
40André, irmão de Simão Pedro,
era um dos dois que ouviram as palavras de João
e seguiram Jesus.
41Ele foi encontrar primeiro seu irmão Simão
e lhe disse: 'Encontramos o Messias
(que quer dizer: Cristo)'.
42Então André conduziu Simão a Jesus.
Jesus olhou bem para ele e disse:
'Tu és Simão, filho de João;
tu serás chamado Cefas' (que quer dizer: Pedra).
Palavra da Salvação.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

TEMPO COMUM

“Tempo comum”, “Tempo ordinário” ou “Tempo durante o ano” são três designações para o período de cerca de dois terços de todo o ano litúrgico (33 ou 34 semanas) e que tem como característica própria celebrar o mistério de Cristo na sua globalidade, em vez de se centrar numa dimensão desse mesmo mistério de Cristo.
As Normas apresentam este tempo litúrgico do seguinte modo (NGALC, n. 43-44):
Além dos tempos referidos, que têm características próprias, há ainda trinta e três ou trinta e quatro semanas no ciclo do ano, que são destinadas não a celebrar um aspecto particular do mistério de Cristo, mas o próprio mistério de Cristo na sua globalidade, especialmente nos domingos. Este período é denominado Tempo Comum.
O Tempo Comum começa na segunda-feira a seguir ao domingo que ocorre depois do dia 6 de Janeiro e prolonga-se até à terça-feira antes da Quaresma inclusive; retoma-se na segunda-feira a seguir ao Domingo do Pentecostes e termina antes das Vésperas I do Domingo I do Advento. Para os domingos e os dias feriais deste tempo há uma série de formulários próprios, que se encontram no Missal e na Liturgia das Horas.

A grande dificuldade em perceber o que é específico do tempo comum está na oposição que estabelecemos com os restantes “tempos” do ano litúrgico. Como chamamos “tempos fortes” ao ciclo do Natal (Advento e Tempo do Natal) e da Páscoa (Quaresma, Tríduo Pascal e Tempo Pascal), tendemos a considerar o Tempo comum como um “tempo fraco”, por oposição aos outros ciclos. O ciclo do Natal e da Páscoa concentram-se numa dimensão do mistério de Cristo, o que lhes dá uma fisionomia própria e facilmente identificável. Mas isso não significa que o Tempo comum não tenha também identidade própria ou se defina apenas pela negativa: o período que não pertence aos dois ciclos celebrativos ditos “fortes”. Num certo sentido, também o Tempo comum é um “tempo forte”, destinado a aprofundar a presença de Cristo na existência cristã. Sem este Tempo comum, as nossas celebrações do ano litúrgico perderiam unidade, pois limitar-se-iam a considerar momentos episódicos da vida de Cristo e do seu mistério, sem contudo os integrar no conjunto da sua existência e, por isso, sem impregnar toda a nossa existência cristã. Além disso, importa ter presente que a semana “comum” ou “ordinária” nasceu, na Igreja, antes de qualquer um dos “tempos fortes”.

O novo Calendário enumera estes domingos de I a XXXIV, designando-os “per annum”. Já quanto aos dias feriais, não têm formulários próprios: usam-se os do Domingo correspondente. Contudo, o Leccionário apresenta leituras específicas para todos os dias feriais.

O que caracteriza este longo tempo litúrgico é a celebração do mistério de Cristo “na sua globalidade, especialmente nos Domingos” (Normas Gerais do Ano Litúrgico e do Calendário, n. 43). Esta globalidade significa que a manifestação do Senhor não se celebra exclusivamente no ciclo natalício, mas continua no Tempo comum; significa que a Páscoa não se celebra apenas no ciclo próprio, mas que ilumina toda a existência cristã ao longo do ano; significa que toda a vida de Cristo, com a salvação que traz e torna presente, acompanha a vivência cristã de todo o ano litúrgico.

É na celebração do Domingo, Dia do Senhor e “Páscoa semanal”, que o Tempo comum encontra o seu centro significativo. Ora, os Domingos do Tempo comum são aqueles que se podem considerar os Domingos no seu estado mais puro: Páscoa semanal e primeiro dia da semana, que dá sentido à vivência de toda a semana. Por isso, as orações da celebração eucarística, ao longo da semana, são as do Domingo.

Ao nível das leituras bíblicas, o Tempo comum tem também características próprias. O Evangelho, a mais importante das leituras bíblicas, é lido de forma semi-contínua. Deste modo, apresenta-nos a vida de Jesus e as suas palavras, não apenas nos grandes momentos, mas também na normalidade quotidiana dos seus gestos e dos seus ensinamentos. Os textos evangélicos aparecem-nos, assim, como a grande escola dos discípulos de Cristo, dos cristãos, que acompanham o Mestre e O escutam no dia a dia; que procuram configurar as suas vidas com a do próprio Cristo. O Tempo comum é tempo de amadurecimento da vivência da fé, até ao momento culminante da solenidade de Cristo Rei.



Solenidades e festas do Senhor no Tempo Comum


A Liturgia celebra o mistério de Cristo na sua totalidade, ao longo do ano litúrgico. Celebra os momentos da história da salvação, a partir do mistério de Cristo. Os acontecimentos da vida de Jesus não aparecem como momentos isolados: é sempre a totalidade da obra da redenção que é celebrada. Contudo, desde o período medieval que entraram na Liturgia as chamadas festas devocionais ou de “ideias”. O Missal actual, no final do Próprio do Tempo, apresentam uma série de solenidades do Senhor no Tempo per annum: Santíssima Trindade, Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, Sagrado Coração de Jesus, Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Nenhuma destas celebrações se centra em algum aspecto do mistério de Cristo que não esteja já presente em outras celebrações do ano litúrgico. A nível teológico, são “duplicados”, que sublinham sempre aspectos do único mistério de Cristo já presentes noutros momentos do ano. Todas estas solenidades nasceram no segundo milénio cristão.

domingo, 11 de janeiro de 2015

BATISMO DE JESUS

Com a Festa do Batismo de Jesus concluímos o tempo do Natal. A reflexão sobre o Mistério da Encarnação continua. É uma ótima oportunidade para examinarmos a nossa própria vida batismal hoje e a ação eclesial para o trabalho de iniciação cristã pedida pela Igreja para educar e evangelizar os novos cristãos.

O Batismo de Jesus, por João, no rio Jordão, é um evento que nos mostra com intensidade como o Salvador quis solidarizar-se com o gênero humano, imerso no pecado. João chamava à penitência e administrava um batismo de conversão. No entanto, Jesus, o Cordeiro sem mancha, que veio tirar o pecado do mundo, submete-se ao batismo de João. É um momento de Epifania, quando a Trindade se manifesta e aparece claramente a missão do Filho que deve ser escutado.
Podemos contemplar, pois, no episódio do batismo do Senhor, aquela condescendência divina que faz com que Deus assuma tudo o que é próprio da nossa frágil condição humana. Jesus não teve pecado, mas, num gesto de solidariedade para com toda a humanidade, assumiu o que decorre do nosso pecado, desde o batismo dos pecadores até a morte ignominiosa da cruz.
A condescendência divina, manifestada de forma tão pungente na vida, as atitudes e as palavras de Jesus, nos estimulam a amar com todas as nossas forças a Deus que tanto nos ama e a nos tornar mais compassivos e condescendentes para com todos aqueles que, de uma ou de outra maneira, sofrem e precisam de nossa solidariedade. A contemplação da caridade divina deve encher nosso coração de caridade. São Paulo ensinou-nos, entre outras coisas, que a caridade é prestativa, não é orgulhosa, alegra-se com o bem, tudo crê, tudo espera, tudo desculpa.
O batismo que recebemos foi o batismo instituído por Jesus, o batismo da Nova Aliança. O batismo de João era apenas um sinal de conversão. O Batismo que Jesus confiou à Sua Igreja é um sinal eficaz, pois não só significa, mas realiza a libertação e a renovação de nosso ser, tornando-nos filhos de Deus à semelhança do único Filho. Os Padres da Igreja chegaram a dizer que Jesus desceu às águas justamente para santificá-las e transmitir-lhes aquele poder de purificação e renovação, que é exercido toda vez que a Igreja batiza em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Ao celebrarmos a Festa do Batismo do Senhor Jesus, temos diante de nós uma ocasião propícia para renovar nossas promessas batismais. Viver intensamente os compromissos de nosso batismo é o grande convite que Deus faz a cada um de nós. A graça divina jamais falta àquele que, com sinceridade de coração, procura viver segundo o homem novo, nascido da água e do Espírito. Os inúmeros santos e santas canonizados pela Igreja são um eloquente testemunho de que a força do batismo pode fazer maravilhas na pessoa e na sociedade que ajudaram a transformar segundo o desígnio de Deus.
Que a graça do batismo nos torne, na Igreja e através da Igreja, o Corpo místico do Senhor, verdadeiros discípulos-missionários de Jesus!  

Que a vida cristã desse seguidor de Cristo nos inspire a viver com entusiasmo em nossos mudados tempos a alegria do seguimento de Jesus, mesmo com as dificuldades hodiernas.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

ANO DA PAZ

Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)



Por decisão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Igreja Católica dedica o ano de 2015 à reflexão sobre a paz. A decisão teve como inspiração as várias atitudes do Papa Francisco em superar as barreiras que dividem os povos e construir laços de fraternidade. Entre estas atitudes destacamos: a realização de uma vigília pela paz na praça São Pedro no dia 7 de setembro de 2013; a oração conjunta do Papa com o presidente de Israel, a autoridade palestina e o patriarca de Constantinopla no dia 8 de junho; a oração na Mesquita de Istambul em sua viagem feita à Turquia nos dias 28 a 30 de novembro. Além dos gestos, temos vários pedidos de paz como foi o apelo feito na Turquia para que as autoridades tomem atitudes concretas contra os grupos radicais que promovem a perseguição religiosa.

A violência é uma realidade chocante. Conforme dados do Mapa da Violência tivemos, em 2012, 56 mil pessoas assassinadas no Brasil. Somando a estas as pessoas que morrem no trânsito e se suicidam, passamos de 100 mil pessoas mortas anualmente no Brasil, sem contabilizar as pessoas que são assassinadas com a prática do aborto. Poucos são os dias onde os noticiários policiais dos vales Rio Pardo e Taquari não falam de assassinatos, suicídios ou mortes em acidentes.
Além disso, sabemos que a violência nem sempre provoca a morte. Ela se manifesta em diversos meios e de diferentes formas. Se manifesta nas famílias onde casais não dialogam entre si, onde pais abandonam ou maltratam os filhos, onde filhos abandonam os pais idosos e doentes. Se manifesta no tráfico de drogas, na exploração do trabalhador, nos abusos sexuais, na discriminação de pessoas por causa da cor, idade, religião ou condição social.
Se manifesta no trânsito com a falta de respeito às leis, falta de cuidado na direção e desrespeito aos outros motoristas. E se manifesta, sobretudo, no pouco valor dado à vida humana, onde pequenas desavenças facilmente levam a atitudes radicais, como brigas e assassinatos.
Em base a esta realidade e, impulsionados pelas palavras e atitudes do nosso Papa, a Igreja no Brasil proclamou 2015 como o Ano da Paz. A abertura se deu no último dia 30 de novembro do ano passado e a conclusão será no Natal de 2015. Conforme dom Leonardo Steiner, secretário geral da CNBB, “um ano da paz pode nos ajudar a refletir sobre o porquê da violência e a necessidade da paz. Mas também busca, junto às nossas comunidades, momentos onde as pessoas possam expressar que desejam viver em harmonia e em fraternidade”.

Façamos, portanto, deste Ano da Paz, um período de reflexão, aprofundando as causas da violência e fortalecendo os laços de paz e fraternidade entre nós. Digamos não à violência e sim à paz! 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

ANO DA VIDA RELIGIOSA

O Papa Francisco anunciou EM 2014, que o ano de 2015 será dedicado à Vida Consagrada. O anúncio foi feito durante a 82ª Assembleia Geral da União dos Superiores Gerais (USG), que está sendo realizada em Roma.
Aos participantes, o Papa afirmou que a radicalidade  é pedida a todos os cristãos, mas os religiosos são chamados a seguir o Senhor de uma forma especial. “Eles são homens e mulheres que podem acordar o mundo. A vida consagrada é uma profecia”.
O encontro ocorreu nesta manhã, na Sala Sínodo, no Vaticano. Em três horas de reunião, o Pontífice respondeu às perguntas dos superiores gerais e tratou de temas referentes a Nova Evangelização.
Interrogado sobre a situação das vocações, o Papa afirmou existir Igrejas jovens que estão dando muitos frutos, e isso deve levar a repensar a inculturação do carisma. “A Igreja deve pedir perdão e olhar com muita vergonha os insucessos apostólicos por causa dos mal-entendidos neste campo, como no caso de Matteo Ricci”.
O diálogo intercultural, segundo Francisco, deve introduzir no governo de institutos religiosos pessoas de várias culturas que expressam diferentes formas de viver o carisma.
Durante o diálogo, Francisco insistiu sobre a formação, que em sua opinião, deve ser baseada em quatro pilares: espiritual, intelectual, comunitária e apostólica. “É essencial evitar todas as formas de hipocrisia e clericalismo através de um diálogo franco e aberto sobre todos os aspectos da vida”.
Francisco destacou também que a formação  é uma obra artesanal e não um trabalho de políciamento. “O objetivo é formar religiosos que tenham um coração terno e não ácido como vinagre”, alertou.
Sobre a relação das Igrejas particulares com os religiosos, o Papa disse conhecer bem os problemas e conflitos. “Nós bispos, precisamos entender que as pessoas consagradas não são um material de ajuda, mas são carismas que enriquecem as dioceses”.
Ao falar sobre os desafios da missão dos consagrados, o Pontífice destacou que as prioridades permanecem as realidades de exclusão, a preferência pelos mais pobres.  Destacou também a importância da evangelização no âmbito da educação, como nas escolas e universidades.
“Transmitir conhecimento, transmitir formas de fazer e transmitir valores. Através destes pilares se transmite a fé. O educador deve estar à altura das pessoas que educa, e interrogar-se sobre como anunciar Jesus Cristo a uma geração que está mudando”.

No final do encontro, Francisco agradeceu aos superiores gerais pelo “espírito de fé e serviço” à Igreja. “Obrigado pelo testemunho e também pelas humilhações pelas quais vocês passam”, concluiu o Papa.

domingo, 4 de janeiro de 2015

EPIFANIA DO SENHOR

Hoje celebramos a  festa da Epifania; Ela é conhecida também como a festa dos reis magos que irão representar a aceitação futura de toda mensagem de Jesus nas diversas etnias e culturas da terra. Que possamos sempre nos desacomodar e ir de encontro ao que o Senhor nos pede em relação a nós e aos nossos irmãos.
Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns magos do oriente chegaram a Jerusalém, perguntando: ‘Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo’. Ao saber disto, o rei Herodes ficou perturbado assim como toda a cidade de Jerusalém. Reunindo todos os sumos sacerdotes e os mestres da lei, perguntava-lhes onde o messias deveria nascer. Eles responderam: ‘Em Belém, na Judéia, pois assim foi escrito pelo profeta: e tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo’. Então Herodes chamou em segredos os magos e procurou saber deles cuidadosamente quando a estrela tinha aparecido. Depois os enviou a Belém, dizendo: ‘Ide e procurai obter informações exatas sobre o menino. E,
quando o encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo’. Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no oriente, ia diante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho”. (Mt 02, 01-12)

‘Onde está o Rei dos Judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo‘.
Quando fizemos uma análise do que significava a figura do rei para o povo de Israel no início da sua história, percebemos que era um líder responsável pela manutenção do povo em todos os sentidos. Infelizmente esta figura foi se deteriorando no decorrer do tempo e o mal exemplo doas outras nações, bem como a dominação romana, fez que o rei estivesse mais em busca de seu prazer do que da salvação de seu povo.
Percebemos em Herodes o homem que recebe um poder de Deus mas não sabe utilizá-lo. Fica perdido em seu egoísmo lhe levando automaticamente a sentir medo de suas próprias atitudes.
Os reis magos representam a aceitação do projeto de Deus em outros povos que com humildade reconhecem a presença de Deus na história. O povo de Israel não soube aproveitar a Aliança que Deus fez com eles. Muitas vezes temos grandes tesouros escondidos e não temos coragem de descobri-los e utilizá-los para o nosso bem
e para o bem do próximo.

Os presentes oferecidos a Jesus menino são o futuro de sua missão. O ouro representa o reinado, o incenso a sua divindade e a mirra o seu sofrimento. Quando queremos realmente fazer a vontade de Deus teremos que enfrentar a nós mesmos. Precisamos sair de nosso comodismo e relativizar nossas posições. Se Herodes fosse mais corajoso em relação a sua própria pessoa, como foram os magos, certamente iria ir de encontro ao projeto de Deus em Jesus Cristo. O comodismo pode nos levar a morte quando passamos a nos preocupar só com nossos interesses pessoais.
Quanto mais poder temos, mais responsabilidade assumimos não em favor de nós mesmos mas em relação a nossa missão. A humildade dos reis magos é muito importante para nós hoje que pensamos ser os protagonistas da história deixando Deus o nosso Criador em segundo plano.

Devemos nesta festa dos reis magos dar o verdadeiro presente a Jesus que é o nosso coração. Não podemos nos iludir com a compra e a venda do mundo moderno. O ser humano vale muito mais do que isto. Fomos criados para Deus e só nele poderemos encontrar a razão de nossa vida.


sábado, 3 de janeiro de 2015

SANTÍSSIMO NOME DE JESUS

Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o Nome que está acima de todos os nomes, para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor” (Fil 2, 9-11).
A Igreja celebra oito dias após o Natal, em 2 janeiro, de acordo com o “Diretório da Liturgia” da CNBB, a festa do Santíssimo Nome de Jesus; porque oito dias depois de seu Nascimento, São José O circuncidou e lhe colocou o nome de Jesus, conforme o Anjo tinha dito à Virgem Maria:
“O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus” (Lc 1, 30-31).
E assim foi cumprido conforme a Lei de Moisés: “Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o Nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno” (Lc 2, 21).
O Santíssimo Nome de Jesus foi dado pelo céu; tanto assim que o Arcanjo Gabriel o confirma em sonho a São José: “Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1, 20-21). Cabia ao pai dar o nome para o filho no costume judaico.
E o Anjo deixou bem claro a José a razão deste nome: “porque ele salvará o seu povo de seus pecados”. A palavra “Jesus”, em hebraico, quer dizer: “Deus Salva” ou “Salvador”.
No momento da Anunciação, o anjo Gabriel dá-lhe como nome próprio o nome de Jesus, que exprime ao mesmo tempo Sua identidade e missão. Uma vez que “só Deus pode perdoar os pecados” (Mc 2,7), é Ele que, em Jesus, seu Filho eterno feito homem, “salvará seu povo dos pecados” (Mt 1,21). Em Jesus, portanto, Deus recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens. “O Filho do Homem tem poder de perdoar pecados na terra” (Mc 2, 10). Ele pode dizer ao pecador: “Teus pecados estão perdoados” (Mc 2,5). E o Senhor transmite esse poder aos homens – os Apóstolos – (Jo 20,21-23) para que o exerçam em seu Nome.
A Ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois a partir de agora é o nome de Jesus que manifesta em plenitude o poder supremo do “nome acima de todo nome”. Os espíritos maus temem Seu nome, e é em nome d’Ele que os discípulos de Jesus operam milagres, pois tudo o que pedem ao Pai em Seu nome o Pai lhes concede. É no nome de Jesus que os enfermos são curados, é em Seu nome que os mortos ressuscitam, os coxos andam, os surdos ouvem, os leprosos ficam curados… Esse nome bendito tem poder!
Depois que o pecado atingiu a humanidade, somente o Nome do Deus Redentor pode salvar o homem. E este nome é Jesus. É pelo Nome de Jesus que os Apóstolos operaram maravilhas, pois Ele lhes tinha dito: “Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu Nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mc 16,17-18). Portanto, o Nome Santo de Jesus tem poder e deve ser invocado com respeito, veneração e fé.
Após o milagre do aleijado na porta do Templo, os fariseus e doutores da lei quiseram impedir os Apóstolos de pregar em Nome de Jesus: “Todavia, para que esta notícia não se divulgue mais entre o povo, proibamos com ameaças, que no futuro falem a alguém nesse Nome. Chamaram-nos e ordenaram-lhes que absolutamente não falassem nem ensinassem em nome de Jesus” (At 4, 17-18).
Mas eles se negam a deixar de pronunciar este santo Nome, porque sabem que não há salvação em nenhum outro: “Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4, 11-12).
O nome de Jesus significa também que o próprio nome de Deus está presente na Pessoa de seu Filho feito homem para a redenção universal e definitiva dos pecados. É o único Nome divino que traz a salvação e a partir de agora pode ser invocado por todos, pois se uniu a todos os homens pela Encarnação.
O nome do Deus Salvador era invocado uma só vez por ano pelo sumo sacerdote para a expiação dos pecados de Israel, depois dele aspergir o propiciatório do Santo dos Santos com o sangue do sacrifício. O propiciatório era o lugar da presença de Deus. Quando São Paulo diz de Jesus que “Deus o destinou como instrumento de propiciação, por seu próprio Sangue” (Rm 3,25), quer afirmar que na humanidade deste último “era Deus que em Cristo reconciliava consigo o mundo” (2Cor 5,19).
O Nome de Jesus está no cerne da oração cristã. Todas as orações litúrgicas são concluídas pela fórmula “por Nosso Senhor Jesus Cristo…”. A “Ave-Maria” culmina no: “e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”. O nome de Jesus está no centro da Ave-Maria; o Rosário é centrado no Nome de Jesus, por isso tem poder.
A oração oriental denominada “oração a Jesus” diz: “Jesus Cristo, Filho de Deus Vivo, Senhor, tem piedade de mim, pecador”. Numerosos cristãos, como Santa Joana d’Arc, morreram tendo nos lábios apenas o nome de Jesus.
Que nós possamos também hoje e sempre pronunciar com fé e devoção este nome doce e santo, que tem poder, como aquele cego de Jericó, que clamou com fé e ficou curado: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”




quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

MARIA, MÃE DE DEUS

Hoje é a Oitava do Santo Natal, Primeiro do Ano. Nesta Eucaristia, é necessário que tenhamos em vista alguns aspectos importantes.

     Primeiro. No Oriente, era costume, no dia seguinte ao parto, cumprimentar uma mulher que houvesse dado à luz. Por isso, nossos irmãos orientais, desde o século IV, no dia seguinte ao Natal, celebram a Festa da Congratulação da Mãe de Deus – uma homenagem, um parabém Àquela que deu à luz o Salvador. No Ocidente, a congratulação da Virgem é hoje, oito dias após o santo Natal. A Igreja, com os pastores, vai ao encontro do Menino e o encontra com sua Mãe; e proclama que este Menino é o Deus verdadeiro. Ele não é somente a criancinha frágil; mas o Deus forte, feito pequeno por nós! Por isso, o povo de Deus saúda, hoje, a Virgem, com o título antiqüíssimo de Mãe de Deus, isto é, Mãe de Deus Filho! “Bendita sejais, Virgem Maria! Trouxestes no ventre quem fez o universo! Vós destes à luz a quem vos criou e permaneceis Virgem para sempre!” Este Menino, o Deus verdadeiro, fez-se realmente um de nós, nascido realmente de uma Virgem. Ele não é a mãe de Deus Pai - isto seria uma blasfêmia! Também não é mãe do Espírito Santo - isto seria loucura! Não se pode tampouco dizer que ela é mãe da natureza divina - isto seria heresia! O que a Igreja crê, professa, testemunha e ensina com todo acerto e toda piedade é que a sempre Virgem Maria é Mãe santíssima do Deus Filho feito homem! Tudo quanto o Filho é na sua humanidade, ele o recebeu de Maria! O Filho não somente nasceu através de Maria, mas de Maria!
     Mais ainda: os Orientais gostam de invocar Jesus exclamando: Deus nascido da Virgem, salvai-nos! Estejamos atentos! Não somente Deus concebido de Maria, a Virgem, mas também Deus nascido de modo inefável, miraculoso, misterioso, da Virgem: Deus nascido da Virgem! Admirada com um nascimento assim, tão divino, tão único, a Igreja exclama: “Como a sarça, que Moisés viu arder sem se consumir, assim intacta é a vossa admirável virgindade. Virgem Maria, Mãe de Deus, por nós intercedei”. Deste modo, a Solenidade de hoje nos recorda não somente que a Virgem é verdadeiramente Mãe de Deus, mas que ela é sempre virgem: antes, durante e depois do parto! O Cristo nosso Deus não somente foi concebido da Virgem Maria, mas o Credo diz que ele nasceu da Virgem Maria! Nasceu sem destruir a virgindade da Mãe! Para o nosso mundo atual, que supervaloriza o sexo e faz com que os jovens tenham até mesmo vergonha de admitir que são virgens, proclamar a virgindade perpétua de Maria, recorda-nos que a castidade é uma preciosa e cara virtude cristã e a virgindade deve ser vista por nós como um valor e um ideal a ser buscado! Em Maria, a Virgem, o permanecer na virgindade exprime que ela sempre foi toda de Deus, absolutamente de Deus, em corpo e alma, em todo o seu ser, de modo constante e absoluto!
             Não é por acaso que, segundo o Evangelho de São Mateus, os magos encontraram o Menino com Maria, sua Mãe (cf. 2,11). É assim que Aquele que nos nasceu é sempre encontrado, pois o Deus que de nada necessita, contou com o “sim” da Virgem e dela, como de uma terra nova e virgem, gerou segundo a natureza humana o seu Filho para nossa salvação. É este mistério que a Igreja hoje celebra: este Menino é o Deus verdadeiro e sua Mãe faz parte do plano da salvação, pois “quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma Mulher... a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei”. Na nossa salvação, esteve, está e estará sempre presente a Mulher, a Virgem Maria. Alegremo-nos, portanto, com a Virgem Maria e, com toda Igreja, digamos: “Virgem Santa e Imaculada, eu não sei com que louvores poderei engrandecer-vos! Pois Aquele a quem os céus não puderam abranger, repousou em vosso seio. Sois bendita entre as mulheres e bendito é o fruto que nasceu do vosso ventre!” 
            Há um segundo aspecto deste hoje. O Primeiro do ano e dia da confraternização universal, início do ano civil. A pedido do Papa Paulo VI, a ONU transformou esta data em dia festivo para todas as nações. É dia da paz, dia da confraternização entre os povos, nações, culturas... Ora, nós cristãos sabemos que a paz não é uma idéia, um sonho, um desejo; a paz é uma pessoa. São Leão Magno dizia, no século V: “O Natal do Senhor é o Natal da Paz. Cristo é a nossa paz!” Não foi a respeito dele que o profeta afirmou: “Ele será chamado Admirável, Deus, Príncipe da Paz, Pai do mundo novo”? (Is 9,2-6) Não foi ele mesmo quem disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos sou; não vo-la dou como o mundo a dá?” (Jo 14,27). Que tenhamos cada vez mais sólida esta convicção: a paz que almejamos, a paz tão sonhada, a paz para o mundo e para a nossa vida, somente no Cristo poderá ser encontrada de modo definitivo e pleno! Nele, nem as tristezas, nem as desilusões, nem as angústias, nem as provações, poderão nos fazer perder a paz! Cristo, nossa Paz! 

            Finalmente, hoje, também, é dia da circuncisão do Menino. Como descendente de Abraão, ele foi circuncidado, passando a fazer parte do Povo da antiga Aliança, e recebeu o nome de Jesus, isto é, Deus salva! Que nome belo, que nome eloqüente, que nome bendito a nos encher de certa esperança para os dias de 2004 que chegou! Jesus, nome acima de todo nome, único nome no qual podemos encontrar salvação no céu e na terra. Jesus, doce lembrança do nosso coração, doce alívio nas dores, forte certeza nos momentos difíceis. Jesus, amigo certo de todas as horas, única certeza e apoio de nossa existência! Por isso mesmo, a primeira leitura da Missa de hoje, faz-nos ouvir a bênção de Aarão, que, por três vezes, invoca o nome do Senhor sobre o povo! Para os cristãos, o Senhor é Jesus, e não há outro! Pois é neste nome bendito que todos e cada um queremos iniciar o novo ano civil: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu olhar e te dê a paz!” Que o Cristo Jesus, Príncipe da Paz, esteja  conosco no novo ano e sempre. Amém.